quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Hóspede

Fale comigo sobre o tédio, tenho manias de grandeza, mas a verdade é que meu dilema é médio; lembra quando contei na mesa de bar sobre um medo torpe que, posteriormente, lhe segredei perceber ser inédito, até então? É que as minhas inseguranças surgem em problemas banais e as questões que, supostamente deveriam me afligir como cidadão, são ignoradas pela casualidade de consequências minhas. Talvez por isso que eu viva repetindo a ladainha de dizer a felicidade é minha hóspede quando faço das sexta-feiras incríveis com apenas boas companhias.

Comparando com o aleatório, tenho mais chances de encontrar um padrão pra felicidade que resolvi chamar de nossa. Não vamos seguir o comum, porém também não vamos negar o que já existe. Gosto da ideia que a fórmula boa pra gente já está por aí, basta só que estabeleçamo-la com pitadas de nossa pessoalidade. Logo, não precisa se preocupar se não vai dar tempo de cumprir aquela promessa, ou se não vamos poder ir àquela festa. Nós podemos sair, sem rumo, pra derrubar ou só apreciar umas cervejas, quiçá tragar em pigarros alguns odiosos cigarros; as obrigações que tenho na vida já se esvaíram aos meus vinte e poucos e sim, sei como meu discurso soa louco, mas já que a vida é só uma, faz todo sentido que o manual de instruções seja complexo de decifrar, ainda bem então que você chegou pra me ajudar.
Judiação é quando você, não sei com qual intenção, vem pra me beijar por eu soar como velho. Sim, eu lembro que, apesar de não ter validade, nosso tempo é íntimo da celeridade e apesar da sabedoria popular, não pretendo tentar aprisionar a felicidade que, ultimamente, parece ter nutrido gosto em nos visitar, até porque ela bem sabe que tem seu quarto de hóspede nos sorrisos que partilhamos quando, em silêncio, apenas nos encaramos.

Caricato é o destino que pintam pra contemporaneidade, pois se existe um mapa para nos direcionar, tenho de pedir desculpas, já que, em algum lugar no passado, eu o troquei por um conversar. Então, por favor, não se preocupe com as confluências da vida, visto que entre a maré do certo e errado, podemos sempre pegar a estrada, não importa o que vão dizer, tudo está bem, enquanto sorrisos forem o que nos motiva a ir além.

quinta-feira, 24 de novembro de 2016

Vendado

Seu abraço ainda é tão brilhante como foi o primeiro, mesmo entre edredons, mesmo quando, de olhos fechados, não dá ver nenhum dos tons, quando seu toque já me é tão bom, que minha felicidade é você por perto com. Um beijo farejando meu pescoço, entre um ronronar sonolento, dentro de conversas entre sonhos extasiados. Sim, minhas pálpebras fazem dos meus olhos vendados, mas eu sei, que ao meu lado, seu coração está brilhado em sorrisos, me enobrecendo em sentimentos que achei que não geminariam mais, fazendo me regar planos tortos.

Tortura é, no meio de tantas encruzilhadas, nos momentos comuns da vida, perdido ao redor de vários rostos quaisquer, lembrar daquele seu olhar pós um gole de café e não poder estar por perto pra lhe fazer um pouco de cafuné. Não temos a eternidade, é bem verdade, mas temos tudo que couber nesse meio e, pra mim, hoje, esse é meu melhor anseio.

Ansioso eu fico, sempre que vou lhe ver, pode não parecer, posso não transparecer, afinal me criei pra transbordar confiança, porém sempre que sei que você vai chegar, me sinto como quando ainda era criança e não sabia o que fazer pra agradar aqueles que me faziam bem; questiono-me se estou aprazível o suficiente, se coloquei o perfume que você fareja como se fosse um presente, porque fazer de cada momento nosso especial, faz-me ter certeza que ainda lhe sou uma dose de alegria num dia casual, fazendo mudar toda a perspectiva que nos ensinaram que a vida se divide entre momentos horríveis e miseráveis; e é apenas isso que quero ser: o seu motivo pra relaxar e esquecer, de qualquer tensão que vier a lhe entristecer.

