sexta-feira, 30 de julho de 2010

De Mãos Dadas

Corpos podem se combinar,
Mas sangue não se mistura.

Nascemos a sós, e terminamos no pó.

Estamos sempre chorando sozinhos,
Mas agora que estamos solitários,
Simplesmente acreditamos ter algo em comum,
Por isso, acabamos ficando juntos de semelhantes,
Mas eles simplesmente não são a solução.

Por algum motivo arbritário,
Nos unimos e ambos damos as mãos,
E num piscar de olhos, desaparece a solidão.

Enquanto vamos sentindo o calor do outro,
Um vazio vai aparecendo, revelando as falhas da relação.

Eu não pude ir mais para a frente,
Por causa do meu passado,
Meu coração foi destrído, reconstruído,
Deformado, ficou assim, vendado.

É hora de irmos adiante,
O batimento do meu coração esta acelerado,
Não fuja da minha dor, não quero voltar ao
você vai crescer com cada novo mão,
Sem perceber, um novo amanhecer está próximo,
E a escuridão que nos amedrontou está se esvaindo.

Eu quero brilhar,
Por favor, vamos ter juras que nuncam mudam.

Desde que a conheci, não tem muita certeza das coisas,
Essa estrada pode não ser necessariamente a correta,
Tenho um pouco de medo de voltar a ficar sozinho,
Mas eu tenho que dar o primeiro passo antes que eu possa ver algo,
voce mesma disse:
"Apenas decida qual o caminho é certo, quando já estiver seguindo-o"

Essa mania sua de escolher, deve ser jogada fora,
Em tempos complicados, como agora, largue-os por aí,
Como uma prova de que você está seguindo em frente,
Deixando os arrependimentos e inseguranças para trás.

A pontinha de um alvorecer brilha por entre os prédios,
A sorte será lançada, vamos, chegou a hora de tomar as rédeas,
O destino balança entre nossas palavras escritas

Dias felizes vão surgir, nas nossas lembranças de profunda escuridão,
Devemos suportar a tristeza, e quando cairmos no chão, olhar para o alto,
As nossas mãos sujas, se mostrarão lindas se permanecerem juntas.

Se começar a correr juntos
Podemos carregar toda nossa dor juntos.

Bruno M. Tôp

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Figurantes

Um mendigo adiante passando fome; uma criança maltrapilha sendo maltratada; um homem dormindo no papelão; mulheres ofertando o corpo a cada esquina.


Tudo passa despercebido aos seus olhos. Egoísmo natural, seres humanos são assim por essência, hipocrisia é a principal fonte do discursso daqueles que pregam o altruísmo.

Segue em frente, com suas dúvidas no coração, são mais importantes que uma mãe se dilacerando pelo assassinato do filho em mais um assalto. Na sua cabeça, eles são apenas figurantes, dentro de uma hora, a memória já deletou a participação deles em sua vida.
Como um ato, numa tragédia, cada figurante é protagonista de sua própria complicaçao. Desde 1914, repetimos o mesmo ato, quem morre ao nosso lado, perece ali, e fica pelo caminho.

Zumbis, vão se amontoando, expectros de futuros tão brilhantes, de vidas que podiam ter sido estrelas, ídolos, pais... O destino não é tão justo assim ou é?

Sacode a cabeça, lembra dos olhos âmbar dela; É bem mais interessante tentar solucionar seu problema, e ignorar o que acontece a sua volta. Afinal são simplesmente figurantes.


Bruno M. Tôp

domingo, 18 de julho de 2010

Suspiro de Aleluia

Eu soube, de alguma forma que não sei explicar, que havia um acordo secreto pra nós dois, elaborado por uma força que não sei mensurar: entre o quarto e um quinto acorde, de uma balada apaixonadamente piegas, nós nos beijamos pela primeira vez. O amor se projetou em nossos peitos: olhos e sorrisos numa sincronia que jamais sentira antes, tudo parecia bem demais, só que, infelizmente, no mundo real, não é assim que o destino se faz.

Sua convicção era forte e você sempre precisou de provas concretas que eu não conseguia dar. Entre desencontros e cantadas ao pé do ouvido, acabamos repetindo aquilo que deveria ser eterno. Ainda não consigo tirar da memória a imagem de você me encarando sob o luar. O trono que sempre estivera vazio, num coração congelado, oco e deformado, foi usurpado por você, simplesmente assim, incoerente, como amor sempre é no fim.

