quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Brinquedo Novo

Simplesmente não fazia muito sentido. Nunca fez nenhum, na verdade; sempre foi assim mesmo. Não era amor, nem saudade; era uma vontade guardada, ou algo por aí.

Era como um brinquedo novo, que estava escondido no guarda-roupas do seu pai. Ela abriu o embrulho, mesmo sem saber se era dela; brincou, e antes que o pai chegasse colocou no lugar; não podia se apegar ao brinquedo, não sabia se era seu, não deixaria seu coração se machucar levianamente.


Foi o sonho que ela teve, dois meses e meio depois que eles pusseram um fim naquele hiatus aberto, chamado de amor-amizade.

Manteve os olhos fechados, não queria se distanciar do sonho; era de quando ainda era criança, e os únicos problemas do seu coração eram brinquedos novos. Tinha sido fisgada dos sonhos pelo som de uma sms nova no celular, mas não queria olhar, preferia tentar voltar para o sonho.

Desistiu quando sentiu uma saudade apertar. A saudade cheirava a alecrim. Sentiu água na boca, uma vontade de sorvete de acerola; a memória voou, para a última vez em que ela se deixou ser dele.

Ele insistente apareceu na casa dela, a pleno meio-dia de terça-feira, só para trocar os presentes que haviam prometido um pro outro, ela estava fugindo há tempos desse encontro a sós; ele anseando. Não podia tê-lo só para si, então preferia não tê-lo, preferia só estar perto dele. Só que ele não queria isso, no final, fraquejou à vontade dele, e pronto; prometeram que nunca mais repetiririam isso até que ele pudesse ser dela.

Olhou a sms, e sentiu o peito apertar, nó na garganta. Tudo porque ele tinha sido egoísta para não querer seguir adiante sem que eles pudessem se ter. Ele prometeu, é verdade, que não tentaria mais, e para cumprir a promessa, estava fugindo dela. Já fazia dois meses que fugia, e fugia. Egoísta e covarde. Re-leu a sms e deixou os lábios se contraírem. Esse jeito poetico sempre a fazia sorrir um pouco.

'Queria conversar contigo, nada de mais, sobre tudo, sobre nada, uma conversa de botas batidas sabe?'

Ela queria vê-lo, queria mesmo, não aceitava bem a história dele ter fugido.

Levantou e decidiu não se importar mais; deixar que o acaso guiasse o coração, como tinha que ser. Respondeu apenas o seguinte.

'To com saudade de você, dos palpites e sorrisos'; e deixou que ele voltasse para jogar sua vida num liquidificador novamente; lá no fundo ela gostava; seu coração era louco, bem sabia, e não iria ser ela que iria impedi-lo de se divertir.

Bruno M. Tôp

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

O que um ‘Eu te amo’ carrega.

Já percebeu como a gente se dá tão bem? Do nada bate uma vontade de estar contigo, te abraçar, dar beijo, como a gente não pode se ver o tempo todo; a solução é te ligar só pra dizer ‘eu te amo’, mandar uma sms cheia de declarações. Pode ser em qualquer dia, ou qualquer hora; na verdade, a grande graça dessas atitudes é não ter hora marcada não é mesmo? E o mais engraçado é que nós dois fazemos isso, sempre que sentimos vontade.

Às vezes eu tenho medo que seja muito piegas de minha parte, ficar dizendo ‘eu te amo’, tantas vezes, mas é que essa frase carrega tantas coisas que eu quero falar, mas que não consigo expressar. É complicado demais, por isso repito-a tanto, para que você nunca duvide disso. Deixa eu tentar explicar, uma pequena parte do que meus inúmeros ‘eu te amo’ significam:

Você me é assim um tanto especial; digna de receber tantos apelidos carinhosos quanto minha imaginação de poeta pode concretiza, por mais abstrato que amor seja, para mim ele é completamente concreto nos laços que atamos juntos.

Mesmo sendo tão diferente, é como se simplesmente fossemos feito um para o outro. A nossa vontade de ficar juntos foi tão grande, apesar de tantas adversidades (impostas por nós ou não) que se tornou Amor; um daqueles que até O Tempo sentiu inveja. Eu não o culpo; de todas as pessoas, divindades e tudo o mais que observam nossa sincronia, quem não sente inveja da gente? O nosso amor é assim tão puro e belo, perfeito até nos defeitos e desentendimentos. Você me faz um bem enorme, que o tempo que passamos juntos, é ínfimo, tão pouco, quase nada comparado a minha vontade de você. Agora parando pra pensar, acho O Tempo percebeu isso, e como não podia roubar de nós a intensidade de nosso amor, decidiu tomar de nós o tempo que tínhamos para ficar juntos, a sós, aproveitando a companhia um do outro; só que ele falhou em ir veloz, pois a saudade só fez aumentar a necessidade que eu tenho por você, a dependência que meu corpo sente pelo teu abraço.

