domingo, 11 de dezembro de 2016

Amiúde

Eu sou meio ao avesso,
Às vezes fico pensando,
Se realmente lhe mereço,
Me perguntando o sou,
Mas aí você me vem,
Com um abraço forte,
Me alegrando amiúde.

E aí eu me pego,
Com saudade do futuro,
Que você sonhou,
Naquela alegria,
Em que seu sorriso,
Era tão seguro,
Por um simples motivo.

Você desejou por dois,
Pensou que nosso agora,
Melhoraria logo depois,
Isso me fez querer ficar,
Sequer cogitar ir embora,
Mesmo nas nossas brigas.

Gosto desse seu jeito,
De ficar me olhando,
Como se lesse meu peito,
Sabendo tudo o que sou,
Como me fazer bem,
Como me ser uma sorte,
Numa rotina amiúde.

E aí me pego,
Com vontade do passado
Que você me mostrou,
Naquela fotografia,
Em que seu sorriso,
Era tão apaixonado,
Apenas por estar vivo.

Por isso rogo-lhe sorrisos,
Pra que você lembre o quanto,
Vou lutar pela sua alegria,
Porque você já o tanto,
De felicidade sem aviso,
Que inunda meu dia-a-dia.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

Guardar o Véu

Chega mais juntinho,
Já é hora de se apertar,
Você nem vai acreditar,
Quando souber da novidade.

Não sei qual cor pintar,
Amo azul, mas pode ser rosa,
Aquele quarto sala de estar,
Será lar de surpresa maravilhosa.

Tu todo dia, que é meu bem,
Plantou em mim e o melhor já vem,
Sim virá e este será, se pá,
O primeiro de muitos, sei lá.

Já consigo ver, sorriso em você,
Beijando meu ventre, nosso bebê,
Obrigado pelo que me deu,
Por esse ser que tem de você e eu.

Sei que nosso apê,
Se aperta entre a rotina,
Que menino ou menina,
Vai mudar nossas vidas,
Mas é um sonho antigo né?
E no amor botamos fé.

A cerimônia vai atrasar,
Posso até vender o anel,
Se a gente precisar,
Vou até guardar o véu,
Porque sei bem do nosso amar,
Não preciso de titulo pra justificar.

Então chega logo,
É o único desejo que lhe rogo,
Vem nos abraçar,
Ver mais um sonho realizar.

quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Hóspede

Fale comigo sobre o tédio, tenho manias de grandeza, mas a verdade é que meu dilema é médio; lembra quando contei na mesa de bar sobre um medo torpe que, posteriormente, lhe segredei perceber ser inédito, até então? É que as minhas inseguranças surgem em problemas banais e as questões que, supostamente deveriam me afligir como cidadão, são ignoradas pela casualidade de consequências minhas. Talvez por isso que eu viva repetindo a ladainha de dizer a felicidade é minha hóspede quando faço das sexta-feiras incríveis com apenas boas companhias.

Comparando com o aleatório, tenho mais chances de encontrar um padrão pra felicidade que resolvi chamar de nossa. Não vamos seguir o comum, porém também não vamos negar o que já existe. Gosto da ideia que a fórmula boa pra gente já está por aí, basta só que estabeleçamo-la com pitadas de nossa pessoalidade. Logo, não precisa se preocupar se não vai dar tempo de cumprir aquela promessa, ou se não vamos poder ir àquela festa. Nós podemos sair, sem rumo, pra derrubar ou só apreciar umas cervejas, quiçá tragar em pigarros alguns odiosos cigarros; as obrigações que tenho na vida já se esvaíram aos meus vinte e poucos e sim, sei como meu discurso soa louco, mas já que a vida é só uma, faz todo sentido que o manual de instruções seja complexo de decifrar, ainda bem então que você chegou pra me ajudar.
Judiação é quando você, não sei com qual intenção, vem pra me beijar por eu soar como velho. Sim, eu lembro que, apesar de não ter validade, nosso tempo é íntimo da celeridade e apesar da sabedoria popular, não pretendo tentar aprisionar a felicidade que, ultimamente, parece ter nutrido gosto em nos visitar, até porque ela bem sabe que tem seu quarto de hóspede nos sorrisos que partilhamos quando, em silêncio, apenas nos encaramos.

Caricato é o destino que pintam pra contemporaneidade, pois se existe um mapa para nos direcionar, tenho de pedir desculpas, já que, em algum lugar no passado, eu o troquei por um conversar. Então, por favor, não se preocupe com as confluências da vida, visto que entre a maré do certo e errado, podemos sempre pegar a estrada, não importa o que vão dizer, tudo está bem, enquanto sorrisos forem o que nos motiva a ir além.

quinta-feira, 24 de novembro de 2016

Vendado

Seu abraço ainda é tão brilhante como foi o primeiro, mesmo entre edredons, mesmo quando, de olhos fechados, não dá ver nenhum dos tons, quando seu toque já me é tão bom, que minha felicidade é você por perto com. Um beijo farejando meu pescoço, entre um ronronar sonolento, dentro de conversas entre sonhos extasiados. Sim, minhas pálpebras fazem dos meus olhos vendados, mas eu sei, que ao meu lado, seu coração está brilhado em sorrisos, me enobrecendo em sentimentos que achei que não geminariam mais, fazendo me regar planos tortos.

Tortura é, no meio de tantas encruzilhadas, nos momentos comuns da vida, perdido ao redor de vários rostos quaisquer, lembrar daquele seu olhar pós um gole de café e não poder estar por perto pra lhe fazer um pouco de cafuné. Não temos a eternidade, é bem verdade, mas temos tudo que couber nesse meio e, pra mim, hoje, esse é meu melhor anseio.

Ansioso eu fico, sempre que vou lhe ver, pode não parecer, posso não transparecer, afinal me criei pra transbordar confiança, porém sempre que sei que você vai chegar, me sinto como quando ainda era criança e não sabia o que fazer pra agradar aqueles que me faziam bem; questiono-me se estou aprazível o suficiente, se coloquei o perfume que você fareja como se fosse um presente, porque fazer de cada momento nosso especial, faz-me ter certeza que ainda lhe sou uma dose de alegria num dia casual, fazendo mudar toda a perspectiva que nos ensinaram que a vida se divide entre momentos horríveis e miseráveis; e é apenas isso que quero ser: o seu motivo pra relaxar e esquecer, de qualquer tensão que vier a lhe entristecer.

Teço assim, talvez por ser louco, entre nossos momentos poucos, linhas de carinhos, porque nosso caminho é feito simples assim: você sorrindo, entre beijos e abraços; entre sorrisos e amaços; entre conversas soltas e amarradas, um bom emaranhado, uma costura que posso fazer de olhos vendados, desde que você se mantenha brilhando ao meu lado.

quarta-feira, 16 de novembro de 2016

de Olinda

Por favor, não me dê esse olhar,
Nem pense em falar o que não se diz,
Quando se vive como se deseja,
Relacionamentos ficam por um triz,

Do Antigo pras ladeiras de Olinda,
São poucos quilômetros de muita folia,
Enquanto amores vão e se vem,
Estamos no paraíso por quatro dias.

Numa maratona sem descanso,
Não dá pra lembrar do que já existe,
O verão se despede sem perdão,
Sim, eu acredito no amor.
E você me diz pra não me preocupar,
Que permaneço no seu coração,
Antes da páscoa vamos conversar,
Perfeito, na páscoa vamos conversar.

Estou de acordo, melhor curtir o agora,
Pego carona no primeiro frevo,
Com um sorriso no rosto,
Engulo axé com gosto,
É Pernambuco, sou de fevereiro.

Não tem como não ficar feliz,
Sentimentos podem esperar,
Tem tanta troça pra seguir,
Não me preocupo com o que virá.

E eu saberei que estou certo,
Fantasiado, aproveitando o calor,
Vou frevar em pontes e ladeiras,
Pois esse que é meu grande amor.

Isso se eu não lhe encontrar,
Do antigo para as ladeiras de Olinda,
Recife ainda é um ovo social,
E ainda vou sorrir com seu beijo,
Perdidos se esbarram no carnaval.

domingo, 13 de novembro de 2016

Antes do Sol Chegar

Antes de você, nunca me entreguei completamente ao amor. É que, por mais errôneo que isso possa soar, sempre existiu a possibilidade de um futuro diferente e, também, era a melhor forma de proteger meu coração, ou parte dele. Provavelmente temi, a vida toda, de errar onde meus pais erraram. Acho que foi esse medo que me levou até seu encontro: tinha de me aventurar, após me ver livre de um relacionamento que, até então, tinha suposto estar vivendo..

Suponha que eu não tivesse te encontrado, imagina se não tivéssemos conversado? Pensa só como seria se você tivesse se negado a me acompanhar, ou a me beijar? Faça de conta que nunca nos vimos; que nunca trocamos palavras, que eu segui à deriva entre inspirações sépias pros meus tantos textos que já havia escritos, aqueles todos que não despertam nada em mim quando os releio; Por favor, finja que tudo que passamos, juntos, nunca aconteceu, que não lembra de nenhum dos nossos tantos diálogos, sobre os mais variados assuntos... Preciso acreditar nisso, pois é a única forma de aliviar minha saudade de você; de sanar a culpa que sinto por não ter conseguido nenhum contato até àquele dia; por ter deixado que nos tornássemos mais normais do que nosso amor merecia.
À mercê do destino, nosso amor se fez assim, tão bom de assistir. Cada episódio é tão rico que nunca bastante o prazo que nos dão. Antes do amanhecer eu quis lhe conhecer; antes do pôr-do-sol não consegui lhe esquecer; antes da meia-noite não posso lhe perder. É que a vida é difusa e dinâmica, por mais problematizada que seja e, ainda assim. vai ser boa de ser vivida, então que bom que foi pra você, a quem me entreguei antes de perceber, antes do sol chegar.

quarta-feira, 9 de novembro de 2016

Bossa

Não fique triste,
Também não tenha esperanças,
Não sei porque você persiste,
Sou feliz como estou,
E você já me é uma boa lembrança.

Por mais sincero que eu seja,
Você ouve o que quer ouvir,
E eles veem como quiserem ver,
Não importa se chorar ou sorrir,
Desde que num rótulo esteja,
Você será só mais um haver.

Um aceno com a cabeça,
Pois não sou bom com apertos de mão,
Talvez você se esqueça,
Quão estranho ainda sou,
Tanto de mente como de coração.

Perdoe aqueles arrependidos,
A vida só se vive uma vez,
Independente do mal que lhe fez,
Deixar pra lá é tão mais divertido.

Sim, sou um idiota ou um otimista,
Mas nessa realidade ser o são,
É esterilizar um chauvinista,
Melhor então pertencer a outra dimensão,
Uma que seja só nossa,
Onde toda nova terá de ser bossa.

segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Repetir o Ato

É bom mesa de bar,
Porque toda beira,
Acaba por ser surpresa,
E tem lá sua beleza,
Em qualquer papear.

