quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Guardado na Gaveta

E um dia, eu simplesmente acordei livre.

Os grilhões que me prendiam a você sumiram. A abstinência finalmente passou; a necessidade, vontade, anseio e desejo; simplesmente se esvairam.

Enquanto bocejava, sentia uma nostalgia estranha; era como se um peso tivesse sido tirado do meu peito; era um alívio e ao mesmo tempo, triste.

Sem perceber, enquanto escovava os dentes, duas lágrimas escorreram pelo meu rosto; um sorriso de compreensão se espalhou pelos meus lábios.

Fui até meu quarto, até a estante que havia escondido nossa foto, aquela boa e velha amassada foto, que foi molhada por lágrimas de alegria e tristeza, que foi amassada e restaurada, beijada e quase rasgada; a observei. Olhei seu sorriso, e nada. Nenhum arrepio, nenhuma saudade, apenas o nada. E eu a guardei novamente, lá no fundo de uma gaveta, para amores passados.
Parece que finalmente a minha decisão de desaparecer deu certo. Abri a cortina, vi algumas nuvens escondendo o sol; hoje vai chover, mas não importa, eu simplesmente estou livre de você.

Bruno M. Tôp

terça-feira, 17 de agosto de 2010

pra sua coleção.

Você é sempre assim, instável, diferente, desse tipo, que conquista dizendo não querer, mas na verdade, nós dois sabemos que você quer. Um dos piores cafajestes já existentes, aquele tipo que alega ser cafajeste, tendo boa intenção, e que na verdade, é muito pior, sem pudor, sem amor, sem sentimento… É, você foi me dando palpites, me mostrando atalhos sobre seu jeito de ser, como um livro complicado que é, e que ainda não terminou de escrever, me dando apenas frases soltas, que me custaram muito tempo, e lágrimas para te entender… É, só você tem esse poder.

Quando aparece, quer me monopolizar, meu amor tem que ser só seu; porém, já te disse, eu te amo, só que não te amo pra querer te ter só pra mim, porque sei que você já ama outra (ou outras), e não posso exigir monopolio, eu sou assim, insegura, pessimista, e também, nunca te quis tanto assim. Acho que essa é minha sorte, eu ter me protegido, ter me precavido, me impedido de deixar esse sentimento aumentar, veja bem, se te amo assim, do jeito que somos, imagina se fossemos um casal ‘normal’, você me teria não só na mão e no coração (que você já tem), como teria numa gaiola, presa para quando você quisesse brincar de conquistador de corações; E se meu amor não for só seu, você fica estranho, não reage bem, e às vezes, resolve me conquistar mais ainda. Me pergunto se o destino foi cruel ou não, em me apresentar a você.

Nos viciamos mutuamente no contato diário, no carinho, nos abraços, nas conversas, nos conselhos, nas cantadas, e foras. Você parecia saber como fazer, sem ter noção do que fazer, e acabou dando no que deu, no que somos.
 E ai, você desaparece, me deixando com um buraco no peito, buraco que não pode ser preenchido por outro, que por você ter um coração deformado, acabou por deformar o meu, e agora, eu separei um pedaço (bem grande) só pra você, só pra nossa relação, e eu tenho medo, que você decida realmente desaparecer, decida que não sou mais importante pra você, porque eu sei que você já fez isso com outras, você nunca me disse, mas é minha intuição, e ela, quando se trata de coração, não erra.

Te vejo errando mais uma vez, não tenho porque me meter, afinal não é pecado, é seu jeito de ser, um jeito que você me fez amar, só que eu tenho medo, que esse seu jeito (de viver, de sonhar), acabe fazendo outra pessoa sangrar, como eu sangro, toda vez que você some de mim, e depois volta com juras de amor, dizendo que sempre terei meu espaço em você, mas que espaço é esse? Já que existem tantas outras, e no minimo duas com posições superiores a minha? O pior é que você sabe que está errando, admite isso, com toda a convicção do mundo, e dá esse sorriso encantador, dizendo ‘o mundo é assim mesmo, não existe ninguém perfeito, esse é um dos meus defeitos, e não quero modificá-los’ na maior cara de pau, sabendo, que lá no fundo, você me convence, que errar, nem é tão ruim assim… Logo, me fazendo errar ao me entregar para você.