Desde que me levanto pela manhã, sinto um comichão gostoso surgir pela minha face, eu dou um sorriso e lembro do sonho bom que tive com você; daí em diante já fico aguardando o dia que vem, pra poder te ver, e tentar fazer o tempo esperar, como esperei, numa eternidade (mesmo que sejam os dois segundos que fiquei esperando você voltar do toalete). Quanto mais eu paro pra pensar, mais penso em você; e quanto mais lembro; mais lento o tempo decide passar para mim, tanto que ele parece estagnar, de uma forma que só um Tempo invejoso sabe fazer! E quando finalmente tenho você, já nem sei que dia é hoje, nem sei se passaram semanas, anos, minutos ou meses desde que comecei a encarar o seu olhar; é como se esse olhar me levasse até uma dimensão a parte, onde o tempo não tem vez, e que cada vez mais, brilha intensamente, toda vez que ficamos a nos encarar.

Se eu olho para trás (para o tempo em que estamos juntos) fico muito confuso; às vezes acho que já passou tanto tempo, pela intimidade e intensidade que a gente construiu, e ao mesmo tempo, acho que não passou quase nada, que nosso futuro precisará de muito mais que milênios para se concretizar. E o tempo vai passando assim devagar, do jeito que eu sempre quis; nosso amor é daqueles tão raros e místicos, capaz de alterar o espaço-e-tempo contínuo; não só para mim, para nós dois.

Eu sempre desejei poder domar O Tempo, e agora percebi que nunca pude fazê-lo; só quem tem essa habilidade é o Amor, e ele o faz, forçando o tempo a passar devagar quando estou contigo, e ao mesmo tempo tão rápido! Na verdade, os parâmetros que conhecemos para o tempo, simplesmente não funcionam. Você entende o que quero dizer? (na verdade nem eu entendo muito, só sei que faz muito mais sentido quando paro de pensar com a cabeça e passo a pensar com o coração).

Se um dia eu conseguir lhe mostrar o tempo que vivenciei antes de ti, talvez você entenda o porquê de eu não querer sentar para discutir, de eu ser assim meio retraído, simplesmente por saber que o tempo vai passar rápido para mim! Nem adianta fazer birra, embora aquele biquinho seja extremamente lindo, você tem que me entender quando peço um tempo para você me ouvir (ou apenas para eu me ouvir).

É meio difícil de aceitar eu sei, mas é a única solução para mim; que congelei, fugindo do amor; até lhe conhecer estava tendo êxito, mas por me auto congratular, acabei caindo nessa armadilha, e não sabia como me portar, quando o amor veio me chamar (acho que esse foi o grande x do problema de termos demorado tanto a dar certo); quando você me descongelou, roubando da raposa a escolha de amar, acabou por me deixar nessa dúvida tremenda: será que o tempo vai ter tempo para amar? Ou será que no fim, eu terei que ficar só, como fiquei tão bem quando me congelei? E então, se todas as cicatrizes voltarem a latejar, para onde vou poder fugir? Bem você, sem perceber me deu essa resposta! Se tudo o mais falhar, poderei me esconder no único abrigo que confiaram a mim; o seu coração, único ponto onde me sinto confortável o suficiente para não temer o futuro; pois quando meus olhos estão refletidos nos teus, sei que o tempo vai esperar, até a eternidade do nosso amor se perpetuar.



Agora você consegue entender quanta coisa o meu ‘eu te amo’ carrega? Eu te amo.

Bruno M. Tôp

domingo, 3 de outubro de 2010

palavras não-ditas

Eu decidi publicar isso aqui mesmo, pra vê se eu perco logo essa vergonha/ mania de não declarar abertamente o que realmente sinto, pra vê se de fato eu consigo acabar essas palavras não-ditas.

Nem sei por onde começar, porque é tanta coisa, e ao mesmo tempo é bem simples: eu te amo, desde sempre e pra sempre. É algo muito abrangente e muito simplório né? Então vou entrar em detalhes. Sabemos que relacionamentos entre irmãos são muito complicados, e que é assim mesmo, implicância predominando, poucas palavras de carinho, bem nós não íamos ser diferentes dessa regra, só que cada vez mais eu percebo que essa regra é uma tremenda idiotice! Sabe me bateu um medo tão grande que talvez, por futilidade minha eu não iria conseguir dizer tudo que quero, e há muito tempo quis dizer a ti; não eu decidi mudar as coisas, tirar esse peso do peito sabe?