Todo encontro de dois,
Gera algo de há depois,
Toda dose que é forte,
Às vezes é doce de sorte.

Eu deixo tudo assim,
Sigo vivendo com fé,
Porque há algo em mim,
Dizendo pra ser de sorrir.

É bom se espreguiçar,
Porque todo dia de feira,
Nos faz ter certeza,
Que há sim certa beleza,
Num bom papear.

Se é a vida quem me carrega,
É sorriso bom que me rega,
E o seu me fez tão grato,
Que desejo repetir o ato,
De lhe ter nos meus braços.

quinta-feira, 27 de outubro de 2016

Enredo

Você nunca me contou os detalhes do seu enredo passado, mas tenho certeza que foi mais uma dessas histórias piegas que todo mundo tem por aí. Provavelmente, foi abandonada a própria sorte e, aparentemente, os dias de cicatrização passaram muito devagar, sem nada novo por mostrar.

Demonstrei, aos poucos, porque, apesar de já ter vivido tão mais, que estava disposto a deixar tudo isso pra trás. O problema é que estamos sempre em constante mudança, sempre crescendo, evoluindo e modificando nossa vontade pelo destino, esquecendo de reparar os princípios que nos tornaram o que somos; deixando que as nossas estruturas se corrompam e que nos tornemos um alguém que, em outrora, nunca imaginamos ser capaz de ser.

Seria muito pedir pra você fechar os olhos e confiar em mim? É que se você o fizer, vai perceber que nada mudou; é como se já estivéssemos aqui antes, com outros pares, em outros cenários, mas com o mesmo enredo.
Numa rede de repetições, nos envolvemos em ciclos viciosos que a sociedade moderna, tão líquida, tão efêmera, insiste em doutrinar como o único caminho certo pra felicidade. Só que, por eu ser um claro anarquista, questionei não só as imposições que me foram delegadas, como também as suas também, àquelas que já nem lhe incomodavam mais, derrubando assim, alguns dos vícios que não gostamos de abrir mão, seja por comodidade, ou simplesmente por arrefecer nossa falta de certezas sobre a vida.

Certo é que não há um jeito fácil de começar, tampouco há um de terminar. Somos o que tivermos de ser, por isso me incomoda tanto esse seu jeito de temer o que tiver de nos acontecer. Nosso enredo está aí pra quem quiser ver; a gente já está vivenciando, independente do que o futuro vier a nos remeter e isso é o que, hoje, faz meu sorriso se estender.

sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Esvai

Já são três da manhã? Não lembro de nada depois do copo, sal e limão. Meu passo não é firme, tenho de me apoiar no corrimão, sei bem onde estou, mas não é exatamente onde gostaria de estar. Queria poder lhe ligar, mas, provavelmente, você está dormindo, ou pior, coisa que nem quero pensar, está por aí, sorrindo. Queria tanto o seu sorriso, seu abraço, você cheirando meu cangote, mordendo minha nuca, por que tenho de aprender a ficar sozinha novamente?

O novo deveria ser a solução, entretanto, não foi a escolha do meu coração; já sabemos quem você é e, apesar de não agir de má fé, não tem como fingirmos que vou acabar bem. É que eu sou dessas, sou de querer o além, logo tenho de admitir que estou com saudades, porém, com poucos resquícios de sobriedade, sei que estou melhor por aqui, só comigo mesma.

A mesmice do meu amanhã - ou devo chamar de hoje? - é o que me entristece, pois você não sabe, mas enquanto me esquece, eu fico entre edredons, olhando pro lugar onde você costumava a ficar deitado, quando eu lhe indaguei o porquê de você me querer ao seu lado; pensando o que posso fazer da minha vida... Não é culpa sua, eu que tenho essa ansiedade de alma sofrida, de não querer ficar só, de viver tentando me atar nos outros com um nó. Só que eu também sei quando não é pra ser e mesmo sendo tão bom cada momento com você, a gente não vai prevalecer.
Ainda é em você que eu penso; é o sabor do seu beijo que me norteia entre os outros gostos que vou provando; é a sua pegada que me eriça e são as noites que ficamos juntos - aquelas que tentamos em vão esgotar os mais randômicos assuntos, esses tantos que me ainda me fazem, infelizmente, se apegar a um acreditar que a nossa súbita sintonia não é, realmente, um sinal de destinada parceria - que fazem minha vontade de me arriscar passar.

Passeio em vão, com pensamentos que a lugar nenhum vão. Quero mudar a necessidade de lhe querer e é assim que vai ser, vou me esforçar pra ignorar suas mensagens, vai ver você some de vez, ou quem sabe vem com vontade de ficar. Não há muito o que pensar, só fica ou vai, transborda ou se esvai.

domingo, 9 de outubro de 2016

Falsa Concórdia

Outra noite na nossa cama,
A lua brilhante não está a vista,
Ao meu lado você finge dormir,
Sem querer me dar nenhuma pista,
Da ruína que parece estar  por vir.

O que você está pensando?
Foi algo que falei?
É algo que eu não sei?
Sim, você vive no passado,
Mas eu estou aqui, tentando,
Corrigindo o que tiver de errado.

Você me diz que está tudo bem,
Estou ficando louco?
É que quando seu tom é rouco,
Dá pra notar a bílis no seu sorrir,
E você pode até tentar mentir.
Mas não pode negar nosso amor..

Quando seus olhos estão fechados,
Me diga o que você vê,
Tem algo importante pra me dizer?
Ou são só planos frustrados?

Nos mimos de sua misericórdia,
Me pego mendigando carinho,
Pois sua falsa concórdia,
Ainda é melhor que seguir sozinho.

Sei que me sobra comodismo,
Todavia, quando se trata de sentimento,
Não ouse negar o que existe,
Você pode estar triste,
E eu temo por esse grande abismo,
Que só cresce no nosso relacionamento.

E mesmo com tanta dificuldade,
Ainda quero buscar a felicidade,
Porque foi ao seu lado,
Que tive meus sonhos realizados,
Então porque não dá mais uma chance?
Dias bons ainda estão ao nosso alcance.


quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Inventário

Todas as artérias sentimentais não param de buzinar: é o trânsito infernal de pensamentos inócuos, clamando por você e nem posso parar pra me organizar, já que sou tragado e arrastado pela sutil correnteza dos rios temporais, buscando abrigo nas pontes dos nossos encontros casuais, tentando resistir a esperança de reencontrá-la sem um aviso prévio, sem ter de agendar um papo na sua rotina acelerada.

Célere, eu costumava a ser, quando, em outrora, era comum mover-me em silêncio; cada movimento, agora, pesa uma tonelada, são tantos sentimentos que nem mesmo seria o bastante, se no meu peito fizesse um inventário.
Inventei então, um personagem qualquer para participar desse mundo moderno e como nesse famigerado jogo dos egos, expressar seus próprios sentimentos é sinônimo de jazida, com o conhecimento fúnebre de quem foi seu algoz, já perdi a conta de quantos órgãos do peito esquerdo me foram desfigurados; minhas bombas de sangue me são rapinadas e é assim que a vida seguiu, até então.

Entorpeço-me com uma súplica torpe feita à cruz presa ao pescoço. Posso apenas olhar com descrença a estranheza de fazer parte disso tudo. Sobrando-me maturidade, forço-me a admitir que, talvez, isso seja tudo reflexo porque eu fiz tudo que queria fazer, deixei até o sistema me usar como tinha de ser, quantas, tantas, machuquei em busca do meu bel prazer? Não retruco, assim, pela falta de você. Sigo, sem lhe avisar, para o centro da cidade que inventei como meu coração e, entre casarões desertos, o maior ainda tem espaço pra você.

quarta-feira, 28 de setembro de 2016

Pra Agora

Inundado pelo frevo,
Com fanfarra a sua volta,
Eu gritei seu nome,
Ostentando riso no rosto.

Dizem que o mundo é vazio,
Mas nesses quatro dias,
Onde quem reina é a folia,
Não há sentimento frio,
Sobra mesmo é alegria.

Eu era sincero,
Fiz do amor minha escolta,
Do 'nós' o melhor pronome,
Ansiando seu beijo com gosto.

Eu estou tão bem,
Estava lá fora,
Perambulando as ladeiras,
Procurando a casa nº 100.

A mesma do nosso passar hora,
Aquela antes de você ir embora,
Estou saudoso de quando você vem,
Querendo fevereiro pra agora.

segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Flutuante

Seu amor é uma surra merecida; o beijo dá um branco na mente, como o cheiro de terra molhada que precede a chuva; quando seus olhos encurralam os meus, não tenho solução a não ser sorrir e ser todo seu. Uma pena que você tem essa tendência de me fazer esperar, de me deixar pro fluxo levar.

Leve você poderia ir longe, mas teima em viver querendo adivinha como a gente vai acabar, esquecendo que meu objetivo com você foi apenas começar, sem motivos pra pensar no que ainda virá, como se eu fosse um clima a ser previsto.
Previsões raramente dão certo, então pode voltar a chegar mais perto, mas faça rápido, você sabe, antes que eu siga adiante, não é que eu tenha pressa, todavia, percebi que não há motivos sãos pra me manter constante, darei o passo seguinte confiante, já que estou com essa mania nova de me manter flutuante.

sábado, 17 de setembro de 2016

Ateu

Não precisa muito, apenas um enigma dos tantos seus e sou fisgado a completar o quebra-cabeça que você me prometeu, comum sorriso tão ateu.

Ateio fogo em sentimentos tão bons, já que se não são consumidos, meu coração tende a descrê-los em textos que nunca serão lidos. Isso não é um conto de fadas, tampouco todos estão lhe apontando espadas, a boa verdade é que somos todos egoístas buscando relações não tão conturbadas, uma pena que eu goste tanto da crueldade do seu olhar e que eu seja tão complexo de se fazer bastar.
Bastaria, pra mim, que você admitisse que somos protagonista de um romance chinfrim, porque sim, eu quero seu ciúmes doentio, seu olhar frio, até mesmo suas queixas sem nexo e sem fio. É que eu quero você do jeito que é, sem estar atenuado após um bom café, tem vezes que você é bom, mas regularmente é médio ou ruim e está tudo bem ser assim, pelo menos pra mim.

Minimizo, portanto, qualquer esperança que sejamos retratados uma novela das nove. Não, somos reais, pungente, cheio de falhas, vítimas de joguinhos dignos de crianças, vez ou outra machucando um ao outro por vãs vinganças, mas humanos, acima de tudo. Odiaria que sequer sugeríssemos um tipo de amor de idealização, até porque essa nossa relação não tem dedo de Deus, é só um sentimento ateu, um que bem simples, sem juras, promessas, apenas vontade de eu ser sua, e você ser meu, enquanto nos for conveniente, é claro.

quinta-feira, 15 de setembro de 2016

Disse Tanto

Se não queria cais,
Por que foi farol?
Pra quê atrair,
Se havia de sumir?