E então, como eu já sabia, mais uma mudança. Você percebeu? Está fugindo da minha vida, e o pior, está fazendo isso de forma lenta… Eu deveria te expulsar de vez não é? Mas eu também não tenho juízo no coração, por isso, se estiver perdido, é só avisar, que eu te mostro o caminho de volta… Eu sei que sou louca, mas a insanidade, nessa situação faz todo o sentido! Estou aproveitando cada segundo, antes que isso aqui vire uma tragédia.

Se quiser, pode procurar uma timbre mais timido que o meu quando estou com vergonha das suas cantadas, ou um sorriso mais belo que o meu, quando fico escarlate analisando seu sorriso, porém, o que você quer, na verdade ainda está em mim, logo, não adianta procurar muito, eu sempre estive aqui, só você não ainda não percebeu isso. Todas as minhas amigas vivem me bombardeando com perguntas sobre ‘nós’, e eu digo que somos amigos que se querem muito bem. Elas não sabem, nem você, mas quando você se vai, e leva o ‘s’, mas ainda resta o ‘nó’, que deu no meu coração.

E mais uma vez, você volta, só que dessa vez, eu estou preparada, mesmo que não consiga resistir, vou te encarar nos olhos, e fingir que nada aconteceu… Só que você me vê vermelha e acha graça, só que sei que não ficarei bem na sua coleção de corações, você o deformou, para encaixá-lo no seu coração, e agora, ele não tem valor nenhum, a não ser pra mim. O deixa assim, pairando no ar, sem nada, sem graça, só com esse amor tortuoso, e meu espirito está assim cansado, intacto, calado, só inala, exala, e guarda você.

Se pudesse realizar um desejo, queria que só por hoje não mais te ver… Gostaria de sumir, desaparecer, passar por ti, e não consegui te sentir, não ansiar por esse sorriso torto e simétrico, nem branco nem amarelado que faz minhas pernas tremer; só por hoje, não vou tomar minha dose de você, quero afastar essas borboletas do estomâgo que começam a voar quando sinto teu abraço…

Sabe, eu cansei. De chorar feridas que não se fecham mais, de cicatrizes sempre abertas e fechadas por um dono que nem sabe se quer meu bem ou mal. Apenas me quer, pois é egoísta o bastante para admitir que me quer, e mentir dizendo que me ama ao pé do meu ouvido.

Afinal, eu sou tenho apenas essa Utilidade para você não é? Não, só por hoje, quero ficar longe de você.

E essa Abstinencia, uma hora, vai passar.

Bruno M. Tôp

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

1/3

Quando estou sozinho sinto o amanhã tão distante,
Pois desde que você me roubou para si,
Meu futuro já não pertence só a mim.

Mesmo se tivessemos todo o tempo do mundo,
Ainda assim não seria o bastante,
Para saciar minha vontade de estar com você,
É como se a eternidade não completasse um segundo.

Se eu tivesse todos os meios para expressar como me sinto,
Eu não seria capaz de lhe mostrar nem um terço,
De todo os sentimentos e sensações,
Que você provoca em todo meu ser.

Toda vez que estou contigo,
Meus olhos não param de dizer,
Que eu te amo um tanto assim.

Numa longa noite sem sono,
Meus pensamentos voam para seus olhos achocolatados,
Para seu sorriso mais envergonhado,
Para nossos abraços mais apertados,
É o único jeito para eu dormir feliz.

Quando adormeço, sempre vou te buscar,
Pra poder te falar, mais uma vez,
Que sem teu amor, não há luz calor,
O meu mundo é frio, um estranho vazio.

Quanto mais fico longe de você,
Mais eu percebo o quão preciosa você é para mim,
Quanto mais tempo fico contigo, mais sinto algo sendo preenchido,
Meu coração.

Pode não parecer, mas tem tantas coisas que ainda quero te falar,
Que anseio por te mostrar... Os meus sonhos bons,
Da minha vida boba, com todos os seus tons,
Todo o meu amor.

Então, por favor, fique aqui até o infinito,
Me dê seu sorriso, e terei dias brilhantes,
Enquanto eu ainda puder te abraçar,
E saber que você é minha,
As trêmulas palpitações do meu coração,
Vão se transformar em suspiros sinceros,
Chamando pelo seu carinho.

Te darei dengo, afeto, mimo e outras coisas mais.
Aperreio, chatisse e tudo que me faz,
Ser assim, um bobo apaixanado, apenas por ti.
Fique comigo, e mais que um terço,
Te darei toda a minha vida.

Bruno M. Tôp

domingo, 8 de agosto de 2010

Me Vou

Porque eu não soube entender meu coração. Não percebi o que realmente queria quando te conheci. Era bem simples, e ao mesmo tempo tão complexo, meu ego triunfou sobre minha consciência e acabei seguindo um rumo injusto.

