quarta-feira, 27 de maio de 2015

Amor Sem Palavras

Acordou. Olhou o dormir dela. Riu. A cortina estava fechada, queria abrir pra deixar o sol entrar, mas não queria acordá-la. Decidiu então apenas depositar um beijo na testa dela.

Ela abriu os olhos, viu os grandes olhos castanhos dele, ainda sujos de remela, se afastando na testa dela que haviam acabado de beijar. Riu. Já deveria ter enjoado daquilo, daquele mimo e carinho todo, daquele canceriano todo, mas não tinha.
Um roçar de lábios, uma mão a deslizar na pele nua dela. A excitação quase o fez querer tomá-la pra si, mas resistiu ao impulso e se encaminhou pro quarto ao lado. As paredes ainda exalavam o aroma de tinta recém-pintada. Tudo azul, como tinha de ser pra eles, a primeira semente chegaria a longínquos oito meses. Longínquos porque eles desejavam tanto aquilo há tanto tempo... Mas seria no tempo certo, ambos sabiam disso. Olhou o relógio na parede e viu que havia acordado cedo. Era bem isso que ela lhe fazia, sentir-se bem mesmo acordando cedo. Cantarolou uma música qualquer enquanto abria a geladeira. Não tinha muitas opções. Se a vida lhe dá limões, por que negar a limonada? Nem percebeu, mas estava dançando de uma forma atrapalhada.

Ela rolou na cama, agarrou o travesseiro dele, riu ao sentir o cheiro dele, da lembrança da noite passada, de todas as noites que tinham desde que haviam se unido. Espreguiçou-se e abriu a cortina. Tava azul lá fora, tinha de tá. Passou a mão pelo seu ventre. Riu. Sabia que era cedo demais pra sentir algo ali, mas só de saber que já estava se formando, que um de seus maiores sonhos estava se realizando... Não tinha como não sorrir.

Esbarrou nela no corredor. Riu. Abraçou-a e roçou seu cavanhaque no pescoço dela. Sentiu o arrepiar que se espalhava na pele nua dela até a nuca. O jeito indígena dela era lindo demais. Queria levá-la pra cama novamente, mas o dia já se fazia presente e eles tinham uma rotina. Deixou-a passar rindo daquilo que só eles achavam graça.

Entrou no banheiro rindo. Era fácil deixá-lo ouriçado. Sentou na privada. Bocejou, escovou os dentes e o chuveiro ligou. A água estava fria, teve de pular pra passar a agonia. Foi com um susto bom, que ouviu a porta do banheiro se abrir.

Não se arrependeu de entrar na água fria, o abraço dela de todo lhe aprazia. Beijos molhados, pele colada, um calor emanado. Entregaram-se a vontade.

Ainda ofegando ela saiu do banho. Ainda pingando ela passou pelo espelho. Olhou pra trás e lá estava ele com o pescoço vermelho, das mordidas que ela acabara de deixar. Riu e assustou-se ao ver a hora que o celular já marcava, pensara que eles haviam levantado cedo. Correu pra cozinha, logo depois de colocar uma calcinha, e para sua surpresa, a comida já estava na mesa.

Ele seguiu as pegadas de água que ela deixara pela casa, com uma estopa enxugando. Sorriu ao chegar na cozinha e receber uma piscada de agradecimento. Sanduíches de requeijão e suco de limão, ele pretendera fazer mais, porém o barulho do chuveiro ligado lhe levara a largar a preparação do desjejum.

Ela puxou a louça dele e tratou de lavar tudo, enquanto ele ia se trocar. Após uma rápida geral no cômodo, as vestes formais foi trajar. Uma conferida rápida no cabelo, arrumou um coque impecável, estava longo, talvez devesse cortar curto, como na época em que eles decidiram ficar juntos. Havia nostalgia em lembrar do seu cabelo curto.

Ele coçou a barba, já havia se trocado, e agora estava sentado na sala, aguardando-a para levá-la no trabalho e seguir pros seus próprios afazeres diários. Ela veio, toda engomada, como era próprio de uma bela advogada.