Acariciando seus cabelos no meu colo, retirando de seus lábios juras de um amor eterno, deixei que meus mais profundos flagelos fossem ocultados; era um milagre, os alaúdes no meu coração sussurravam Aleluia, a felicidade voltara a me tomar o peito. Suas costas cabiam tão bem no meu peito, meu all star velho de guerra combinava perfeitamente com sua sapatilha delicada; o outono estava mais frio que o normal, excelente para me agarrar a você, sentir seu aroma doce se impregnar em mim, enquanto nos esquentávamos conversando sobre coisa qualquer.

Todas minhas promessas de me enclausurar no desapego e na amnésia sentimental estavam ruindo ao seu toque, como numa ação premeditada, quase divina; foi tudo muito rápido e o que normalmente levaria décadas, ocorreu em onzenas éramos um do outro, e ponto final. Só que, infelizmente, como bem sabemos, as reticencias são feitas de pontos finais: o Eu e Você tornou-se Nós sem obedecer as regras de espaço e tempo, acabando assim por nos tornar criminosos das leis do destino, e era meio que óbvio que nossa impunidade não duraria muito mais.

Por alguns defeitos meus, e a maioria dos seus, desentendimentos se tornaram constantes. Rancor, desapego, frieza, ciúmes, falta de dialógo, inadiplência em admitir sentimentos... Uma lista grande foi se formando, aumentando, nos afastando. Eu que havia te deformado, para se encaixar no meu coração defeituoso, não te queria mais tanto assim. E o que antes era um aroma cítrico para você, adocicado para mim, se tornou sabor acre, dor pugente, agonia de um sorriso vazio. Meus olhos amendoados se tornaram desinteressados, seus olhos âmbar, viraram rancorosos.

Um hiato se formou, simplesmente por não darmos a verdadeira importância do que estava acontecendo, você não admitia seus sentimentos, eu não procurava uma solução.

Querida, eu já estive aqui antes, eu vivia sozinho antes de conhecer você, deliciado com minha amargura enebriante, vacilando entre versos solitários, sussurrando como um cafajeste embriagado, uma raposa envenenada, afugentada. Agora, você nunca se mostra, porém, tenho uma certa certeza que você se lembra muito bem do dia em que conquistei meu lugar em você. Não foi muito desafiador, confesso, seu coração, como você mesma admite, fica exposto, do lado de fora, fácil de ver e pegar, mas eu simplesmente roubei, pois sou gatuno, vulpino; um ótimo ladrão.

Entre os arcos escritos pelo destino, pelo gosto por músicas, palavras, versos, sentimentos e lírios, nos reencontramos. Só que diferente do que possam imaginar, o amor não tem marcha da vitória, é apenas intenso demais, bom em certos momentos, doloroso durante a grande maioria do tempo que resta: é um frio feito para sofrer, deixando apenas a sensação de alivio nos raros dias quentes que o destino nos brinda.

Hoje eu percebo que a nostalgia nos encara com um sorriso de deboche; houve um tempo em que você me dizia tudo o que realmente acontecia entre suas razões e emoções, mas agora, se ainda estivéssemos juntos, eu precisaria ler você, decifrar cada código que você criou pros sentimentos que mantem suturados dentro de si. Se hoje, ainda fôssemos o que já fomos em outrora, eu teria de descobrir o que fazer o tempo todo, não é mesmo? Teria de arrumar um jeito de fazer as coisas certas para tentar ter alguma chance de aproveitar quem você é hoje. Será que você se lembra do bem que te fiz, quando roubei você, e aquele seu suspiro após o primeiro beijo? Aquele foi um sussurro de Aleluia, ah se foi.

Talvez haja um Deus lá em cima, mas tudo que aprendi sobre amor, é que ele simplesmente acontece para aqueles que aceitam quem são; é como dar a outra face para aquele que esbofeteou você ou ficar confortando em silêncio à um choro que você pode ouvir toda madrugada. Apenas sei que não é um sentimento perfeito; pelo contrário, exibe na maioria dos casos, uma tonelada de defeitos! Nada mais é que a crença num algo melhor, utópico; um suspiro de Aleluia.

