domingo, 24 de abril de 2011

Sobrepõe

Uma saudade bem espaçosa, perseguindo os padrões, de uma rotina de desencontros, fazendo das fotos, uma fuga especial, é aí onde nosso amor se sobrepõe.

Ninguém é tão agraciado quanto nós dois, nós não estamos no fim, mas já superamos o tão famoso 'felizes para sempre', e eu sei disso porque toda vez que você exibe um sorriso, o meu próprio sorriso o sobrepõe. É, eu tenho certeza, ninguém é tão sortudo quanto nós somos.

Quando você me liga, e me diz como você se sente, eu fico imaginando como e quando você se enraizou tão longe, sem eu nem mesmo notar. Como e quando, meu coração deixou de ser meu, para ser seu?

Você já deve ter percebido, mas eu não costumava a estar habituado a isso, e sem nem perceber, discutia só por discutir, porque a paz que seu olhar me inundava, era tão inédita... Só que não há nada de mal nisso, eu apenas nunca estive tão feliz.

E agora, eu tenho essa sensação de que se eu demonstrar exageradamente o bastante, você vai sorrir de volta pra mim, o sorriso tão intenso (e envergonhado) que só tem para mim, o sorriso pelo qual eu me apaixono todo dia. É, eu tenho certeza que ninguém sobrepõe a beleza do seu sorriso nesse mundo.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Chocolate Das Estrelas

Bem, as estrelas, que sempre estarão no céu, podem até ser ofuscadas pelas nuvens, mas pense bem, elas sempre estão lá. Brilhando.

Acho que sou muito feliz, por esse brilho. E agora, que meu pés seguem para onde a bússola do meu coração aponta, qualquer solavanco poderia me deixar perdido, e vai ser nessas horas, que vou olhar para as estrelas; Esperando que elas me guiem.

E as estrelas sempre estão no seu olhar, brilhando para mim. Como uma noite fria de outono, em que seus suspiros me arrepiam.
Enquanto estou preso aos solavancos do ônibus, fico sorrindo lembrando de como amo seu cabelo; que do arrumado, passa ao despenteado, mantendo um cheiro tão intenso. De como só de pensar no seu sorriso, minhas bochechas já começam a doer, porque eu não consigo diminuir meu próprio sorriso. Eu amo cada partezinha, aquela cicatriz no seu nariz; e o jeito como seus pés ficam tronchos quando você está de pé, envergonhada. Como seu rabo de cavalo a faz falar como uma pirralha; como seu amor é tão puro e brilhante.

Isso sim me faz feliz.

Amo o jeito como você percebe a verdade em todas as minhas farsas, me deixando sem palavras. Em como você ainda se delicia com minha velhas-inéditas cantadas. Porque você se hipnotiza com minhas palavras, mas conhece cada falha que minha voz enuncia; Porque você confia no meu coração, e elimina qualquer disfarce que ele tente te projetar.

É isso sim, é o que me faz feliz.

Agora, só agora, eu percebo que não há mais necessidade de congelar meu coração. Não há necessidade de mantê-lo guardado, porque ele já é todo seu. Desde que numa tarde quente de outono, você me disse que ia valer a pena.

Ah, seus olhos de chocolate brilham bem mais que qualquer estrela.

domingo, 17 de abril de 2011

Além-das-nuvens

Essa é uma mensagem para qualquer um, que tenha um coração vivo, pulsante no peito, machucado ou não, recuperado ou não. Essa é uma mensagem para quem não quer sair da cama, quer se agarrar aos cobertores e as lágrimas, tentando entender como aquele sentimento tão intenso acabou assim, em olhos marejados e gosto salgado nos lábios.

Essa é a última mensagem que escrevo, pensando em você. A última vez que permito sorrir, lembrando do seu sorriso.

Acho que já passou a hora de deixar essa lembranças para trás, deixar o vento levar para longe as promessas não cumpridas, as possibilidades esquecidas. Vou deixar que as nuvens venham, e lavem tudo. Deixar que o céu chore de tristeza por esse amor perdido. Eu bem sei o quão dificil é isso, mas existe um futuro além-das-nuvens.