Seguiram elevador abaixo, entraram no carro e numa música de Chico sintonizaram. O trafego estava lento, mas pros dois, o que importava era o vento, que sobrava das janelas abertas. Chegaram ao primeiro destino, um roçar de lábios rápido, uma cumplicidade nos olhares que só havia entre dois que partilhavam de felicidade.

-Bom dia pra tu e cuidado - ele falou
-Aproveita teu dia, príncipe.

E no tudo que aconteceu naquela manhã, foram as únicas falas trocadas. Porque eles eram assim, dum Amor Sem Palavras.

terça-feira, 26 de maio de 2015

Azul Céu-e-Mar

O azul do mar é de me inundar,
Um azul que me faz querer rimar,
Sobre tudo que se passa na minha mente,
E também me faz pensar que sou diferente,
Que tenho uma alma nascida pra mergulhar.

E ela bem notou,
Minha linda mãe,
Minha mavilinda mãe,
Tanto que disse-me uma vez:

-Filho, vou sempre lhe dar amor,
Independente de onde sua vida for,
Acredito plenamente no seu louvor.
Só aprenda com os momentos de dor,
E lembre-se que pode contar comigo,
Pra ser sempre seu melhor abrigo.

O azul do céu é de me esvoaçar,
Um azul que me faz delirar,
Com tantos romances pra escrever,
E também me faz facilmente perceber,
Que tenho um coração nascido pra voar.

E ele bem notou,
Meu incrível pai,
Meu idolacrível pai,
Tanto que disse-me uma vez:

-Filho, vou sempre lhe amar,
Independente de quem seja você,
Ou do que decida que quer ser,
Aprenda com o que vida lhe oferecer,
E lembre-se que pode contar comigo,
Pra ser sempre seu melhor amigo.

Eles me ensinaram tanto,
Acalentaram a maioria dos meus prantos,
E disseram que tudo ficaria bem,
Que eu seria um alguém,
Especial demais pra não voar ou nadar,
Que eu seria seu azul-céu-e-mar.

E por isso hoje, nessa data ruim,
Queria que eles soubessem de mim,
Que sempre vou lhes honrar.
Mãe, Pai, essas palavras podem anotar:

-Não sei exatamente o que vai ser,
Ou que no meu futuro vai acontecer,
Mas eu tenho uma certeza bem forte,
Uma que vou levar até depois da morte:
O amor de vocês sempre estará comigo,
Vocês sempre serão meu melhor abrigo,

Sempre serão um exemplo a ser atingido,
Por tudo que tenho vivido,
Tudo graças a vocês, graças ao amor que me fez,
Ser assim de querer voar e mergulhar.

Tem vezes que não dá pra notar,
Mas eu amo muito, amo tanto vocês,
Por um, por dois, vinte um, e por três,
Que serei muito realizado se meus filhos um dia,
Me amarem com tamanha alegria.

quinta-feira, 21 de maio de 2015

Amarela

Se eu não conhecesse bem, diria que seu tom, qué tão bom, é uma miríade de aquarela, mas por a gente já tá nisso a um tempinho nosso, me atrevo a disser que posso, sim, posso sim dizer qual a cor qué dela: é doce e viva Amarela.

Ela é da cor mais crua que existe, da que não há tonalidade triste. É, Nela, não tem muito disso não. Sempre que me pego olhando seu riso, sinto um transbordar de sensação sem aviso, e isso é tão incrível que é chato de admitir, tanto que me sinto a repetir, o quão bem ela me faz com um singelo sorrir.
Admiro, e muito, como ela é duma personalidade só Dela, e entre tantos moldes que não lhe cabem, percebi que Ela é exatamente isso: sem molde, crua por natureza! Crua no sentido de que é o que é, não o que querem Dela, não o que esperam Dela, não o que foi, nem mesmo o que será, apenas o que é. Entre tantos personagens que vivem ali dentro, todos compartilham o gosto pelo número par, a vontade de amar e de ser quem sabe que é. Todos compartilham minha admiração sem limitação; todos compartilham de receber toda essa paixão, que mesmo sem jeito, já germinou forte no meu peito.