Teço assim, talvez por ser louco, entre nossos momentos poucos, linhas de carinhos, porque nosso caminho é feito simples assim: você sorrindo, entre beijos e abraços; entre sorrisos e amaços; entre conversas soltas e amarradas, um bom emaranhado, uma costura que posso fazer de olhos vendados, desde que você se mantenha brilhando ao meu lado.

quarta-feira, 16 de novembro de 2016

de Olinda

Por favor, não me dê esse olhar,
Nem pense em falar o que não se diz,
Quando se vive como se deseja,
Relacionamentos ficam por um triz,

Do Antigo pras ladeiras de Olinda,
São poucos quilômetros de muita folia,
Enquanto amores vão e se vem,
Estamos no paraíso por quatro dias.

Numa maratona sem descanso,
Não dá pra lembrar do que já existe,
O verão se despede sem perdão,
Sim, eu acredito no amor.
E você me diz pra não me preocupar,
Que permaneço no seu coração,
Antes da páscoa vamos conversar,
Perfeito, na páscoa vamos conversar.

Estou de acordo, melhor curtir o agora,
Pego carona no primeiro frevo,
Com um sorriso no rosto,
Engulo axé com gosto,
É Pernambuco, sou de fevereiro.

Não tem como não ficar feliz,
Sentimentos podem esperar,
Tem tanta troça pra seguir,
Não me preocupo com o que virá.

E eu saberei que estou certo,
Fantasiado, aproveitando o calor,
Vou frevar em pontes e ladeiras,
Pois esse que é meu grande amor.

Isso se eu não lhe encontrar,
Do antigo para as ladeiras de Olinda,
Recife ainda é um ovo social,
E ainda vou sorrir com seu beijo,
Perdidos se esbarram no carnaval.

domingo, 13 de novembro de 2016

Antes do Sol Chegar

Antes de você, nunca me entreguei completamente ao amor. É que, por mais errôneo que isso possa soar, sempre existiu a possibilidade de um futuro diferente e, também, era a melhor forma de proteger meu coração, ou parte dele. Provavelmente temi, a vida toda, de errar onde meus pais erraram. Acho que foi esse medo que me levou até seu encontro: tinha de me aventurar, após me ver livre de um relacionamento que, até então, tinha suposto estar vivendo..

Suponha que eu não tivesse te encontrado, imagina se não tivéssemos conversado? Pensa só como seria se você tivesse se negado a me acompanhar, ou a me beijar? Faça de conta que nunca nos vimos; que nunca trocamos palavras, que eu segui à deriva entre inspirações sépias pros meus tantos textos que já havia escritos, aqueles todos que não despertam nada em mim quando os releio; Por favor, finja que tudo que passamos, juntos, nunca aconteceu, que não lembra de nenhum dos nossos tantos diálogos, sobre os mais variados assuntos... Preciso acreditar nisso, pois é a única forma de aliviar minha saudade de você; de sanar a culpa que sinto por não ter conseguido nenhum contato até àquele dia; por ter deixado que nos tornássemos mais normais do que nosso amor merecia.
À mercê do destino, nosso amor se fez assim, tão bom de assistir. Cada episódio é tão rico que nunca bastante o prazo que nos dão. Antes do amanhecer eu quis lhe conhecer; antes do pôr-do-sol não consegui lhe esquecer; antes da meia-noite não posso lhe perder. É que a vida é difusa e dinâmica, por mais problematizada que seja e, ainda assim. vai ser boa de ser vivida, então que bom que foi pra você, a quem me entreguei antes de perceber, antes do sol chegar.

quarta-feira, 9 de novembro de 2016

Bossa

Não fique triste,
Também não tenha esperanças,
Não sei porque você persiste,
Sou feliz como estou,
E você já me é uma boa lembrança.

Por mais sincero que eu seja,
Você ouve o que quer ouvir,
E eles veem como quiserem ver,
Não importa se chorar ou sorrir,
Desde que num rótulo esteja,
Você será só mais um haver.

Um aceno com a cabeça,
Pois não sou bom com apertos de mão,
Talvez você se esqueça,
Quão estranho ainda sou,
Tanto de mente como de coração.

Perdoe aqueles arrependidos,
A vida só se vive uma vez,
Independente do mal que lhe fez,
Deixar pra lá é tão mais divertido.

Sim, sou um idiota ou um otimista,
Mas nessa realidade ser o são,
É esterilizar um chauvinista,
Melhor então pertencer a outra dimensão,
Uma que seja só nossa,
Onde toda nova terá de ser bossa.