Você só me fez parar,
E depois parou de mim,
Decidiu me colecionar,
Como se eu fosse marfim.

Mas, se ainda há,
Alguma vontade de voltar,
Você sabe onde me encontrar;
Da minha vontade de ficar.

Se eu já não lhe era mais,
Por que me chamou de sol?
Pra quê desaparecer,
Se eu nunca tive você?

Eu lhe disse tanto:
-Pode ir embora,
Mas se chegar uma hora,
Em que deseje voltar,
Não hesita em me chamar.

Sim, estava aos prantos,
Mas é que pra mim,
Você tem esse ar santo,
E não consigo esquecer,
Todo o florescer,
Que você plantou em mim.

quinta-feira, 1 de setembro de 2016

Além de Ti

Obrigado por ter sido tão boa pra mim. Tu sempre viu tanta coisa boa em mim, não que eu não veja, mas acho que não tanto; não me lembro, por agora, de ninguém, além de ti, ter captado tanta coisa boa em mim. Lembro que sempre dizias que eu me achava. Sim, eu me acho, porém é que já encontrei o que gosto em mim e pra onde pretendo ir, seguindo sua interpretação de brincadeira ou não, realmente tenho uma boa estima por quem sou e o que almejo, como me porto e a forma que escolho pra seguir a vida, todavia não me vejo tão digno de um amor assim, ou de toda estima que tal sentimento emula. E ai nessa estimativa, criaste uma expectativa que eu nunca desejei. Não a culpo por isso. Algo em ti tinha esperança de achar um amor desses, até porque você é merecedora depois dos tantos calos que a vida lhe deu. E agora, olhando pra tudo isso, percebo o quão irônica a vida pode ser. É que se olhares no dicionário, vai ver que estimativa, expectativa e esperança são termos da estatística, a mesma palavra que tu fez questão de abominar e exemplificar que não queria que nos limitássemos a ser, quando, e se, não chegássemos ao tempo prevalecer.
Prevalece em mim a crença que a gente viveu algo maravilhoso, bom mesmo sabe? Se tirarmos as expectativas e olhar pras memórias e conversas profundas, a empatia tão rápida, vai ver que foi algo incrível. Então por que acumular a parte da suposição e macular tudo? Sei bem que ao chegar do inverno, poucas são as lembranças do verão, o gosto que fica é de outono e um anseio ávido pela primavera. Uma lástima, porque ao esquecer deles, optas por deixar ao relento dias bons que são tão meus quanto teus.

Tu é incrível, sabe disso, entretanto, às vezes, esquece. Não é ninguém que vai tornar tua vida boa, ninguém, além de ti. Eu amo sorrisos e os teus são tão lindos, tão bons de beber, tragar, admirar, roubar e contemplar; os que vem nos lábios, no olhar e, principalmente, no abraçar; contudo, ainda assim, os mais lindos sorrisos da minha vida são os que eu esboço, porque cada um é responsável pela felicidade que carrega, já que o sentimento se fórmula dentro de si. Tenho pra mim que a maior lição que tu pode tirar da gente é essa: tu é responsável pelo teu riso.

Ri do que foi bom, deixa de lado o peso, porque leve se flutua e se vai longe, se vai profundo. Pesado se prende, se mitiga, se desgasta e se imagina o que poderia ser, sem poder ou crer que não dá pra ser, perdendo a oportunidade do que já se é, do que já se tem, uma vida no presente pra se fazer de bem.

domingo, 28 de agosto de 2016

Tremores

Esse é só um simples discurso, que não tem pretensão mudar o seu curso, que foi feito apenas para dizer o quão especial eu me senti graças a tudo aquilo que você me propiciou. Em todos nossos encontros desencontrados, tive tempo de lhe contar meus medos, desejos e felicitações, enquanto você ouvia tudo com olhos sorridentes, como se fosse um oceano sendo aquecido pelo sol, como se realmente fosse pra gente se conhecer e todo esse bem, em mim, se estabelecer.

Estando a vontade para lhe dizer toda a verdade sobre mim, tenho de confessar que sim, meu coração já bateu forte por outros amores, mas pra você ele batuca tremores, desses que fizeram minhas mãos suar, que sacodem as borboletas no meu estomago, todas as vezes que vou lhe confessar algo novo sobre mim.
Minha vida é um barco virado, numa maré em calmaria, abandonado à própria sorte, então como eu poderia imaginar que você viria pra colocar numa corrente tão boa? Seus tantos sorrisos esbanjam aura positiva e, provavelmente por isso, resolvi pegar carona no presente que você me deu. Nesse presente que é o tempo que nos dado por Deus. Não me acho nada especial, por isso tendo a desacreditar no quão bom tem sido desde que você chegou. Como sou muito de falar e, às vezes, pouco a afirmar, essa é uma mensagem apenas pra endossar o quanto sou grato a você.

quarta-feira, 24 de agosto de 2016

Chega

Chega aqui e acaba com todos esses hiatos que têm feito da nossa jornada tão única. Sei que temos pensado que nosso tempo é diferenciado, que uma hora nós hemos de chegar numa encruzilhada em que teremos de tomar uma decisão pro futuro, mas não agora, não por hora. Só preciso que você venha até mim e diga:

-Chega de tanta saudade.
Sim, chega em mim e vem confundir mais um pouco. Me beija rápido antes de me dizer qualquer palavra tola; me abraça forte antes do primeiro sorriso. Se diverte com minhas piadas sem graça e diz que não são todas bem ruins; toma meus lábios de forma intensa e acende toda a líbido que sinto ao seu toque; mata minha saudade com teu sorriso, com todos eles, os que já conheço e os que ainda vou conhecer; me enlouquece e não me esquece.

sexta-feira, 19 de agosto de 2016

Solo

Eu tenho uma natureza tão diferente da sua, mas acabei amando-a de qualquer maneira. Foi alguma palavra tácita que você proferiu, sem nem perceber, que me enfeitiçou ao seu bel-prazer, que fez meu coração, até então um solo árido, começar a florescer. Nem parece que passei, mesmo sem perceber, toda a minha vida a lhe esperar.
Não tinha esperança de encontrá-la, e mesmo assim, hoje, temos esse amor que fez valer a jornada até aqui. Ainda bem que segui em jornada solo até você chegar, sim houve quem batucasse meu coração antes, todavia, ninguém o fez ressoar alto o bastante, não como você tem feito.

É do seu feitio fazer meus dias transbordar aura boa, nem lembro mais como era viver sem ter comigo essa sensação que Deus me abençoa. Obrigado por ter chegado de súbito e plantado sorrisos no meu solo. Pouco tempo após a sua chegada, já é fácil colher os frutos sorrisos de cada lembrança nossa enamorada. Já não tenho medo de fazer planos, nem vontade de seguir uma vida solo, pois você me faz querer ser protagonista desses romances famigerados, um daqueles que não termina, se começa em reticências, num felizes pra sempre muito bem entoado.

quarta-feira, 17 de agosto de 2016

Mais Que Cem

Sei disso tudo,
Da forma e conteúdo,
De seu amor, suponho,
Do para sempre a dois,
Do que há de vir depois,
Do nosso amor, meu sonho.

Não importa o que tocar,
Meu peito será fogo,
Enquanto você me segurar,
A vida há de ser linda.

Você é meu único bem,
Sorrisos é o que me vem,
Quando meu dia lhe tem,
Obrigado ao seu coração.

Você me disse antes,
Como sou provocante,
Do meu amor, afim,
Do pra sempre a dois,
Do que há de vir depois,
Do nosso amor, enfim.

Não importa o que dançar,
Entre nós, não há jogo,
Enquanto você me segurar,
Alegria será bem-vinda.

Você me faz tão bem,
Que sei que vamos além,
Somos dois mais que cem,
Obrigado à sua inspiração.

sexta-feira, 12 de agosto de 2016

Trágicômico

Você é difícil de se abraçar, fácil de manter um dialogo, mas quando lhe agarro, sinto você se esvair do meu peito, como a fumaça de um trago tossido, um sabor que eu nunca deveria ter ingerido.

Engulo em seco as palavras que deveria dizer pra você, mas não as digo por acreditar que nem isso é preciso. Talvez você não saiba, mas eu nunca busquei o amor, porque eu sempre soube que ele ia chegar quando tivesse de aparecer. Eu não tenho um daqueles coração arruinado para consertar; antes de mergulhar, eu sempre olhei o fundo do que estava a minha frente, observando o quão raso iria ser e assim, raramente, cheguei a molhar meus tornozelos.

Tornei-me uma pessoa cautelosa que estuda o risco antes de apostar e se hoje pareço tão faceira, é porque disse a mim mesma que já passara a hora de mudar. Seria cômico se não fosse trágico como eu nunca consigo cair no sono quando você está esquentando minha cama ao meu lado. Quando você chega, tão atraente, traz consigo a promessa de uma noite cheia de sorrisos, todavia, ultimamente, só tem causado mais uma batida ordinária no meu coração. Já não sei dizer se, quando você vem, é por dever ou vontade, porque essa dúvida tem em mim reciprocidade. Talvez eu esteja me tornando fria, porque o único calor que sinto de você é quando somos um só; quando, em segundos efêmeros, seu coração se acelera tanto quanto o meu, respondendo a oxitocina liberada dentro de nossas cabeças racionais.
Eu tenho razão quando digo a mim mesma que não é amor e, aparentemente, isso não me importa mais e isso me assusta, sabe? É tão trágico que chega a ser cômico: eu tendo de interpretar um alguém que não sou, por um amor que não sinto, por um relacionamento que não quero, sabendo que nem ao menos tenho o trono do coração da pessoa pra quem estou atuando.

O ato a seguir é me afastar sem deixar vestígios ou mandar notícias. É a melhor forma que encontro pra me sentir bem novamente, porque, por mais que eu não consiga entender, eu ainda lhe desejo. É o seu sorriso que me vem antes do adormecer, é seu cheiro que me desperta anseios e estou farta de fantasias. O que eu desejo mesmo é você transbordando embriaguez, já que sei que seremos dois que não são o que realmente deveriam ser, apenas dois pedaços lascivos de carne. É trágico; é cômico. Você deveria me fazer chorar, deveria me fazer sorrir, mas hoje, é só um misto de tragédia e comédia. Uma novela que deveria ser inédita, mas que soa como uma reprise no entardecer da minha vida.

domingo, 31 de julho de 2016

Continua

Vivianos um clima bom, meio ameno, mas não era pleno. Os sorrisos existiam e surgiam faceiros, contudo, nem todos eram verdadeiros. A gente se bastava, só que não transbordava. Seguíamos uma linha contínua, até eu questionar os motivos de não existir tanto calor nas nossas juras de amor. Bastou um trinque, para tudo de rachar, não importa a minha vontade de remendar. Ela via a verdade e foi honesta quando me disse:

-Você não me brilha mais.
-É? - eu ri daquilo - E como posso voltar a lhe iluminar?
-Eu acho que não podemos voltar no tempo e ter outra chance.