Ela respira e transpira isso, em cada palavra dita ou omitida, em cada riso, lágrima, meneio de cabeça ou verso escrito,  que não tem como eu não achar isso tão bonito. Ela é assim, linda demais pra mim e a cada pedaço solto seu que eu cato das fugas que Ela dá, percebo que foi pedaço que caiu mesmo, ao acaso, não uma parte que Ela planejou deixar pra me conquistar... A conquista Dela é feita assim, do seu jeito todo que se impregna em mim. E todo dia Ela se faz mais disso: de me pegar, me apegar, me encantar num canto que não tem nota ruim. É estranho perceber o quão simples pra ela é, transbordando esse amarelado todo da cabeça aos pés, que me faz reascender a fé, num amor pruma vida toda.

Não vou mentir que não me assusto com isso, assusto muito! Essa capacidade toda Dela de me fazer querer mais a cada dia sem a gente sequer ter zarpado, faz-me temer o quão vulnerável eu sou pra ela. Mas o que a gente tem tá até acima disso, e o medo, que não é segredo, também tá compartilhado, porque, de alguma forma a gente já sabe, que ou a gente dá certo demais ou muito errado. Não tem como ser negado: é duma paixão linda o que a gente tem vivenciado e tá sendo tão bom, que não me surpreendo com, aquilo que Ela me faz todos os dias: os risos transbordando alegria, simplesmente porque nada daquilo é planejado, é apenas ela sendo quem é, independente de quem quer seja, ou onde esteja.

Ela é assim mesmo, crua, não necessariamente nua, porque a essência dela está além do seu nome, da sua pele, do sorriso, roupas e onde mora: sua essência tá bem exposta, toda inteira, numa aura boa demais preu parar o tempo de tanto admirar, num amarelo forte demais que só meu coração exposto é capaz de enxergar.

A aura é tão boa, que basta ficar um pouco a toa, e minha mente começa a divagar num futuro da gente, nos frutos desse presente, que a gente tá pensando em plantar; nela de branco, comigo todo risonho, pra juntos realizarmos o tal sonho, que é de aliança trocar. É loucura eu sei, mas do meu coração sou rei, e nesse reino, só quem sonha é quem consegue ser feliz.
Por isso, estou nessa, de ir sem pressa. Assim calado, com sorriso abobalhado, filmando cada detalhe que Ela me deixa captar. Sem analisar, sem pensar, apenas o que tiver de ser será, e é mais ou menos isso que imagino que poderá ser: ela a Amarela, há de se misturar com meu Azul, e juntos vamos ter de plantar semente, um desejo que até já se faz presente dentro da gente, pra encher o mundo com o Verde que há de nascer desse romance contente.

quarta-feira, 20 de maio de 2015

Benzinho de Sol

Tem dia que eu acordo assim, rindo bobamente, já que não para de se repetir na minha mente, o sorriso dela que me faz tão contente.

São lembranças bobas, lembranças boas, lembranças ensolaradas.
Cada abraço, cada chamego, beijo, riso solto ou cafuné, faz-me ter mais fé, que a vida é algo bom demais pra gente cogitar acreditar em dias ruins.

Vira e mexe, a gente dá um jeito de se ver, sem motivo especial, apenas pra fazer do dia algo mais animado. É uma fuga boa, momentos rápidos que aplacam a vontade, cultivam felicidade e deixam o sabor de saudade.
Entretanto, como a vida é de ser nem tão colorida, nem todo dia é dia de sol, e tem dia que não da pra gente se ver. Mas como já adiantei pra ela, nesse tipo de situação, não acho que seja problema não:

-Eu guardo a saudade bem direitinho.

Porque ela é assim, um benzinho que surgiu pra alegrar, um benzinho de sol, de fazer sol brilhar.

terça-feira, 19 de maio de 2015

Guidão

Decidi parar um pouco. Porque às vezes vale a pena aproveitar a vista do trajeto.

-Não precisa colocar mão no guidão. Deixa um pouco livre e vê onde vai dar  ela me disse entre um beijo bom.