Me pego olhando o céu com meus óculos escuros, tentando não exibir a janela da minha alma, não enquanto não consertar tudo que foi bagunçado pelo seu sorriso. E percebo que não estou preocupado, apenas nostálgico. Esse não é o fim; Só finalmente percebi, que não podemos continuar assim. Não do jeito que eu quis. Não do jeito que você deixou acontecer. Eu sei o quão difícil vai ser; Por isso, essa é a última mensagem que escrevo sobre nós; É a última vez que me permito fraquejar.

As nuvens já estão indo embora. A chuva está estiando. O arco-íris está surgindo. Tudo estará limpo e sereno em breve.

E eu vou me empenhar ao máximo para sorrir, pois hoje, amanhã, ou depois, o céu sempre será azul; Por trás, bem no além-das-nuvens que possam vir a eclipsá-lo, sempre será azul. É, o céu de amanhã será azul, e a luz que ele transbordará vai me guiar como um sonho. Bem no meu coração, no recinto que você cativou, guardo esse céu azul, que eternamente me guiará, como seu sorriso por muito tempo já o fez.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Enferrujar-se-ia

-Você é responsável pelo que cativa. – foram minhas palavras mais covardes, ao seu pé do ouvido – eu me apaixonei por você. Pelo seu jeito de sorrir, pelo seu jeito de contar uma história, e pelos trejeitos efusivos que você demonstra pra qualquer um. Mais, acima de tudo, me apaixonei pelo seu abraço, que me traz sensações oscilantes entre o que é certo e o que é errado; entre a possibilidade e o arrependimento...
-Eu... – você tentou balbuciar algo em resposta, mas foi calada pelo encontro dos nossos olhares.
-Só quero um beijo para saber o que estou perdendo. – e sem esperar por resposta, meus lábios lhe roubaram qualquer reação.

Eu sabia que ia ser assim. Desde o momento que te quis. É egoísmo demais querer ter para si uma pessoa que ama? Acho que sim, quando seu coração já não lhe pertence mais.
Provavelmente, acontecerá conosco o que acontece com todos os amores. O tempo passa, a onda quebra contra o cais, a maré vira, a maresia voa. Tudo enferruja.

-Chega... – você suspirou finalmente se livrando do beijo como um alguém que volta a respirar depois de quase se afogar. Entretanto, sua expressão não era de alivio, era de dor. Uma expressão de agonia por ter parado algo que muito provavelmente estava sendo avassalador.
-Eu...
-Não precisa dizer nada – seus olhos fugiam dos meus, assim como seu corpo recuava. Havia muita confusão naquele momento.

Esse jogo de flerte e cantadas que começamos só podia dar nisso. Sem nenhum vencedor, apenas perdedores. Eu nunca ouvi falar de ninguém que jogou com o amor e venceu; acho que essa é minha sina. Tenho de confessar que não sou tão perdedor, pois, pelo menos uma parte do meu coração continuará feliz por não deixar de pertencer a ela.
Talvez essa seja a verdadeira resposta não? Você vai perder independente da estratégia que definir. Não peço desculpas, pois não me arrependo do que fiz. Só lamento por ser um só, e não poder ser tão seu, quanto deveria ser, e o quanto você quis ser minha; por não poder ser para você, nada mais que um amor de possibilidades. Um amor, que não se transformar em algo áureo.

-Tem certeza? – falei tentando reverter palavras que não voltariam mais, que lhe arranharam e rasgaram em locais que eu nunca mais poderia reparar ou curar.
-Tenho. Está tudo bem – não sei se você lembra, mas eu conhecia (e ainda conheço) cada um dos seus sete tipos de sorrir. E aquele que você me exibiu naquele momento era sorriso falso, que não transparece nada além de uma magoa fria.
-Então tudo bem – eu lhe retribui com meu sorriso opaco, aquele que você chamou de uma tristeza cinza em outros tempos, mas que não conseguiu ou não quis reparar nessa última vez. Sabíamos, ambos, que essa despedida não terminará em reticências.

O tempo passou mais uma vez. Só que dessa vez, sem viradas na maré. Apenas a constante maresia corroendo nosso amor. E se foi. Nosso amor enferrujar-se-ia.
Ainda lamento pelo que foi, pelo que não foi e pelo que poderia ser, guardando, acima de tudo essa despedida. Um algo melhor do que as nuances de um amor oxidado; caindo aos pedaços.

Bruno M. Tôp