Tantos lugares, tantos caminhos e eu acabei conhecendo-a numa encruzilhada. Podia ter tomado qualquer rumo, mas preferi seguir àquele que ela jurou ser a melhor estrada. Eu sempre soube que apesar de tantos, não havia nenhum me levasse a algum canto. E agora, estranhamente como antes, também não há nenhum que me leve até onde eu estava quando ela chegou; como em outrora, ainda não há mais lugar que eu pertença. Foi tolice torcer que um lar podia surgir a partir de uma falsa crença. Nosso jornada conjunta foi aprazível e chego a ter arrependimentos, todavia, será que não perdemos esse tempo? Todas as faces que conhecemos enquanto limitamo-nos mutuamente já se desvaneceram e a vida continua sem trazer de volta essas oportunidades passadas.

Passei pela mesma esquina que piso todo dia. Estranho como não tinha notado que o poste que lhe iluminava não está mais ali. Alguém me disse, uma vez, que a luz causa sofrimento. Eu não tinha entendido, até passar por essa esquina no escuro. É a falta da luz que incomoda, agora compreendo. Quantos, tantos, detalhes deixei de notar? É com um riso de surpresa que percebo que tenho reerguer meu olhar.
Ergo minha mochila de sonhos, até o momento, esquecidos no ostracismo e volto encaro o céu intrigado. As estrelas parecem me sorrir. Elas nunca deixaram de existir. Sim eu ainda estou vivo, num mundo cheio do desconhecido. Não sei o que me espera, não há nada pra esperar, só sei que há sim motivos pra sonhar. Que sorte a minha que a vida continua.

quinta-feira, 21 de julho de 2016

Vez

Para outra noite de esquecer,
Perdido pelo neon e fumaça,
Entre tragos de aguardente,
Em meio a goles de cigarro,
Ainda espero por você.

Num jogo de sombras e insensatez,
Crucifico minha consciência,
O líbido tem sua mágica,
E você sumiu de vez.

Para cada dia que era de viver,
Seguia sorrisos à graça,
Hipnotizado pelo olhar ardente,
Apaixonado por cada esbarro,
Tudo que vinha de você.

De repente a tristeza se fez,
Estávamos juntos mais por carência,
Tornamos nossa relação apática,
E foi natural acabarmos de vez.

Eu fiz tudo que eu quis,
Deixei meios justificarem fins,
Em alguns momentos, por um triz,
Por alguns sentimentos, fui feliz,
Mas no geral, tive pena de mim.

É uma jornada bem complicada,
Mas é que todas minhas estradas,
Ainda parecem levar até você,
E isso independe do meu querer.

domingo, 17 de julho de 2016

Causa (Aries)

Aquele ar tão seguro de si; cada palavra dela causa um desafio em mim. Talvez tenham sido minhas declarações feitas pra intrigar, já que, rapidamente, percebi que ela não é de fugir, ela é de encarar; ela é de briga, não liga se toda bossa nova é usada, porque não importa como é chamada, o que lhe interessa é que seja definido, ou seja, que ela não tenha de esperar.
Esperança, pra ela, é algo pra se queimar e há um fogo nela pronto pra incendiar. Cada sorriso provocante, cada olhar significante. Ela sabe o que quer, como tem de ser e como o conseguirá.

-Você não cansa de estar errado?
-É errando que se aprende.
-Acho isso perda de tempo.
-Não me sinto perdido.
-Mas eu sinto.

Com uma certeza sem pestanejar, ela se aproximou só pra provocar, só pra me ver reagir aos seus lábios a se aproximar. Mesmo que eu quisesse ter resistido, tenho minhas dúvidas se teria conseguido. As chamas que ela acendeu em mim me causaram arrepios. Num instante eu era são, noutro aturdido, lábios vermelhos, encarando seu olhar de diversão.

Me diverte o quanto ela é impulsiva, porque sabe que a vida foi feita pra ser vivida, antes que o momento passe. Pois se todo carnaval tem seu fim, isso não quer dizer que ela vai deixar de ser feliz, afinal ela ainda é dona do seu nariz. É uma força da natureza que não pode ser domada. Mas isso não quer dizer que não sabe guardar cada memória inédita.

Ainda estou me acostumando com seu jeito imediato de ser, contudo já aprendi que, por ela ser de Áries, preciso inovar a cada experiência nossa. Porque com ela, não tem causa perdida, ela é a única causa a ser vencida, a única e melhor sentença que a mim, por sorte, foi estabelecida.

quinta-feira, 14 de julho de 2016

Incipiente

Fora do sol, buscando uma sombra qualquer, buscando apenas um ponto pra tragar mais um dos cigarros amassados que compramos na noite anterior, tentando não pensar no quer que a gente tinha que pode ser de um tudo, menos amor. Assim que  o coloco na boca, lembro que eu não fumo, ou não fumava quando estou sóbrio, então talvez ainda esteja meio bêbado; esse, provavelmente, é o motivo pelo qual as pessoas olham pra mim com um olhar inquisidor, por isso e por eu ter esse sorriso idiota no rosto que só existe graças ao que você cativou por aqui.

Gosto do embalo que seu encostar no meu peito cria. Você não deve notar, mas ali onde você encontra ninho; ali onde cada parte sua que toca minha pele, me faz ter certeza que todas minhas células são capazes de transbordar carinho, bem nesses momentos percebo esse sentimento incipiente tão perigoso, que surge numa palpitação cardíaca acelerada, na palma da minha mão suada. Poderia me estender em tantos detalhes, desde sua personalidade, pela sua sinceridade, porém não nenhuma dessas surpresas extraordinárias isso que me atraiu, não à primeira vista ou palavras trocadas. Foi seu sexy appeal. Sim, você é tão sensual e eu estava bem naquela primeira, como ontem a noite: cervejas e risadas, um papo bom, a gente sendo o que sempre quis, sem esperar, sem planejar, apenas falando o que a língua diz. A noite foi boa sim, mas por que é que elas sempre têm de ter fim?
Agora um pouco mais sóbrio, percebo que essa sensação boa que existe entre a gente é apenas o sabor incipiente do desconhecido, que estamos apenas comprando o que está sendo vendido. É natural usar máscaras, seria estranho se não usássemos e, mesmo sabendo de tudo isso, ainda desejo descobrir o que está por vir. Gosto do suspense, do inédito, gosto ainda mais de poder lhe descobrir.

segunda-feira, 11 de julho de 2016

Camadas (Taurus)

Nada de desculpas, ela não costuma voltar atrás, mas quando o faz, é de coração. Ela tem esse ar sereno que impede de pensar nela como uma vilã, já que transbordava uma confiança inabalável, por crer, profundamente, que há sempre o melhor nas pessoas.

Além do carinho gratuito e do altruísmo exacerbado, ela é de se esforçar em acabar com aquilo que sente estar errado. Seu esforço contínuo para que o mundo se torne melhor lhe faz se arrodear de pessoas boas, porém, ela faz questão de delimitar quem pode, ou não, ficar.

-Você vai me esquecer.
-Vou?
-Sim, já conheci tipos como você.
-Eu acredito que não... Por que não fazemos o seguinte: se eu sumir, então eu não mereço esse sorrir.
-Que sorriso?
-Esse que você está tentando conter e que não paro de querer conhecer melhor.
-Você é bom com as palavras...
-Assim como você é boa com o olhar.
Por mais que eu insistisse em lhe roubar, ela sabia o que queria e até onde iria. Alguns chamam isso de teimosia, naquele primeiro momento gostei de pensar que era uma boa ousadia. Ela não admite, mas gosta de colocar camadas protetoras em tudo, como se ela pudesse organizar, de forma ótima, o conteúdo do seu mundo.

Seu sol em Touro lhe faz ter tantas camadas ainda por mostrar. É que ela guarda segredos pra cada situação que vier a vivenciar. Dentro dela, ainda existe uma infinidade que, aos poucos, está a me apresentar. Foi mais que sorte, então, eu ter decidido ficar.

segunda-feira, 4 de julho de 2016

Apneia (Gemini)

Não há o que perdoar, se ela vai longe demais, é que não há o que entender, as trocas de opinião que faz, não é por mal não, é apenas pelas tantas tentativas de fazer todos ao seu redor mais felizes e, se derem errado, devem ser desconsiderados, afinal, são simples deslizes. Ela não precisa de falsos afagos, nem de Deus, nem do Diabo, menos ainda de dó; ela erra e acerta sim, mas pelo menos tenta resolver o nó, e vai seguir assim, contanto que não fique só, ela tem como se fazer melhor.

Perto dela, senti uma apneia tomar conta de mim. É que me faltava ar só de ficar ao lado de uma pessoa tão incrível assim. Senti-me desconstruído com cada questão levantada, com cada opinião refutada, principalmente pelo semblante dela que parecia pronta pra acatar as palavras que melhor fossem justificadas. Seu olhar tão ligado, ávido por aprender, me fizeram querer compreender melhor como alguém pode ter tão poucas amarras.
Ela entende que pode até soar dissimulada, mas é melhor que falem dela de forma descabida, do que viver a vida como coadjuvante; do que passar por esse bom trajeto que é a vida de uma forma desapercebida. Ela não tem medo de errar, porque veio ao mundo para aprender, comunicar e melhorar. Pode até soar com algum orgulho louco, porém é apenas a certeza que são poucos os que tem coragem de arriscar deixar claro aquilo que acreditam.

Não acreditei na sorte que tive, quando ela se interessou pelo meu jeito simples de não justificar. Segundo ela, esse meu jeito tão diferente quebra toda a monotonia que ela tem aversão de presenciar. Se o mundo não pára de girar, porque as pessoas que detém uma só rotina, insistem em se contentar? São tantas questões por responder e indagar que, às vezes, não dá tempo nem de respirar. É que ela é toda geminiana e não cansa do meu fôlego roubar, toda vez que um sorriso qualquer decide me dar. E eu fico assim, vivendo uma apneia boa que não dá pra explicar.

terça-feira, 28 de junho de 2016

Flutuando

Ela é uma boa pessoa. Desde cedo decidiu ser mais do que a expectativa dos seus pais. Sempre se emociona com filmes de animais, ama cães e gatos, se arrepia com as baladas americanas. Casou-se cedo porque era esse seu sonho, isso nunca foi um grande segredo. Sempre achou complicado viver, ou se relacionar com estranhos; todos aqueles que atrapalhavam seus planos tinham de ser esquecidos. E eu sou um vilão porque não sinto saudades dela, sou o cara mau por ter partido seu coração. Mas eu estou livre, flutuando em queda livre.