Foi aí que notei algo mais simples: em tempo, eu serei seu se é que isso é pra ser.
Sou desses de se aconchegar no riso alheio, varro preocupação com juras sem freio, gosto de escrever cartas e deixar pra recordar, todo o sentimento que de mim não para de transbordar.

Pena que os momentos bons, são exceções de rotinas que nos comprometemos por um bem maior que nem sabemos mesmo se é tão melhor. É normal se enquadrar no que já existe, mas a verdade é que eu não existo pra ser enquadrado, logo dá pra perceber porque eu fujo tanto do comum. É que eu não gosto de ser um, preferir ser o vinte e um, pra ser de bem comigo mesmo, até nas situações em que as horas são longas e demoram a passar, mas que deixam a sensação que as coisas mais simples serão as mais prazerosas, e com entusiasmo, eu aguardo pelo que vier, sem me preocupar muito.

Não é o bastante definir os termos, se somente tomar conhecimento pela vontade, todas as lições aprendidas serão aquelas escolhidas e aí se perde a beleza das coisas casuais que me fazem tão contentes de estar vivo. Se não é bem-aventurado, que seja bem-aprendido, pra ser o que sempre foi: um eu meio perdido, meio achado, todo felizardo, sem especial motivo, apenas por estar abaixo do sol e acima do chão, com palpitar bom no coração, um doido que deixa livre o guidão.
E claro, por fim, que nunca é realmente o final, ainda há onde a sorte quiser me levar, já que o caminho é um meio de chegar a um resultado astral, onde o trajeto é cheio de dias gentis e se eu me deixar aproveitar meu coração aberto: só coisa boa vou ter por perto, e aí, só aí, no tempo certo, serei seu, como é pra ser, se tiver que ser o nós será.

segunda-feira, 18 de maio de 2015

Molhar

Não quero ser chuva passageira não,
Quero ficar,
Mas só se me for permitido entrar e molhar.

A pior coisa é chover,
Pra quem usa guarda-chuva.
Te magoei e lamento tanto,
Porém se não tivesse feito,
Nossa história seria tão linda?
Eu não me arrependo,
Foi lição aprendida!

Eu sou muito grato,
Por tu fazer parte da minha vida,
Pelo que já é,
E se for pra ser mais,
Que seja.
Só queria que tu se permitisse molhar,
uma hora,
Se permite molhar,
Né nem mergulhar,
Só molhar.

Deixar as ondas chegar no pé...
O mar não vai te puxar se você na areia ficar.

Quero te ver.
Hoje, amanhã, depois.
Diz o dia,
Quem sabe não é dia de alegrias?
Dia de ficar nós dois,
Apenas de ser o que tiver de ser.

Não quero cobrar nada não,
Amor de cobrança não é nada além de obrigação.
Vou só sempre ser sincero,
Com o pouco que espero,
E hoje eu espero o azul,
Espero um eu somado a um tu.

Além do Que Se Imagina

Eu estava pensando nisso tudo da gente. No azul, nas flores, no barco e em tudo mais que se faz um laço só nosso. É uma história tão rica e complexa que pode ser chamada de mágica ou trágica, a depender do expectador.

Aos poucos a gente vai se conhecendo melhor, vai se querendo mais, porém ainda existe toda essa parte de medo que torna tudo tão inviável, por isso, acho que tenho que esclarecer alguns pontos:

Eu não vou desistir da gente, mesmo que os céus caiam em canivetes, porque quando se tem vontade, o amor verdadeiro parece ter essa capacidade de proteger inteiro; porque mesmo com todo o medo que existe no peito, eu só consigo olhar pra felicidade que a gente parece destinado a ter. E hoje, apesar de não ter certeza que é você mesmo, eu tenho me sentido muito abençoado por lhe ter na minha vida, por já ter essa crença que é você é alguém que não vai ter despedida.

