sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

Até Quarta-feira

De hoje em diante,
Não tem mais jeito,
Já vou pisando,
Correndo e pulando,
Tropeçando pra me manter de pé,
Talvez esbarrar onde ela estiver.

Com palavras poucas,
Ressoando a voz rouca,
Você vai saber bem:
Como quero a língua tua,
Tomá-la com gosto,
Pra felicidade crua,
Estampar no seu rosto.

Vai ser efêmero, mágico,
Entre frevo e troça,
A paixão é toda nossa,
E na hora de se despedir,
Não há espaço para o trágico.

Somos o que tivermos de ser,
Enquanto você se perde por aí,
Faço o mesmo por aqui,
As ladeiras são tantas,
Ninguém tem alma santa,
Não há porque se preocupar.

Se me achar, me queira,
Se não, até quarta-feira,
Gosto de brincar assim,
Você é toda sua,
E eu só pertenço a mim.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

Pintar

Pode-me pintar da cor que quiser,
E eu posso ser seu mocinho,
Mas pelo sorriso que eu der,
Vai dar pra você perceber,
Que eu gosto mesmo é de ficar sozinho.

Se meu olhar está distante,
É porque o desejo se foi,
Não me culpe por não ser como antes,
Eu nunca prometi nada pra depois,
Infelizmente não deu certo pra nós dois.

Você acha que estou preso,
Porque me mantenho por perto,
É só que não acho certo,
Lhe deixar só com todo esse peso.

Pode-me pintar de que cor for,
E eu posso ser seu palhaço,
Mas pelas minhas palavras sem amor,
Você vai perceber e se indispor,
Que não é capaz de me botar pra baixo.

Não me encaixo no seu peito,
Porque se acha que sou como outros,
Melhor enxergar direito,
Não sou o que você espera,
Minha hipocrisia não é coincidência mera.

Pode-me pintar da cor que lhe convir,
E eu posso ser o seu vilão,
Mas pela minha forma de sorrir,
Você saberá que não desejo lhe destruir,
Eu só não me importo com seu coração.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

Libertar

Você me tem na palma da sua mão, escorrendo como areia em seus dedos, porque não consegue compreender, que apesar de já me ter, não é capaz de me conter, quero você, mas não sou de alguém pra lhe pertencer.

Sim, perto de você, percebo que não quero mais o que costumava querer, não preciso mais o que, antigamente, precisar, nem vejo o que, em outrora, via.

Vejo, agora, que estive esperando e trabalhando pra ter um retorno bom de tudo que plantei, tudo que perdi e, embora não saiba que fim vamos ter, já sou grata pelos sorrisos que você me fez exibir por aí, porque desde que você chegou, com essa sua mania de sonhos divulgar pra quem quiser ouvir, minhas noites tem tido esse seu sorriso como tema recorrente.

Recorri, inicialmente, ao desapego comum, por temer que você seja só mais um que tentará me domar, porém, a cada novo encontro aceito que você pode ser o Um. Vivo repetindo pra mim mesma:

-Não há o que temer - então porque ainda me sinto insegura? Talvez seja minha liberdade me chamando pra dizer que você pode me ajudar a me libertar, mas eu não queria ser ajudada, entende? Gostaria de ser a única protagonista de minha própria trajetória.
Seus trejeitos são maravilhosos, sim, não nego. Tenho saudade do seu cheiro, do seu gosto e do seu toque. A vontade me transborda tanto que me vejo agindo como não achei que seria capaz de voltar a agir. Quase uma romântica novamente, mas eu sou livre, então não pense que vou me entregar. Você pode até me provocar, porém serei eu a decidir se você é capaz ou não de me ajudar a me libertar.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

De Rua

Você diz que não é,
Mas pra mim pode ser,
Tenho esperança até,
Que seja o que for,
Enquanto sorriso tiver,
Rótulos não hei de pôr.

É que meu peito é de rua,
Gosta da aventura em si,
Você sabe como sumir,
Se chega, me bota na sua,
Some, deixa uma saudade nua.

Fico rindo disso tudo,
Como, depois de tempo tanto,
Arremataram me facilmente,
E assim, de repente,
Voltei a crer em algo pra frente.

Nesses tempos cheios de folia,
A gente dista um veredito,
Por só importar que todo dia,
Palavras trocadas nos encham de cor,
Aplaquem a vontade tendendo ao infinito,
Principalmente do olhar, do beijo, seu sabor.

É que minha vida é de lua,
Gosto de não saber enfim,
Se você me quer prum sim,
Sempre que chegar, me botará na sua,
Quando ficar, será felicidade crua.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

Trambique

Você é a razão de eu acreditar em algo que não entendi, porque faz assim, tão fácil; torna esse desapego tão bonito, me rendendo ao irracional tão rápido, me perdendo em juras tão surpreendentes e sinceras pra mim, mesmo que seja eu, o único a proferi-las.

Sem intenção de me ferir, sei que você só pretende se divertir, não é como se eu não soubesse porque chegamos aqui, porém confesso que nunca me imaginei assim: a mercê de um olhar capaz de riçar todo meu ser, que desperta sorrisos em minha alma, me transborda em calma, que me faz esquecer todo o drama que, usualmente, gosto de impor a qualquer trama que minha vida venha a ser cenário.
Fazia cena, até lhe reencontrar, até entregar de mim mais do que eu lembrava ter. Tenha pena, se puder, na hora de voltar a desaparecer, porque, se lhe apetecer, provavelmente ainda estarei a espera do que você tiver pra me oferecer. Sei que isso pode soar como uma mendicância de atenção, contudo, é só eu sabendo que, em breve, você vai sumir sem nenhum sermão, como em outrora, e eu vou ficar sem a única pessoa que conseguiu trambicar o ladrão que costumava deixar sorrisos em troca dos corações que surrupiava para sua infantil coleção.