A liberdade não se remete ao poder e querer, é muito mais do que se há pra ser. Não é questão de não se permitir, ou simplesmente se inibir, apenas deixar todos os monstros e fantasmas do coração sair. É normal as expectativas existirem, o errado é ter medo delas. Agora rumo em ondas, como a maré, flutuando até onde der.
Deus abençoa quem tem aura boa e assim decidi ser uma melhor pessoa. Agora, livre, vou flutuando até onde a vida me levar, sempre de olhos abertos, sempre aproveitando a jornada, porque há tantos pontos incríveis na estrada, que seria loucura ter um objetivo só na vida.

domingo, 26 de junho de 2016

Detalhe (Cancer)

Aqueles grandes olhos pareciam captar algum detalhe a mais que só ela consegue observar. Cada pouca palavra entoada, parece ter sido escolhida ou numa estratégia muito bem resolvida, ou num rolar de dados bem divertido. Isso até ela sentir que pode se soltar, pois quando o faz, é pra todos conquistar. Ela é impossível de decifrar, pois assim como as fases lunares, sua vontades são mutáveis a partir das suas percepções singulares.

-Eu não sou difícil de conquistar não.
-Diga isso pro meu coração...
-Ora, não foi ele que estava interessado em se inspirar nos meus sorrisos?
-Você lembra de cada detalhe, não é? - fico rindo por ela evocar as palavras do nosso primeiro papear.
-Detalhes são preciosidades de se lembrar - e foge pra me enlouquecer.

Ir atrás dela é como bater numa dobra do mar: só me resta remar e apontar pra fé. Cada sorriso dela me significa que estou navegando em boa maré, ou então que o meu vento está indo contra o cais, já que cada um de seus sinais, são tão complexos até pra mim, um grande admirador do mar. Mesmo à deriva, é delicioso perceber quão carinhosa ela consegue ser em detalhes que qualquer outra pessoa, que não ela, iria esquecer.
Não esqueço que, por ser canceriana, ela tem o dom de se prender a cada detalhe do passado e isso é muito bem pensado: cada mágoa vivida lhe preparou para não se entregar tão fácil, ela crê no amor, mas não vai se entregar sem pudor. Ela acredita sim, no destino, mas se o acaso há de se esconder, não mais se preocupa, porque, aos poucos, parece confiar e entender, que nosso amanhã parece ter um bom pra quê.

segunda-feira, 20 de junho de 2016

Afronta (Leo)

A confiança dela que chamou atenção, porque não a ostenta por afronta não, apenas por ter certeza que não há motivo são, para omitir quem é ou o que quer. Gosto desse jeito de pensar, porque prefiro uma afronta sincera, a uma falsa modéstia.

Em seu discurso, fica claro que ela não é de se entregar, não por ser descrente ou temerosa ao amor, e sim por raramente ter encontrado alguém que tenha tido paciência ao seu dispor. Não é de se dobrar, nem de ser roubada, muito menos conquistada, se tiver de acontecer, é porque ela quis que assim fosse. Logo, é uma afronta à sanidade insistir num romance, em que tenho pouquíssimas chances, o problema é que eu sempre gostei de me desafiar.

-Melhor desistir, eu sou complicada.
-Isso é sacanagem, você sabe que sou tenaz, assim só fico com mais vontade.
-Por mim, tanto faz, mas não me culpe pela perda de tempo.
-Culpo sim, quem mandou ser assim?
-Como?
-Isso você tem que descobrir.
Se ela tem uma fraqueza é quando alguém lhe afronta e diz não, principalmente aquele que não tem explicação. É uma tática simples, pra manter contínuo e recíproco o interesse em nos manter juntos. Em poucos beijos concedidos, já notei que será um doce amá-la, o amargo será querê-la só pra mim, pois ela é duma luz que não pode ser eclipsada.

Seu sangue leonino lhe fez assim: liberta e pronta pra brilhar, como também para proteger e incentivar. Ela é uma fonte única de carinho e desde que experimentei segui-la por seu caminho, não consigo mais vislumbrar um futuro sozinho.

domingo, 12 de junho de 2016

Absoluta (Virgo)

Quem a vê passar assim, abraçada a mim, não sabe o que é sorrir. É que ela é a única capaz de sonhar o que é impossível saber. Transparece uma segurança tão grande que me fez crê, desde o primeiro momento, que com esforço e boa fé, tudo pose concretizar; seu fluxo é único e independente, ela segue em frente visando apenas um futuro sorridente. Ela é absoluta na sua vontade de fazer tudo melhorar, pelo menos até onde ela puder fazer e se não der, não tem porque se preocupar, apenas dá de ombro e vai se importar com algo que valha e pena sua atenção.
Não adianta tentar descobrir nada além do que ela já diz ser, porque ela é exatamente o que quer mostrar. Não tem paciência pra jogos ou dissimular, sua essência fica a vitrine pros poucos que ela decide levar consigo na vida e isso é uma exceção nesse mundo tão cheio de máscaras e de pouco coração.

-O que te faz feliz?
-Como assim?
-O que é que te faz bem, sabe?
-Eu estou feliz aqui, agora.
-Sim, mas como posso te fazer mais feliz?
-Diz que a gente sempre foi um par.

Rezo a Deus do céu, pra que aquilo que eu não conseguir entender me faça querer mais um pouco dela, já que detém essa vontade de vencer e conhecer o que lhe faltar. Ela é virginiana, cheia de certezas absolutas, que não pára, nem se dá por vencida; é alguém destinada a ser minha melhor aventura e isso me influencia tão bem, já que graças a ela, eu já sou tão mais além

domingo, 5 de junho de 2016

Rumo (Libra)

Tanto faz se sim ou não, seu charme está na indecisão. Se não gosta do conceito de hora, é que ela não se faz de agora, se faz de perfeição; ninguém pode reclamar que ela não pesou cada uma de suas decisões. Assim que escolhe o rumo que quer, não é pra ser, é o que será, porque quando ela vai é pra não voltar.

Antes que ela decidisse ir, tomei coragem de começar um papear. Ela tinha aquele ar de encanto, com aura boa lhe arrodeando por todos os cantos. Quanto mais a noite se ia, mas notava o quanto ela era de se deleitar com alegria, de um jeito que poucos se permitem ser.

-O que você acha de eu te roubar?
-Se fosse roubo, você não deveria declarar, né não?
-É que eu sou um bom ladrão.
-Acho que você não é não.
-É que eu gosto de ser claro.
-É um jeito legal de não confundir - e com essas palavras ela me deu aquele sorrir.
Um riso tão delicado que é capaz de anular o infinito do céu, sol e mar. Hesitei no rumo que deveria seguir. Havia tanta vontade de lhe dizer tudo de bom que ela estava me proporcionando, mas preferi calar e deixar o momento falar. É que tem vezes que a gente tem de silenciar pra se comunicar e, ali, naquele silêncio de olhares sem nenhuma palavra trocar, senti que havia algo que poderia se construir, simplesmente, por causa daquela forma linda dela de sorrir.

Se ela é de Libra e, às vezes, demora a tomar o rumo pra onde ir, parece que é pra me confundir e acho que gosto disso. Confuso me perco nela e na imensidão que há na forma como só ela, a partir desse momento, consegue inspirar meus sentimentos.

sexta-feira, 3 de junho de 2016

Bagunça

Pense menos e veja aumentar, como um tumulto, não vai ser fácil de controlar, não vai ser difícil se deixar levar, sentimentos bons são bagunças, são segredos de liquidificador.

Revolucionando a si mesma, siga, desvie ou fique parada; incentive, resigne-se ou desencoraje o que lhe repugna. Nessa vida preciosa que dizem ser uma só, a melhor maneira de otimizá-la é levar cada dia como se fosse sexta-feira: o dia que não tem amanhã; o dia em que se vive ao máximo; é o dia de hoje. Com um desinteresse no semblante, como se cada momento fosse o melhor instante, deixemos a vida ser a bagunça que ela sempre esteve fadada a se tornar. É bom ver você se libertar, as possibilidades são tão mais animadoras.
Vem, vai e o que vier mais além. Podem me chamar de sentimental, mas nunca um tolo, talvez louco, o meu negócio é viver de tudo um pouco. Romântico sim, mas não de uma forma desagradável, não de uma maneira inocente. Talvez fosse assim anteriormente, talvez até eu desistir de tentar organizar a bagunça que tem dentro de mim. É algo bom ter esse desmantelo, afinal você parece se aconchegar tão nessa meu tumulto de sentimentos.

quinta-feira, 2 de junho de 2016

Já É

Foi com sutileza,
Mas foi intenso,
Quando eu lhe vi,
Não consegui entender,
O que poderia ser,
O que hoje, já é.

Você é a alegria, do meu dia,
Você é a divertida, da minha vida,
Você é o mais, da minha paz.

É na sua delicadeza,
Que vejo quão imenso,
É o que há aqui,
Antes, não podia perceber,
O que viria a ser,
O que agora, nos é.

No trânsito de todo dia,
Cada segundo é bom pra mim,
O tédio me leva até sua companhia,
A recordar seu carinho sem fim,
Dos primeiro sorrisos dados,
Você sentada no meu colo,
Envergonhada só rubor,
Só eu não notava que seria amor?

Temos tanto tempo,
Desde que não nos falte fé,
Enquanto a gente se tiver.
Não existirá receio,
Pro nosso amanhã,

Sim, eu demorei a querer ver,
O que a gente viria a ser,
Foi bom pra me fazer,
Ser grato ao que já é.

segunda-feira, 30 de maio de 2016

Projeção

A verdade, para mim, é uma variável tão livre quanto o vento, e embora eu tenha esse dom de falar como se soubesse de tudo, devo confessar que sei tanto da vida e dos amores quanto todos os outros: uma projeção do nada.

Nadando à deriva em relações tempestuosas, mantenho a calma, por saber que independente do quão ruim o momento esteja, há de ter um barco por aí, que há de me levar ao cais em segurança.

Assegurei de fazer do amor o melhor porto para repousar. Sei que já tivemos nossa chance de dar certo e que, hoje, apesar de não lhe ter mais por perto, ainda existe essa velha voz na minha cabeça que está me impedindo de jogar fora a possibilidade de nos reencontrarmos. É que sinto tanta falta das nossas conversas, só que, quanto mais o tempo passa, mais a nossa possibilidade tende a ser algo acabado e enterrado, um sonho absurdo.
Abismado fiquei, quando você se aproximou para conversar comigo.

-Alguns dias eu não sei se estou certa ou errada, não sei o que minha mente quer dizer.
-Sua mente está pregando peças em você, minha querida.
-Provavelmente, então não ouça uma palavra do que eu digo, não enquanto não estiver sóbria.