Entendo muito bem que você necessita do seu espaço e tempo. Você é uma pessoa que navega a si mesma e regula sua própria velocidade, porém como lhe disse antes, amor não acontece por inércia, é aceleração, é força que se faz presente. E uma hora você vai dar partida nisso tudo, seja pra irmos em frente, seja pra partir pra longe. Não quero adiantar nada, estou pronto pra aguardar o que tiver de ser, o quanto tiver de ser. E bem sei que você também sente algo por aí, por isso eu vou esperar pacientemente, pra ver o que você vai decidir. Até porque até mesmo as estrelas tão distantes vivem uma vida quase eterna apenas para queimar e brilhar no nosso céu, então nós temos que ter a sobriedade pra aprender sobre e com as forças divinas, você não acha? Tanto a aprender sobre tanta coisa e é melhor que façamos isso juntos, você não acha?

Eu não quero, nem vou ser alguém que vai embora facilmente, não, nunca mais vou repetir esse erro novamente! Eu estou aqui pra ficar e fazer a diferença que você permitir, porque nossas perspectivas destoantes são o que nos ensinarão como crescer e as ferramentas que vamos usar para isso são as memórias que já estamos construindo, já que, no final, você será minha melhor amiga, minha melhor parceira... Pelo menos é o que eu pretendo ao colocar tantos sentimentos bons na semente que tento plantar nos nossos corações.

Eu não vou desistir da gente, mesmo que o mar se evapore, porque quando se tem vontade, o amor verdadeiro parece ter essa capacidade de se fazer presente em tudo que nos é importante. Sei que não anda tão fácil por aí, entretanto, se você se permitir, posso ser tua fuga, seu escudo, seu abrigo ou apenas um sorriso mudo. Eu quero e posso ajudar, desde que você me deixe entrar, e se não puder permitir, deixa apenas que eu lhe faça sorrir, mesmo sem entender de onde vem essas suas tormentas, estou disposto a navegar por elas só pra lhe abraçar.
Ainda não dá pra saber, exatamente o que vai ser, só posso lhe garantir uma coisa: já é algo que me faz muito bem, algo que parece destinado a ir além do que se imagina.

sexta-feira, 15 de maio de 2015

Padrão de Mar

Eu gosto de traçar padrões, através de reações interpessoais, desenho, na minha mente, figuras onde as linhas se sobrepõe pelo que me demonstram, e, como posso dizer isso sem me entregar por completo? Você, com esse jeito único, traz-me todas as sensações que tenho quando estou no mar.
Você chega invadindo, aos poucos, ciclicamente, como as ondas que roçam a areia: seu riso faz exatamente o mesmo quando toca meu coração e me remete uma sensação tão gostosa que me pego sorrindo só de lembrar disso. E quanto mais eu conheço de você, mais percebo a imensidão que existe no seu ser, em como você parece saber amar coisas tão simples, tão lindas, tão comuns e admiráveis, que eu fico impressionado com cada pequena atitude sua, principalmente por saber que são todas naturais. Eu não queria me entregar por completo, só que eu acho que já me entreguei há muito, e, sinceramente, eu nunca resisti a mergulhar no mar, então não seria diferente com você, entende?

terça-feira, 12 de maio de 2015

Cheiro

Sabe, pequena,
Tá tudo bem,
Nisso quá gente tem,
De querer tempo todo,
Colo um do outro.

É estranho admitir,
Pros outro explicar,
Como a gente se achou,
E já tá sendo assim,
Sentindo sim,
Que é pra bem ser,
Num cafuné bom de dar,
E todo dia de sol raiar.

Entre beijo bom,
Vem o cheiro com,
Que gosto de ficar,
De chegar em casa e respirar,
Teu aroma sendo meu,
Presentinho de Deus.

Porque é de carinho,
Que nos faz bem,
Que faz nosso caminho,
E se for pra ser além,
Vai ter sempre disso,
Cheiro, beijo e reboliço.

Sabe, pequena,
Quando você não vem,
Percebo que já tem,
Saudade do seu cheiro,
Que quero no travesseiro.

Pra me fazer sorrir,
Sempre que eu acordar,
Porque no quá gente achou,
Já faz bem pra mim,
E você me faz assim,
Transbordar num bem querer,
De cafuné lhe inundar,
Pro teu sol em mim raiar.

sexta-feira, 8 de maio de 2015

Só Da Gente

A conversa não cessa,
E não tem quem messa,
O bom que já faz,
O quanto ela é demais.