Todo mundo tem um herói na vida, você é o meu; mais que isso:  meu objetivo, meu rival, meu alvo, meu amigo, meu ponto de apoio, meu baricentro, sem perceber, desde pequeno eu me foquei em você. Thiago era como se fosse o outro baricentro, se é que isso faz sentido; e se houve uma coisa que nossos pais fixaram na nossa cabeça foi ‘cuide de seu irmão, família é o que há de mais importante’; eles não podiam imaginar as conseqüências que isso ia ter nas nossas cabeças após aquilo que aconteceu. Não foi culpa de ninguém, foi uma fatalidade; só que mesmo assim, todos nos culpamos, um vazio se instaurou, tomou conta, e as palavras que normalmente não eram ditas, foram extintas.

Eu tentei de todas as formas, dominar-me para dizer isso, que não era sua culpa, que você nos protegeu muito mais do que um super-herói faria, mas nunca consegui. Fui infantil demais, egoísta demais, tímido demais. E eu fui te perdendo, a gente foi se afastando, você continuou a me proteger, silenciosamente, e eu continuei a aceitar isso, silenciosamente; as palavras se perderam entre nós dois.

Hoje bateu uma saudade enorme, de te ter por perto, saber que tu estás aqui era suficiente pra eu ficar bem sabe? Em paz. Eu não sei explicar, só sei que me sentia muito bem indo no teu quarto fedorento te dar um cascudo, ou te fazer dizer ‘saii porra!’; sei lá, deve ser coisa de irmãos!

Tudo que eu fiz, e que faço, é pensando em ti sabia? Tudo é derivado de uma comparação que faço contigo, com teu passado, com teu futuro, com o que tu vai pensar, como tu vai agir; e acho que é por isso que tenho andado tão perdido ultimamente. É que tu nunca me julgasse de verdade, tu nunca falou nada sabe? Então eu segui em frente, sempre; pois quem cala consente, tu sempre estivesse aí me olhando, guardando, e eu fui vivendo, pra te orgulhar. O que mais quero na vida, é ter um filho e torná-lo teu afilhado, pra que ele te admire tanto quanto te admiro, para que ele tenha alguém tão bom pra se espelhar, pra se projetar! Painho e mainha são pessoas excepcionais, não tenho duvidas disso, mas se existe alguém que admiro cegamente, é você, talvez pelo que a vida nos proporcionou, talvez pela nossa incompatibilidade conversacional; não sei se tu percebeu, mas somos tão parecidos em gostos e tudo o mais, e mesmo assim, somos tão distantes. Não quero que isso mude não! Simplesmente seria estranho que tu chegasse para mim para dizer cada detalhe da tua vida, HSUIHSUIHUS, ia ser até assustador. Mas eu queria voltar aquela época dos meus 14 anos quando ia dormir no teu quarto e contava um pouco da minha vida, e perguntava da tua sabe? Ter mais que ações expressadas. Em algum ponto da nossa vida, a gente esqueceu que as palavras também demonstram sentimentos, não são só ações, acho que por isso que estou escrevendo esse texto.

Quero te dizer, que tudo passa, menos o  nosso laço. Um dia, provavelmente, painho e mainha terão ido, e só restará nós dois; poderemos ter nossas próprias famílias, só que ainda assim, meu baricentro será você; muito provavelmente eu vou ter esse mesmo laço com meus filhos, e quero educá-los do jeito que fomos educados por  nossos pais, para que meus filhos amem os irmãos no mínimo a metade do que te amo.
Se existe alguém que me conhece, sem eu nunca ter me explicado é você, eu pelo menos acredito nisso. Cada mentira, cada detalhe, cada disfarce, tu conhece e reconhece.

Obrigado por existir, obrigado por me proteger. Desculpa por esse tempo todo que me escondi, é só que, as palavras queriam sair, e eu tinha medo da tua reação após ouvi-las. Eu tentei, por duas vezes falar isso pra tu esse ano, no aeroporto, e no dia do teu aniversário, e falhei miseravelmente em ambas né? Só que a partir de agora, espero que seja diferente, vou moldar as palavras não-ditas em sorrisos, que virão a existir após eu expressá-las.

Não precisa voltar agora não, eu agüento de saudade, o destino é teu, a vida é tua; só não esquece disso, independente do que for, seja de boa ou de má índole, eu vou te de ajudar e apoiar, sempre, posso até fazer de má vontade, mais nunca vou te negar nada, de verdade, por isso, conta comigo pra tudo, pois eu preciso de apoiar, como teu irmão mais novo, como Thiago faria junto comigo.  Hoje eu vivo por nós dois, por nós três, para sempre. Esquece disso não ta? Te amo, meu herói, grande irmão. Fica com Deus, e continue sendo essa pessoa maravilhosa, que um dia, eu chegarei aos pés.




P.S.: na minha cabeça o texto tinha ficado bem melhor, olhando no papel, ficou meio piegas, mas foi o que saiu ao mesmo tempo que desciam umas lágrimas e o nó apertava na garganta!
P.S.2: APROVEITA AS NEGAS AI DA EUROPA! Hehe, tinha que dizer isso.

Bruno M. Tôp