Você foi embora, porque era o racional a se fazer. Percebo agora, que o resta em mim é um fantasma de você. Uma projeção que criei sobre quem você era e não mais é, independente do que eu quiser. Agora estamos despedaçados, mudados e reciclados e não há nada o que possamos fazer. Foi tão complicado perceber, mas se eu não nos deixasse ir, nunca poderemos nos reencontrar; é que projeção nos faz viver no passado e reencontros são presentes que hão de surgir no futuro.

domingo, 29 de maio de 2016

Profusão (Scorpio)

Com certezas cinéticas, uma sensualidade eclética, ela não vai ser dominada. Uma profusão de vontades e possibilidades, com esperança de torná-las todas realidade, pois se não acontecer, vai até o fim para recuperar o que lhe fizeram perder.

-Você tem fogo? - foram as primeiras palavras que optei por lhe falar.
-Tenho - ela me entregou o isqueiro prontamente.
-Obrigado, mas eu não fumo - ri divertido da dúvida que surgiu em seu rosto - era só uma desculpa pra quebrar o gelo... Fogo... Sacou?
-Bem pensado - ela até esbanjou um sorriso, provavelmente por educação, guardando em seu olhar, o ar de diversão - mas se queria falar comigo, era só ter falado.
-Iria dizer o quê? Indagar se você estava tão perdida aqui quanto eu?
-Você está muito mais - e aí veio uma risada sincera.
-É a bermuda xadrez ou a barba por fazer?
-O fato de você nem sequer tentar se remexer ou cantarolar essa música de ensurdecer.
Ela estava certa, éramos dois estranhos naquela festa que não nos acolhia. Ainda bem, porque achá-la assim foi uma grande alegria. Numa conversa aleatória, ela comprou minha história, não por se deixar cair na minha lábia, mas, provavelmente, por gostar do meu tom desafiante e do meu convite, que subitamente, nos levou pruma noite a sós, sem precedentes.

Não precisei falar muito pra fazê-la topar, seu ar era de vontade; de quem vivia com a missão de encher o mundo de insanidade. E como foi louco. A partir dali, eu não mais controlava nada, era coadjuvante dos desejos e planos que ela me incluiu por saber que aventura nenhuma eu negaria.

Seu riso tem tantos significados, mais que todos os outros que eu já tentara classificar. Ela é mais que o óbvio, é utópica, decidida a viver apenas com um preocupar: crê no quanto pode adivinhar. Sua aura de ter como signo Escorpião lhe faz assim: cheia de vontade de quebrar o sistema, como se intensidade fosse a solução de qualquer problema. Então seria covardia minha, não tentar fazer parte dessa profusão de alegria que é fazê-la parte da nossa vida.

domingo, 22 de maio de 2016

Combustão (Sagitarius)

Vou acabar em cinzas, se continuar a me deixar incendiar pela combustão que ela parece gostar de me causar. Se pudesse, gostaria que ela fosse apenas fogo, pra me queimar sem piedade, pra não me fazer parte do seu jogo.

A melhor jogadora, não por inteligência, não por beleza, não por astúcia, apenas pela sua indomável natureza.

Naturalmente ela conquista com um erguer de sobrancelhas. Pequena, agraciada pelo sol, indolente às rogas que arruinaram impérios de certezas que encontrei antes dela. É claro que havia hesitação naquele portar, todavia, o discurso dela sai sem nenhum pestanejar, como se na trajetória entre o pensamento e o falar, houvesse um pedágio de auto-afirmação. Ela tem a habilidade de tornar as dúvidas que eu regougo ao vento, certezas sem arrependimento.
Certa é ela. Sem medo de tentar sozinha, sem se importar com o fim da jornada, aproveitando o presente momento, com cada loucura, cada intensidade, cada sentimento.

-Eu começo de novo, volto ao início. Faço as coisas funcionarem à minha maneira, porque a única doutrina que me rege é que não devo parar - ela me retrucou quando eu indaguei sobre as possibilidades perdidas por ela não se deixar ser roubada.
-Essa é a melhor resposta que você poderia me dar.

Aceitei o desafio com um sorriso divertido estampado no rosto. É loucura admitir que mergulho num incêndio com gosto? Não quando as chamas que me colocam em combustão, nada mais são, que causadas pelos semblantes de uma sagitariana.

sexta-feira, 20 de maio de 2016

Insanidade

Me lembro quando,
Perdi a saudade,
Sim havia vontade,
Mas tinha de seguir,
Precisava me redimir.

Você estava lá fora,
Longe do meu alcance,
Já tinha passado a hora,
De esquecer nosso romance.

Os heróis que venerava,
Seguiram o coração,
E perderam sua alma.

Os vilões que amava,
Tiveram uma melhor opção,
Hoje prosperam com calma.

Me lembro quando,
Perdi a sanidade,
Não havia felicidade,
Mas tinha de sorrir,
Precisava me redefinir.

Vê como é engraçado,
Agora devidamente libertado,
Não há medo iminente,
Sigo em frente,
A insanidade é um presente.

quarta-feira, 18 de maio de 2016

Clauso

A gente apaga o passado como se fossem arquivos a ser deletados. Raramente se lembra do que ficou pra trás, porém, tem momentos que as lembranças tomam a mente e quando a gente vê, já se sente doente. Eu não me sinto mal, não mesmo. Desejo a ele toda felicidade do mundo, porque se não o fizesse, iria dar voz uma parte de mim que deve se manter enclausurada.
Mesmo em clauso, essa parte ainda parece ter poder sobre o todo, já que estremeço quando me falam que você perguntou por mim, porque, apesar de não admitir, sei que menti quando lhe disse que tinha acabado, sim, eu deveria ter lhe beijado, mas não o fiz e o momento passou.

Somos passado, não tenho dúvidas sobre isso, mas o que eu sou pra você? Um sussurro no ouvido? Uma promessa que não pôde ser comprida? Uma memória que não deve ser proferida? Ou seu maior erro?

Felicidade, querido. Pra você, seus novos sonhos, pra quem você ofertar amor; pro seu futuro, ao seu dispor. Felicidade, por favor, pra você não olhar pra trás e não me tentar ainda mais.

domingo, 15 de maio de 2016

Essência (Capricorn)

Ela não vai mudar não, vai manter sua essência sim, mesmo se for só, não tem pra quê ceder. Deus há de dar aval sim, por que no final, talvez calada afim, ela sabe que vai ser considerada a certa, enfim. É que ela sabe o que quer, até quando não sabe quem é; mesmo que não tenha plano algum, ainda assim sabe pra onde segue.

Seguindo sua constelação, vive pisando cada passo com cuidado, para não machucar ninguém. É que ela faz de um tudo para não fazer com os outros, aquilo que não gostaria que fizessem com ela, talvez por isso algumas pessoas considerem-na tão fora de órbita. Sua frequência é própria, por isso conselhos raramente são seguidos, é que ela é dona de si mesma e por isso sabe muito bem em quem confiar. Prefere ficar confinada em si mesma; é um tesouro difícil de roubar, até mesmo pra mim, que furto risos por natureza, soube desde o início, que o melhor sorriso dela só viria com o tempo; com sinceridade e um resguardar. Mantém sua essência maravilhosa só pra poucos, com medo que que considerem seus trejeitos tão lindos, atos loucos.

-Num mundo de falsos normais, os assumidamente loucos é que são felizes - entoei entre tantas palavras proferidas, entre tantos momentos em que ela calava e me observava aturdida.
-Eu gosto do jeito como tu fala. - ela finalmente respondeu enigmática.
-Eu gosto do jeito como tu cala. - trepliquei me aproximando daqueles lábios que ela não parava de mordiscar, pra sua vontade segurar.
É seguro apontar que seu sol em Capricórnio, lhe deu bom gosto por músicas que carregam sentimentos que ela ama cantarolar; por filmes com finais felizes que gostaria de vivenciar; por tudo que lhe faz recordar os motivos pra acreditar que o mundo é bom pra viver. Logo, seria estranho não considerar essencial um olhar que carrega tanto ainda a ser conhecido; vivo, assim, cada dia, ansiando um convite pra acompanhá-la no caminho de pedras que ela decidiu trilhar apenas pros seus sonhos ir buscar.

quinta-feira, 12 de maio de 2016

Problema

Ela tem facas no olhar,
Que intimam a lhe roubar,
E se antes queria ser só,
Hoje vou é me agarrar nela,
Fazer da gente um nó.

Problema são as rugas,
Que o tempo há de riscar,
Problema são as fugas,
Que a distância há de criar.

Talvez seja covardia,
Não estou acostumado,
A ter alguém pra alegria,
O normal é que só esteja,
Eu, meu riso e cerveja.

Mas ela hipnotiza no rir,
É complicado resistir,
Não sei o que pensar,
Gosto de me inspirar,
Mas ela não é de esperar.

Problema são os atritos,
Que o tempo há de criar,
Problema serão descritos,
Quando a distancia se desenhar.

As chances de dar certo,
São as mesmas do errado,
Temo tê-la por perto,
Porque ainda permaneço,
Um romântico apaixonado.

segunda-feira, 9 de maio de 2016

De Ressaca

Juro que não sei definir o que é. São os olhos. Sim, provavelmente, é o olhar que me deixa de ressaca. Anuviado, confuso, perdido e, ainda assim, com a sensação que vale a pena não controlar-me por inteiro.
Tenho apreço pelas palavras soltas que trocamos só por papear. Ela tem umas perspectivas diferentes, que não estou acostumado a encontrar. Escuta mais do que fala e seu corpo diz muito mais que suas palavras.

-Me fala mais, então - ela parece gostar da minha opinião.
-Não há muito mais o que falar não, teus olhos são verdes.
-Oxe, então eu posso relaxar só por causa da cor do meu olhar?
-Basicamente isso, porque eles remetem ao mar.
-Eu amo o mar!
-Você até o tem no seu nome...
-Exatamente!

Foi aí que notei que resistir se tornou um ato vão e não é surpresa que minha vontade seja tão. Principalmente quando ela, não sei dizer se por querer ou não, morde os lábios enquanto me encara sem se intimidar. Transbordo são, sabendo que posso me afogar naqueles olhos a esverdear, mas não consigo deixar esse gosto que tenho pelo mar; gosto de imensidão e há tanto naquele olhar.

Engraçado é que, na primeira vez que bati os olhos nela, não vi todo esse mar.
Na segunda, surgiu um interesse inapto que sempre nasce por sorrisos. Os dela são tão bem-vindos, não tem como não os achar lindos; sempre que ela os oferece, também me pego rindo. Foi natural, sem bem ou mal, roubar uns beijos, quando aquela noite chegou ao final.

Enfim pude perceber que ela é além do que, normalmente, espero encontrar. É o seu agir oblíquo; é o sorriso cigano; ela é o mar de ressaca, que numa onda súbita consegue me inspirar, que some na areia antes de eu lhe alcançar, que deixa rastros pra eu seguir, um convite inesperado pra mergulhar. Ela é de inspirar e que bom que eu pude lhe encontrar,

terça-feira, 3 de maio de 2016

Risco

Diz pra quê, se você,
Pensava no depois,
Já que deixou meu amar,
Sem parecer se importar.