É, é sim,
É de um benzinho assim,
Que se faz presente,
Que torna o resto ausente.

E tá tudo tão bom,
Que sinto uma leveza,
De me contagiar todo,
Me faz querer que todo dia,
Seja de sol pra espreitar.

Porque seu beijo com batom,
Tem esse tipo de proeza,
Que me passa o rodo,
Desperta essa sinfonia,
Que no peito vem ribombar.

Enquanto a analiso,
Me pego todo domado,
Quase de cabeça pra baixo.
E nos seus braços me encaixo,
Dos seus sorrisos, faço piso,
Prum romance corado.

E eu fico abobado,
Meio perdido, quase calado,
Com riso incontido,
Gostando de cada parte,
Que ela me manda aos poucos,
Que faz meu entoar rouco,
Cheio de vergonha.

Porque ela nem sonha,
Que na minha mente faço colagem,
Pra imitar o tipo dela de arte,
E nos bordar num presente,
Que darei quando reunir coragem:
Um romance só da gente.

quinta-feira, 7 de maio de 2015

Hora de Glória (Ano Azul)

Dia raiou, era pra ser mais um, ainda não dava pra saber, mas aquele dia, apesar de não ser, seria o vinte e um. Era um dia comum, mais outro, que fosse o que tivesse de ser. Era isso que entoava na mente quando o sono se desfez; havia tanta coisa pra resolver, que ainda não era hora de se preocupar com o grande evento do domingo. Era um dia de glória, só que não tinha como saber ainda.

Da cozinha pra varanda olhar o céu, deixar a vista se perder no azul, numa oração pra trazer boas vibrações, e aí os olhos se voltaram pro campo que despertava tanto amor.
Já estava tudo pintado, o palco todo preparado: a âncora que estava tatuada, literalmente, no peito, também decorava o centro do campo; era mais uma batalha, mais uma em que tudo seria doado em campo.

Equipamentos, bicicleta e fones de ouvido, cada pedalada trazia um pouco de paz pro coração que já estava tão tranquilo. Chegar cedo sempre foi bom. É verdade que existiam tantos afazeres, mas no geral era tão bom ocupar a mente, pra não deixar o frio da barriga anterior voltar a tomar os pensamentos. Fazia quantos anos que sentia aquilo em toda véspera de jogo? Três anos? Quatro anos? Não importava, sempre iria sentir aquilo, porque no momento que deixasse de sentir, sabia que era o dia em que não mais se importava, e que assim, não deveria mais ter direito a um uniforme azul.

Enquanto as pendências eram resolvidas, o lado jogador foi esquecido, como sempre. Agora era diretor e tinha responsabilidades maiores. Organizar tudo e, pela primeira vez, não houve o clima de correria, de afobação.
Almoçar com os companheiros foi mais uma das sensações inéditas daquele dia; trazia uma sensação familiar, uma leveza que era fruto da harmonia que havia bem lá dentro, no coração e na alma.

A volta pra casa foi ainda mais tranquila, poderia ficar no vestiário, entretanto não há lugar melhor que o lar pra relaxar. Músicas escolhidas especialmente, um banho gelado pra levar pra longe o calor e qualquer sensação ruim. Relaxar nunca foi tão fácil, principalmente com o e-mail dela que chegou.

Uma última checagem nos afazeres de diretor, e mais uma vez, adiantando o cronograma previsto, agora só restava o papel de jogador.
Roupas de aquecimento, alguns equipamentos velhos, a maioria dos que vestiu eram novos e azuis, todos pra que aquela temporada fosse diferente, e dentre tudo que carregava, as duas maiores mudanças naquele dia eram: o Tal novo que carregava no pescoço, uma lembrança da promessa pra tudo que viesse a realizar, e principalmente a sensação que tudo estava onde e como devia estar, uma harmonia própria que não conseguia explicar.