Estou aqui, como sempre, olhando uma foto sua, me arrepiando ao analisar seu sorriso, re-lendo cada palavra que acho ter sido escrita para Mim, para Você, para Nós; feitos por Mim, por Você, por Nós. Ainda resta uma esperança, entorpecida e agarrada, ainda há um suspiro de Aleluia pra Nós.

sábado, 10 de julho de 2010

Palavras Correntes

Eu simplóriamente, tenho de admitir que não posso ir mais longe que isso; queria tanto, é o meu maior desejo, porém vou ter que ficar aqui.

Gasto todo meu tempo pensando, só lembrando de você. Todo dia sim, eu estou realmente sentindo sua falta; e todas aquelas coisas que costumávamos a fazer juntos, por hora me fazem sentir um incomodo no peito e nas memórias. Éramos só você e eu, e agora parece tudo tão... Distorcido.

Me perco dentro de mim, refletindo sobre nós. Tentando a todo custo nos entender, me entender. Só que sou um tanto dificil assim de definir, você bem sabe. Faz pouco ou muito tempo que nos conhecemos? É relativo, afinal não lembro muito bem de ter vivido uma vida sem você. E quanto mais eu tento chegar a um veredicto sobre mim, mais me complico. É, sou um livro, que o autor não terminou de escrever, e fico lendo partes ao acaso, para complicar mais ainda minha existência.

Tudo que sai da minha boca, é lábia, ou não... Eu realmente não sei. As palavras tem um poder bem interessante, quanto mais você as diz para si mesmo, mais elas parecem ser verdade, e aí uma mentira que jurei pra mim mesmo, hoje é minha maior verdade. Aos poucos elas vão me acorrentando, e uma raposa que deveria ser livre, se prendeu a histórias que nem ela sabe explicar. É um ciclo vicioso, cada nova mentira, precisa de outras vinte para sustentá-la, só que eu simplesmente inovei, nada melhor do que basear uma verdade numa mentira, e vice-versa, as pernas não são nem curtas nem compridas.

Se você deixar, eu me torno um monólogo de mim para eu mesmo. Sem entender onde tropecei, para chegar a essa história. Talvez entre a esquina do desapego, e a rua da amnésia. Um pouco de tudo eu acho. Está vendo, aqui estou eu novamente tentando me definir com palavras correntes; que vão aprisionar, sem eu nem perceber o porquê.



Você pode me encontrar pelo caminho, no acostamento. É lá onde estarei esperando por você, me afogando nas dúvidas que eu mesmo me mergulhei. Estarei procurando um ponto de apoio, para me manter intacto, estarei procurando seu colo, noite e dia. Você levou meu coração ao limite, e é lá onde ficarei; eu não posso ir mais longe que isso, eu te quero tanto, é minha maior vontade.

Eu navego a mim mesmo, pra me levar aonde você está, porque é o amor, que me faz querer você perto de mim todo dia, eu amo você à qualquer distância, de qualquer maneira. Pois mesmo eu mostrando tantos vícios e virtudes, você nunca se impressionou demais com nenhum dos dois, só de esse tipo de sorriso, e fingiu que tudo era natural. Interessante, eu te dei todos os motivos para você estar aos meus pés, e todos os motivos para você fugir de mim, e mesmo assim, você acontinua do mesmo jeito livre de sempre.

Na minha cabeça, existe uma complicação rotineira. Eu sou raposa, sou gelo. Estou perdido numa nevasca de mentiras e incertezas, tenho que roubar para me alimentar, e mesmo assim, preciso não me congelar. As mentiras que jurei pra mim mesmo, hoje parecem tão verdade, menos para você, que simplesmente não é afetada por elas.

Foi tudo ao acaso, você surgiu assim, de uma forma estranha, que não sei dizer se foi minuciosamente planejada pelo destino, ou se foi esquecida por ele. Sabe, o destino na verdade, é a ponte que liga o coração de pessoas que se amam; esse é o nosso caso? Se for, então vamos passar pela ponte, para o outro lado, os momentos em que eu sou só seu, no seu colo, no seu sorriso, no seu olhar. Só você e eu. Eu voarei pelo céus, livre, só para te acompanhar, sei bem que ainda estou acorrentado as minhas juras e promessas para mim mesmo, mas só pra te acompanhar, eu vou deixá-las no chão um pouco, e vou voar, ao seu lado, só eu e você.

