Aqueles grandes olhos pareciam captar algum detalhe a mais que só ela consegue observar. Cada pouca palavra entoada, parece ter sido escolhida ou numa estratégia muito bem resolvida, ou num rolar de dados bem divertido. Isso até ela sentir que pode se soltar, pois quando o faz, é pra todos conquistar. Ela é impossível de decifrar, pois assim como as fases lunares, sua vontades são mutáveis a partir das suas percepções singulares.
-Eu não sou difícil de conquistar não.
-Diga isso pro meu coração...
-Ora, não foi ele que estava interessado em se inspirar nos meus sorrisos?
-Você lembra de cada detalhe, não é? - fico rindo por ela evocar as palavras do nosso primeiro papear.
-Detalhes são preciosidades de se lembrar - e foge pra me enlouquecer.
Ir atrás dela é como bater numa dobra do mar: só me resta remar e apontar pra fé. Cada sorriso dela me significa que estou navegando em boa maré, ou então que o meu vento está indo contra o cais, já que cada um de seus sinais, são tão complexos até pra mim, um grande admirador do mar. Mesmo à deriva, é delicioso perceber quão carinhosa ela consegue ser em detalhes que qualquer outra pessoa, que não ela, iria esquecer.
Não esqueço que, por ser canceriana, ela tem o dom de se prender a cada detalhe do passado e isso é muito bem pensado: cada mágoa vivida lhe preparou para não se entregar tão fácil, ela crê no amor, mas não vai se entregar sem pudor. Ela acredita sim, no destino, mas se o acaso há de se esconder, não mais se preocupa, porque, aos poucos, parece confiar e entender, que nosso amanhã parece ter um bom pra quê.
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