A concentração chegou no auge. Dedos enfaixados pra prevenir antigos e novos entorses; os últimos detalhes dos equipamentos devidamente ajustado e um uniforme azul que fazia tudo mais adequado. O vinte e um tatuado abaixo da âncora, agora destoava no azul das suas vestes. Havia orgulho daquele número, orgulho de todo o significado que existia no seu padrão.
Um suspiro longo e estava pronto. Discursos entoaram ao redor, contudo, nenhuma palavra que dissessem faria diferença àquela altura: tudo já estava na cabeça, faltava apenas uma última parte, a benção pra que tudo desse certo.

De joelhos, como todos no recinto, com uma mão no ombro de um irmão, a oração foi entoada. Mas dessa vez a imagem visualizada nos olhos fechados foi diferente: havia paz, daquela que só se faz, quando se está tudo bem e o que havia além, era um bom azul. O grande ótimo azul. As preces dos irmãos ao redor seguiam firme, enquanto a mente miravam o que viria a frente. Um novo desafio a superar, tudo ia ser deixado em campo, era missão e obrigação.
Foi aí que uma situação inédita surgiu: o campo sumiu, e na mente surgiu apenas o azul, representado no mar. O mar que dava nome ao time, o mar que era tão importante em tudo que já vivenciara. O mar que ela havia prometido compartilhar. O azul que ela havia informado que seria a ponte pra tudo de bom que viesse daquilo tudo que estava surgindo.
E quando a oração mudou, o mar se tornou céu, de um azul tão bom, que não tinha como duvidar que o futuro seria igualmente positivo. Ao fim, antes do amém, o que fazia mais bem, além de todo azul, era o rosto dela, o rosto e o riso cru. Que saudade! Que vontade! E dava pra sentir toda as energias boas que ela enviou logo cedo, tanto que tudo transbordava quando o campo foi pisado pelo pé direito.

Um último olhar pro céu, um indicador praquele que era metade e pra sempre iria ser. O jogo começou. Era mais um, como todos os outros que já haviam passado, como todos os treinos durante a semana. A primeira participação passou, tranquila, apenas tinha de fazer o seu trabalho e era o que iria ser feito.

Treino duro, trabalho duro, tanto tempo abdicado e nada disso passava pela cabeça quando o momento chegou. Tão rápido, tão súbito, reflexo de tudo que se acumulou e foi aí que o momento sonhado finalmente chegou.

A hora de glória chegou. Foi rápido, fugaz e um pouco doloroso. A costela doía da pancada que veio no fim da conquista; a adrenalina ainda era muito forte e quando os irmãos chegaram para parabenizar, não sabia bem o que falar, apenas queria continuar ali. Tinha ensaiado tantas vezes aquele momento na mente, sonhado tanto, e quando finalmente chegou, nada foi como o planejado. Estava cansado, felizardo, realizado e principalmente impressionado. Porque ali, o que mais lhe vinha a mente era a sensação de que era só o começo, que uma aura boa atraí coisas tão boas que correspondem ao que se planta; ali era melhor do que a imaginação jamais fora capaz de conjecturar; ali, leve como estava, toda a aura boa que trazia dentro do peito e que ela enviara, se consolidara naquela conquista pessoal tão incrível.
Foi a primeira glória do dia e os irmãos seguiram o seu caminho como inspiração. Uma apresentação memorável, como nunca havia vivenciado. Tudo foi se consolidando naquela tarde única, quase perfeita, e só não o foi, porque sempre há o que se melhorar, e dava pra perceber que ainda tinham um longo caminho a percorrer. Ao fim daquela jornada, quando a lua já despontava no céu, veio a chuva. Que tinha de vir pra molhar, pra lavar, pra mostrar que o céu viu tudo, que estava ali de testemunha de todo o trabalho duro e a recompensa que finalmente havia chegado.

Nunca ousem acreditar que não chega, porque chega. Todo trabalho duro recompensa, principalmente se existe crença e aura boa. Foi assim comigo, mas foi só o começo. É um ano azul que está vindo, é um ano azul que o sorriso dela vem me trazendo todos esses dias e que me levará pra tantas outras vitórias e glórias de chegar. Um ano azul meu, um ano azul dela, quiçá nosso e de todos ao redor que quiserem pegar carona. É um ano azul que eu quero e que construo, um ano entre risos e glórias, um ano pra entrar pra história.