Sem querer, tão você,
Deixou um vazio aqui dentro,
Me fez ter de mudar,
Sacudir poeira e voar.

Foi sim, sua triste doce surpresa,
Que fez mim, um céu riscar.

Pois numa vida incerta,
Risco me faltava,
Seu amor me fez sã e salva.

Como é bom ser toda alerta,
Riscar minha pele alva,
Os sonhos que me faltava.

Sei porquê, só você,
Pôde ser o que foi,
É que só o seu amar,
Me mudaria ao acabar.

Por querer, só você,
Sacudi tudo aqui dentro,
E aí pude sim notar,
Que eu sou de me bastar.

Pois numa vida desperta,
Risquei quem me salvava,
Era eu quem me faltava.

Hoje com tanta porta aberta,
Aceito o que me cativava,
E risco quem outrora amava.

segunda-feira, 2 de maio de 2016

Paradoxo (Aquarius)

Tomei nota que, apesar de falar tão bem do futuro, é no passado que o coração dela sente-se seguro. Se ela some, não é por mal, é que, às vezes, precisa tomar as rédeas das decisões que toma por puro capricho. Em delírios sãos, transborda toda a sua inconstância e faz isso com tesão, porque senão, joga tudo ao vento, já que se perder é seu maior objetivo.

Se fosse um objeto, seria um livro que ainda está sendo desenvolvido, um de vocabulários rebuscado e bonito, um daqueles que você precisa se concentrar pra entender o que nela há escrito, principalmente, porque, num piscar de olhos, muda a informação que tinha lá há poucos segundos. É um paradoxo sim, mas se troca de direção no meio do trajeto, não o faz por ruindade, é porque realmente acredita que é pra lá que deve seguir. Ela tem essa mania boa de contrário; de ter um orgulho que não pode admitir e de ser só carinho quando se menos espera, pois sua melhor definição é quebrar todas as esperanças.
-Não espere nada de mim. - me levantou o indicador num dos tantos dias em que estávamos ébrios.
-Não o farei - respondi num dar de ombros.
-Sério, eu sou muito de momento - ela me encarou com aqueles olhos profundos - gosto de decidir tudo de última hora.
-Discordo e concordo - acabei gargalhando, fazendo-a se eriçar.
-Como assim?
-Você não vive o presente, vive o passado e o futuro, isso que lhe faz tão imprevisível, então você não é de momento, mas, ao mesmo tempo, é o que decidir na hora.
-Eu sou um paradoxo? - ela constatou com os olhos brilhando.
-Será? - o beijo que ela me deu pareceu significar que gostou daquele elogiar.

A grande graça é que meu jeito de questionar, apenas por diversão, parece fazê-la gostar de ser assim: um conjunto de interrogação que, às vezes, também tem alguns pontos de exclamação. O que mais gosto nela é que, por ter o sol em Aquário, ela não cabe em si mesma, como se fosse de sua natureza transbordar apenas pra confundir, mas principalmente, pela forma como demonstra seu aparente súbito amor por mim: em doses de carinho espontâneas.

quinta-feira, 28 de abril de 2016

Abismo (Pisces)

Foi a risada dela que me chamou atenção, mas foi o olhar que fisgou de vez. Não precisei falar que a vida é viva, é mudança cíclica, sempre dinâmica, ela já sabia que o melhor é a jornada e não o destino. Em seus olhar dum brilho ímpar, pude notar que, pra ela, o mais importante são as pessoas que se encontra nesse caminho.

Caminhando de forma trôpega, como uma artista a pincelar aquarelas abstratas com os dedos, ela me encantou o suficiente para calar meus lábios que raramente se cansam de falar. Sorria de bem consigo mesma, como se todos os problemas do mundo pudessem ser resolvidos com um abraço e na hora que ela me apertou na nossa primeira despedida, não pude deixar de concordar com essa tendência. Tinha como inibir de me apaixonar?
Paixão é a vontade dela de se envolver em aventuras, sem se importar de mergulhar, pra se perder no abismo que é pensar em sentir. Ela fala de suas vontades sem condições, rancor ou maquinações. Prefere ser imprevisível no discurso, nos sorrisos e na forma como descreve seus sonhos.

Sonhadora nata, desenha no coração, mundos que não parecem existir; esculpe na mente, pessoas tão irreais; seria capaz de construir sua vida de sonhos, porque é capaz de ver o lado bom do mundo como ninguém vê.

Por ter visto nela, tanta possibilidade de felicidade, me atrevi de mergulhar num abismo de sensações que só pude provar no primeiro beijo que ela decidiu me presentear num dos tantos momentos que fiquei admirando-o toda sua profundidade. Sou felizardo, então, por não mais fazer parte da maioria das pessoas que só enxerga a sua superfície, consigo, hoje, vislumbrar todas as maravilhas submersas no olhar perdido dessa pisciana linda.

segunda-feira, 25 de abril de 2016

Oportunidade

Uma vez só na vida, vale a pena mergulhar de olhos fechados. Me dê uma noite de oportunidade.

O que difere um oportuno de um oportunista é mais que a lexialidade. Com um momento, um tipo misterioso pode ditar as únicas palavras que tirariam os trilhos de estabilidade da sua existência.

Existem quebras de paradigmas que expõe possibilidades incríveis. Quando lhe pedi permissão pra lhe roubar, não foi pra você se deixar levar, apenas queria uma cúmplice num crime que pode nos arruinar.

Sou uma ruína a tudo que lhe existiu até então. Odeio falsa modéstia, por isso tenho de lhe confessar que, provavelmente, sou um ponto crítico que não pode passar despercebido. Só por uma noite, uma única oportunidade de felicidade. A beleza das possibilidades.
Pode ser que esqueçamos de tudo amanhã, principalmente por causa teor etílico que nossa conversa faz questão de propiciar; pode ser que nem nos importemos quando o sol brilhar na próxima manhã, mas por hoje à noite, gosto da ideia de me arriscar. Desejo muito tornar em líbido toda a vontade que transborda da ponte criada entre o meu e o seu olhar. Cada mordida sua no lábio, cada suspiro soprado. Um único beijo e quem sabe o que poderemos vivenciar? Se a gente só vive uma vez, quero fazer de você a inspiração dessa noite e não há mais nada pra se preocupar, nada mais pra projetar. Um beijo roubado e arrependimentos não vão se criar.

segunda-feira, 18 de abril de 2016

Dia de Temer

Não só porque hoje é uma segunda-feira ímpar, mas hoje é dia de temer. Deixo bem claro que é válido, principalmente para reflexão, pois, sinceramente, só refletindo é que dá pra tentar entender o que está acontecendo com a gente. Ah e sim, o título desse texto é um trocadilho, porque como tudo que será exposto aqui, um trocadilho é um convite ao pensamento.

Penso que hoje é dia de temer, não o futuro do Brasil, porque esse já está em xeque há muito, sim o futuro dos brasileiros. Veja bem, hoje temos uma polarização, que, se fosse em outrora, poderia ser linda, porque seria erradicação da alienação, todavia, hoje, nada mais é a intolerância e o ódio se manifestando através de discursos apoderados. Temos claramente dois times e crentes diferentes: os vermelhos e os canarinhos. Existem vários rótulos e características pra descrevê-los, considero todas preconceituosas, já que no meio de ambos os grupos, existem representantes dos rótulos dos outros, engraçado, não? Os que usam a estrela como símbolo, acusam ser golpe, quando, na verdade, é apenas uma manobra da nossa pífia constituição. Desculpa, mas não é golpe. Golpe é quando a constituição para de funcionar. Se há algo a reclamar é de como nossa constituição não parece se valer funcionar pro que ela pareceu ser elaborada pra ditar. Aos paneleiros tenho de avisar: não há luta contra a corrupção. Até porque não se pode erradicar uma característica cultural de um país. Erradicar a corrupção é uma utopia como a acabar com o futebol ou a nossa principal religião. E sim, estou envolvendo os três temas que não se "deve" colocar em discussão, porque sim, a ideia disso aqui é levantar questionamentos que não se faz há bastante tempo.
Se você chegou nesse trecho do texto, quer dizer que, minimamente, não faz parte da corrente do ódio. Existe um motivo pra que eu não tenha opinião decidida: não há unanimidade nessa situação. Me situo apenas como um individuo que tenta entender toda a informação que recebe e, na maioria das vezes, questiono a opinião do discurso. Desde que o Brasil (felizmente) começou a conversar sobre política, fiz questão de sempre propagar minha omissão de opinião, exceto para aqueles que a solicitaram de bom coração. Não é que eu não tivesse opinião, é só que eu, raramente, me senti à vontade em combater ódio com argumentos. Entendia (e ainda entendo) que estamos vivendo um momento interessante da nossa formação política: a transição da alienação política (iniciada nos anos 90 do século passado) para a ignorância. Não é aula de história, não é sequer relato da minha memória, é apenas conclusão óbvia. Hoje, somos ignorantes e isso não é de todo ruim. Um exemplo disso é o fato do país solicitar (não importa que parcela da sua população) dois processos de impeachment em 7 eleições. Se levar em conta as reeleições, é como se a cada 3 presidentes, um os brasileiros não soubessem eleger. É ignorância sim. E aqui, tenho de definir que ser ignorante não é de todo ruim, é apenas admitir a capacidade de aprender, porém, por aqui, ser ignorante soa como algo bastante negativo.

Negar essa situação é que seria maléfico. O que nos falta é educação. E não, não estou falando do ensino que recebemos pra passar em provas. Esse ensino é até interessante, mas, raramente, nos serve de alguma coisa além do que vivenciamos nas escolas. Precisamos nos educar e, para isso, é preciso buscar conhecimento. Não aquele que nos é fornecido a todo momento. Ser passivo é aceitar o que é imposto sem motivo e, por consequência, acatar as decisões de quem quiser ser ativo. Atualmente, a grande maioria dos brasileiros é passivo politicamente, elege um dos candidatos que tem chance, porque não dá pra jogar fora seu voto, certo? Discordo veementemente. Meu voto é nulo e não sinto que estou jogando ele fora. Não vou votar no menos ruim porque tenho medo do que o pior possa fazer com nosso agora. Votarei apenas num candidato que mereça minha confiança e isso vale, não só pro executivo, como pro legislativo também. Até ontem evitava falar meu voto, porque se ele é secreto, porque preciso divulgá-lo? Não é por medo, é por ter certeza que poucos entenderão minha escolhas e menos ainda não me atacarão com indignação.