Bruno M. Tôp

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Memórias Coloridas

As memórias mais felizes,
Chegaram quando me senti enlaçado,
Pela pessoa que me deu amor;
Conseguiu domar meu olhar.

Eu nunca acreditei de verdade,
Na teoria dos sentimentos serem eternos,
Afinal pessoas que antes,
Me faziam sorrir,
Agora são encontros ao acaso.

Sinto-as tão longe,
Como um suspiro que não tem forças para falar,
Elas desaparecem dentro de murmúrios,
Fitado por uma sensação de vazio.

A dúvida persiste entre nostalgia e saudade,
Num monótono inverno,
Você continua a se impregnar em mim.

Mesmo que eu esqueça, sei que houve pretensão de ter me avisado,
Vez ou outra, me sinto afogado,
Por um pessimismo que não tem fim;
Às vezes pensando em alguém do passado,
Em outras, me sentindo culpado,
E o que me resgata é seu abraço, seu sorriso,
Que me esquenta sem aviso.

Quando consigo me levantar,
Percebo todas as memórias coloridas,
Que até então estavam escondidas,
Por pensamentos cinzas.

É complicado se manter bem,
Afinal, por quanto tempo eu tenho esperado,
Para que você esteja ao meu lado?
Completamente minha, sem nenhuma hesitação?

Enquanto reflito, o tempo passa,
E talvez, se você não decidir, os dias cinzas vão voltar.

Porém, desde que você chegue perto,
Eles vão sumindo aos poucos,
Como ondas, arrastanto meu coração,
Para um porto cheio de sol.

Hoje, como todos os dias,
As ruas estão como sempre,
Aguardando, me esperando,
E eu passo por elas, meditando.

A vida vai seguindo,
Enquanto as memórias vão perdendo a cor,
Junto com as pessoas que perdem seu valor.

Bruno M. Tôp

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Simplificando um 'Ponto Final'

Isso aqui é apenas uma tentativa de simplificar um ponto final, para você que sempre busca a esperança quando ela já morreu há tempos.

É bem simples, não peço a você que aceite simplesmente, espero apenas racionalidade, como você sempre teve, os acontecimentos mais conturbados, nada mais são que bem simples.

Eu estou indo, e isso não é apenas um adeus. É um 'ponto final'. A nossa estrada foi engolida pelo oceano, e agora nós dificilmente respíramos.



Você sempre soube que iria acabar assim, eu nunca fui seu completamente, sua intuição dizia isso, e agora estou sumindo, como anunciei previamente que o faria. É até estranho, pois naturalmente, as pessoas só se vão para longe de mim, não aguentam meu gelo, porém você quis se arriscar... Não deu muito certo não é verdade?

Amaldiçoe meus inimigos pela eternidade, a culpa deve ser deles, pois agora, estamos destruindo algo lindo. O desespero que preenche seus olhos me enche de alegria, com luzes sumindo que nos levam adiante dos corações que já destruímos. Você pode até negar para si, mas aquele palpite negativo, sempre esteve certo.

Escuto você chorar, um choro por redenção, minhas mãos estão atadas, não posso mais te dar aquele abraço especial. Escuto você sussurrar nossos versos de amor, mas minha boca está cerrada, a língua está sangrando, tanto a falar, mas o silencio agora é o melhor jeito de te afastar.

Por mais que eu diga que é simples, não é. Sou volúvel demais, uma exceção única; e você sabe bem disso. Apesar de dizer que não te quero, que chegamos ao nosso limite, você percebe uma certa incerteza na minha palavra. Odeio que você conheça cada vício meu.

Então procure por uma desculpa, é a única dica que posso te dar. Procure por quem acredite em você, quem sabe nos camarins desconhecidos você não ache um sorriso mais enebriante que o meu?

Eu me vou. Já tenho seu coração no bolso, agora vou pendurá-lo na estante; já supri minhas vontades egoístas, então pra que me perpetuar em alguém que nem me faz mais tão bem? Num alguém que nem ao menos me atrai tanto...  Agora, por favor, me deixe ir.

Só quero te dizer só mais algumas palavras. Eu te amo, mas o nosso amor nunca foi o suficiente, para ficarmos juntos, para que eu quisesse apenas você.


Bruno M. Tôp