Moça Bela

Ela faz assim,
De mim, todo risonho,
Um beijo, um abraço,
Um amor típico de sonho,
Um desejo, um laço,
Um azul sem fim.
Ela é luz, é energia boa demais. Súbita, rupta, livre e alegre. Explode, recolhe, esconde e me desperta um bem tão além, que não dá pra saber o que é que vem.

Ó flor, bordada em amor, nos dá chance vai? Quem sabe nosso romance não vai? Quem sabe né que nem novela? Eu o príncipe, você a moça bela.

terça-feira, 5 de maio de 2015

De Papear

Tem coisa que não se explica, só acontece. Anormal, atípico, incomum, nada disso sinaliza bem o que tá sendo tudo isso. Uma foto diferente, tantas fotos especiais, algumas palavras trocadas, o riso dela já lhe chamava atenção, mesmo antes de trocarmos maiores informações. As mandalas do sistema solar lhe despertaram um interesse tão grande, que ele decidiu pelo ousar e, quem diria, foram algumas palavras perdidas, soltas e publicadas, que despertaram um interesse curioso nela.

Ele tratou de explicar tudo logo de inicio: não a conhecia, mas queria, ainda não, mas por que não? Pensava na vida como algo valioso demais pra perder tempo tentando entender as formas como alguns acontecimentos procedem e ela pareceu gostar da explicação, tanto que não levantou mais nenhum interrogação, apenas risadas, o que o deixou de alma lavada.

A conversa fluiu bem, foi além: do que se vê, do que se imagina, do que a razão diz pra ser e foi.

Duas noites de quase encontro, que terminando em desencontros, se tornaram mais palavras trocadas, mais simetria assentada, mais risadas exacerbadas.

Aí, de súbito, como tudo que os envolvia, surgiu um encontro. Nervosismo, mãos suando, amnésia geográfica, um riso meio louco na cara. Ele se perdeu em ruas que reconhecia nas palmas suas, e foi ela quem o achou, com um aceno breve e um sorriso encantador. Ele riu, encostou a bicicleta e sentou ao lado dela, se sentindo meio abobalhado, um bastante felizardo, e, pela primeira vez em muito tempo, não sabia bem o que falar, mas não fazia mal, ela já estava preparada. Mesmo toda corada, com alegria bordada, começou o dialogar e o alivio se fez nele. Os dois pareciam compartilhar uma natureza peculiar, a de papear.

Engraçado como ela superou em muito a encomenda, era muito mais que cativante, como ele havia anteriormente dito, ele emanava algo tão bonito, toda feita pruma poesia, uma prosa, tão boa de descrever, que já contagiava, mesmo com tão pouco tempo de chegada.
Ele a enumerou assim: um riso tão grande, constante, daqueles que esbanja, que rouba a atenção, e que se não for avisado de antemão, pode roubar até coração. Maçãs tão felizes nas bochechas, de uma fofura invejável, de um atrair quase irresponsável; um olhar muito vivo, atento, esperto demais, e que, sem especial motivo, lhe faz querer roubar o foco; as madeixas bem elaboradas entre dourado, mogno, castanho e flor de liz, que sinalizam um tom tão feliz, uma aura solar, quase como se fosse o que seu nome quisesse significar.

E o tempo correu, eles falaram, riram, se envergonharam e coraram. Alguns olhares, alguns toques, sorrisos de retoque e o tempo correu tanto que voou. Ela tinha de ir e ele também, mas não antes de ele lhe acrescentar sobre três dos seus muitos sorrisos, que sem aviso, ele passou a contar. Ela toda corada, lhe deu uma risada ousada, como quem espera pela próxima parte. Ele partiu, com a lua de companhia e o aroma do rio, relaxado, nem parecia uma segunda-feira qualquer, que maravilha de mulher.

Até agora foi assim e eles se mantém, nessas conversas tão além, entre palavras, de papear, porque o que já estava sendo, era o que será.