Indignado fico com o ódio propagado pelas ideologias que nada tem de política. Os vermelhos vestem essa cor por se sentir minoria e pessoas que olham pelas causas sociais, concordo que fazem isso mais que os outros, mas isso não os torna justiceiros legais. Os canarinhos clamam por um país melhor, mais justo, que basta de roubalheira, quando, na verdade, são aqueles que são coniventes com a maior parte dessa má brincadeira.

Sinto que estão brincando, ou não sabem do que falam, quando escuto dizer que é um golpe. Desculpem-me, vermelhos, mas não é. A nossa constituição que deveria ter sido feita pra trazer a voz do povo de forma representativa para a câmara de forma a criar leis e legitimar a voz das ruas, nada mais é que uma fachada, pois nos últimos vinte anos, quem mais tem legislado o país é o executivo e o judiciário (através de decretos e súmulas vinculantes, respectivamente). Nossa constituição é uma concha de retalho, se você protesta contra o golpe, você, na verdade, deveria protestar contra uma constituição tão pífia e, isso sim, seria um golpe. Entende a contradição?

Contradito também o discurso canário, quando eles cospem palavras que é pelo melhor da nação, erradicar a corrupção. A nossa cultura nacional (infelizmente) foi construída alicerçada na ideia de ganhar do próximo. Contudo, não é questão de produzir mais que ele e sim de tirar o que é dele. Daí nasceu o histórico malandro, o famoso jeitinho brasileiro e o atual zueiro. Somos assim porque mais de dois terços da nossa população se originou contra sua vontade e o poder nunca esteve preocupado em ajudá-los.

Ajuda-me, aqui, nessa altura do texto, definir constituição: é o ato consciente de tomar uma atitude, previamente entendida como incorreta, para beneficio próprio. Lamento em dizer, mas você é corrupto. Quer testar? Você já atravessou fora da faixa de pedestres? Corrupto. Entende a contradição? E não adianta dizer que isso não faz mal a ninguém não, é corrupção. Enquanto não fomos educados a não tentar nos beneficiarmos do bem comum, continuaremos pensando só no um e não no todos. É nossa cultura, não dá pra erradicar (vale citar que em vários países, nem se cogita atravessar fora da faixa, só em caso fortuito e isso não é considerado benefício próprio).

Sentindo que, minimamente, desconstruí os dois grandes argumentos do ódio propagados ultimamente, finalmente, posso definir o objetivo desse texto: o que você pode fazer pra mudar nossa contexto? Parece ser bem louco, porém, agora você pode começar fazendo bem pouco: estude. Há quem vá dizer que irá fazê-lo, contudo, não o fará, porque em mais uma das falhas da nossa formação cultural, acreditamos, intrinsecamente, que os estudos são cansativos e não glorificam, principalmente em áreas que pouco nos irma melhorar. Pra quê, então, estudar politica? Simples, pra saber em quem votar. Pra não temer mais o dia que irá chegar. Estudem sobre seus candidatos, os planos de governo dele, quem sabe assim, não precisemos mais protestar contra aqueles que elegemos.

Se você leu tudo que explanei, primeiro obrigado pela paciência e por último, espero, sinceramente, que sirva de reflexão. Se você for pra rua, não carregue discurso de ódio não, chega disso, todos, mesmo que em óticas bem dispares, queremos o melhor pra nação.

quinta-feira, 7 de abril de 2016

Castelos de Areia

Você já conseguiu ler,
O romance que foi escrito,
Sobre a nossa história?
Ficou tão bonito,
Nem parecia ser,
Baseado nas nossas memórias.

Agora, estranhos chegam perto,
Achando nos conhecer bem,
Sem saber ao certo,
Que fomos tão mais além.

Vivemos nessa realidade,
Concretas como castelos de areia,
A procura de sanidade,
Aceitando verdades alheias,
Como se fossem nossas verdades.
Buscando júbilos contagiante,
Esbanjando aflições dilacerantes.

Nos rotulamos como casal,
Aceitamos ser mais bem do que mal,
Colocamos forcas nominais,
Que tiraram nossa paz,
Pensando que era tão divertido,
Tolos, bobos iludidos.

Descobri ontem à tarde,
Que ainda falam da gente,
Como um amor tão forte,
Permeando em alardes,
Pessoas com tanta sorte,
Que jamais fomos, infelizmente.

Contudo, mantemos lembranças,
Dos sorrisos tão bons,
Suspirados nas tantas danças,
Orquestradas pelo nosso tom.

Alicerçamos nosso tipo de amor,
Como um castelos de areia,
Esquecendo da vindoura maré,
E nos divertimos com louvor,
Alimentando a tola e boa fé,
Que não teria destruição alheia.

A ruína se fez naturalmente,
Não acinzentando as fotografias,
Que capturamos, pra permanentemente,
Guardar no coração com nostalgia.

segunda-feira, 4 de abril de 2016

Detalhes

Aquele sorriso a levou pra longe, fazendo o tempo passar, como há muito não se fazia disparar. Surgiu, repentinamente, numa tarde qualquer. Ela lembrava sim, com detalhes demais para se fazer esquecer que, apesar de coadjuvante de uma situação em que ambos só podiam observar, se fizeram protagonistas de detalhes em particular.

Partilharam risos divertidos e na hora de se despedir, ela sentiu que gostaria de ficar mais. Chegou em casa sem lembrar como era ter paz. Havia tanta saudade em seu peito, de sentimentos que vivia inibindo, vivendo num mundo otimista que tinha de alimentar para não se amargurar.

Amarga foi a sensação que ficou depois da ausência seguida do primeiro roubar. Os quarenta centímetros que ele enumerara como quatro mil milhas, pareceram aumentar, até que, sem querer, sem nem planejar, descobriu de um passado que não poderia ignorar.
Optou por se fazer ignorante às máscaras que ele sobrepujava no coração. Tinha tantas verdades que não queria encarar, sobre sua vida própria, que não seria problema aceitar mais uma mentira. Deixou o tempo passar, tratou de aproveitar as verdades, que eram tudo que parecia lhe importar.

-Assopre as velas - ele lhe disse rindo, entre beijos no pescoço.
-Que velas?
-Do seu bolo de aniversário.
-Mas hoje não é...
-Dos que já passaram - o sorriso audacioso dele a faziam indagar quanta astúcia ele podia carregar - você já viveu muito para continuar tão tímida.

A primeira noite deles foi muito mais do que linda. Tanto que agora, enxergando a chuva que não parava de lhe fustigar, três meses depois da última palavra lhe falar, àquelas memórias, seus detalhes, e as velas que ele lhe sugerira, ainda não conseguia apagar.

Apagaria, se pudesse, o tanto dele que permanecia em si: o olhar selvagem, o tempo e as viagens, cada lembrança, cada paisagem. Todos os momentos que falaram sem parar, principalmente o que o silêncio de ambos nunca chegou a lhes incomodar.

Apesar de cômodo, o agora era acinzentado, por saber que mesmo eles pertencendo apenas ao passado, notar, diariamente, que ainda mantinha segredos escondidos, já que em vários diálogos teve seus lábios mordidos, por ninguém menos que ela mesma, por medo de revelar seus próprios detalhes a todos desconhecidos, seus sonhos loucos demais para serem proferidos. Por mais que lutasse contra aquele defeito, não conseguira mudar o fato que tinha uma voz fraca pros pensamentos que transbordavam sua mente.

Mentia ainda, mesmo tendo passado tanto tempo daquelas memórias lindas, para tentar afastar cada detalhe dele. Para inibir de si a sensação que nunca sequer chegara a ser um amor pra ele. Fora apenas companhia embaixo dos cobertores, preenchendo espaços vazios que o coração, declaradamente, deformado dele tinha. O calor que ele precisara em tantas situações desfavoráveis.

-Por favor - entoou para si e para a chuva - apague essas velas e os detalhes dentro de mim.

terça-feira, 29 de março de 2016

Mais-Valia

Tudo que eu sempre quis foi o mundo, não é questão de ganância, só não posso evitar essa vontade de precisar de tudo. Sou uma obra-prima da ascensão à queda, numa única jornada para me fazer válida.

Mais-valia é uma excelente definição para quem aceitei que sou e se pareço meio difícil para você, a culpa é do seu costume de ter se envolvido, outrora em sua memória, com outras tão simplórias.

É simples pra mim como nos estabelecemos: entre um riso provocador e uma piscada lasciva, soube que você já está nas minhas mãos. Não foi sua culpa, homens tendem a tomar decisões apenas com o sangue que corre em suas veias e, provavelmente hoje em dia, após me conhecer melhor, você pode ter noção que sou o insumo mais eficiente para fazer o são se tornar vão, a razão se perder em tesão, independente de qual seja a alheia interpretação.

Mal interpretada poderei até ser, não é como se me importasse assim. Não sei quando, nem porquê, mas em algum momento tomei nota que poderia viver do jeito que me prego, sem amarras ou clausos, sem ludibriar aos outros meu afeto sincero pelo meu ego. Sugiro, inclusive, que se você nutre algo no âmago do seu ser, experimente libertá-lo, pra entender, como é tornar canônico algo que nasceu pra ser.
Serei então, o que me apetecer. Sou a protagonista da minha própria vida e, se lhe resigno sensações torpes, sendo assim, melhor seria que se afastasse de mim. Essa minha intensidade é de fluxo forte e não desejo lhe arrastar para algo que não lhe enobrece. Contudo, se minha existência, de alguma forma, ensandece algo ai dentro, é porque valho mais que os conceitos normalizados que costumavam a lhe privar de se deixar levar.

Leve será, então, se me valorizar pelo que podemos, quem sabe, um dia nos tornar. Nada vou lhe prometer nada além do que eu tiver vontade de querer.

sexta-feira, 25 de março de 2016

Hora-Local

Pare aí, vá de ré,
Quem te fez, atuar,
Uma vida, tão feliz?

Eu tou aqui,
Mantendo a fé,
Feito de tolice,
Sem tentar fingir,
Nem um único sorrir.

Uma lástima dizer,
Tuas juras, um porém,
Já não servem bem.
Meus dias, agora têm,
Um eficiente despertador,
E se você, desejar,
Terá de agendar,
Uma hora, meu amor.

Olha aí, tenha fé,
Pra se encontrar,
Olhe só, seu nariz.

Sigo, por aqui,
Sem engatar a ré,
Feito sempre lhe disse,
Não dou passo pra trás,
Se não foi, não será mais.

Já não dói, perceber,
Tuas mensagens, leio nem,
Teu contato, foto não tem,
Meus dias, agora são sem,
Seu trânsito enlouquecedor,
E se você me almejar,
Terá de localizar,
Onde anda meu amor.

Teu rosto, já me é um qualquer,
E na multidão de histórias,
Que se não me serviam mais,
Optei por apagar da memória.

Se tiver, algo que quiser,
Recuperar da nossa história,
Lamento, todavia, não há nada mais,
Já passara a hora de jogá-la fora.