Não entendi que meu coração era simplesmente só mais um coração, único a seu modo de ser, estagnado entre o medo da solidão, e a tenacidade de um amor inédito. Foi aí que te conheci, sem ter controle das minhas ações, repeti aquilo que não podia mais fazer; roubar corações agora para uma pessoa como eu, se tornara um crime, e mesmo assim, eu o fiz.

Seria mentira se afirmasse que não significas nada pra mim, não, és muito importante para meu coração, só que, não deveria ser. Eu, mais que os outros, que sei a condolência daquele que tem o coração ermo, não deveria sair por aí, acossando seu coração quando não posso outorgar o meu a ti.

Seus cabelos castanhos, tão meticulosamente desarranjados a uma tez clara e os olhos num verde que sempre gostei de denominar como âmbar me cativaram rapidamente. Hoje sei que dificilmente vou escutar uma de nossas tantas músicas sem lembrar de ti, porém, é algo que devo tentar.

Por isso me vou, para te deixar em paz, desse amor vicioso, que não pode fazer bem a você; te mantive por tempo demais, e agora temo ter te dado a perspectiva errada dos fatos. Eu te amo, mas não vejo um futuro com nós dois, pois, na verdade, tudo começou apenas com meu egoísmo de querer ter mais e mais corações na minha coleção.

Não vou chorar e dizer que não mereço isso, se existe algum culpado, sou eu, entretanto, lá no fundo, não quero admitir isso.

Porque sei que existe algo melhor a tua espera, alguém que saiba te querer com amor, só para ti, e não para te ludibriar. E eu que pensei que nunca te deixaria ir, que nosso amor era o bom da vida, hoje entendo que não existe destino suficiente para nós dois. Espero, com sinceridade, que apareça alguém, para te dar mais que palavras bonitas, para te oferecer sentimentos e atitudes; que te dê mais que uma flor de beira de estrada, enquanto covardemente, foge de ti.

Minhas palavras podem, e devem, parecer não ter nexo com tudo aquilo que outrora afirmei. Porém, faça uma força, e pense que tudo era exagero. Todas as juras, e promessas, não eram tão nobres; apenas por sorte, ou lábia afiada, elas pareciam perfeitas para teu coração; e que, a bem verdade, elas podem e serão repetidas para outros rabos de saias.

Estou indo, mas não peço desculpas, não por orgulho, apenas não quero me desculpar pelo que fiz, pois tudo que fiz, eu quis fazer, mesmo sabendo ser errado. Mas como eu poderia me sentir mal por te manter hipnotizada? Por mentiras galantes que te faziam exibir para mim aquele seu sorriso de vitrine? Não, não acho que foi um erro! Eu o fiz para obter teu coração, e agora que o tenho, percebo que não posso ser dono dele.

Gostaria de saber, que depois de tudo, não choraste, mas seria pedir demais? Se possível, apenas esbanje seu mais tenro sorriso, quando olhar para trás e lembrar da gente. Guarde-me com carinho, siga em frente.

Se acreditaste mesmo que havia um futuro para nós, largue essa crença por aí e lembre-se porque me fui: porque te amei, mas não foi o suficiente para querer só a ti como centro da minha vida.

Por isso tudo, me vou, é uma lástima, mas adeus, me despeço de ti, e me vou.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Céu Azulado

Esses suspiros seus, um vício tão sensual, de me observar tão sultimente, de cabo à rabo, e depois, posar com o olhar desinteressado que consegue ostentar. Não percebeu ainda, mas assim, você acaba me roubando.

Mais quatro onzenas e meia, e já faz um ano que trocamos as juras, tão bem camufladas de risadas, afetos e abraços. Desconfiado, sem jeito, e quase calado, quando fui desejado por você, como poderia esquecer do primeiro timbre envergonhado seu?

Foi ali, naquele dia, que te reavaliei melhor; cabelos louro-avermelhados, pele clara, algumas sardas douradas espalhadas pelo rosto e pelo nariz, olhos cor de canela, pernas grossas e lisas, daquelas que chamavam meu olhar, busto farto, sempre motivo para enrubescer você; um sorriso fácil de se obter, díficil de conquistar.

Com o tempo aprendi a observar cada detalhe seu, a analisar suas manias mais estranhamente engraçadas. E, cheguei a conclusão que me apaixonei por seus cinco modos de sorrir. Um sorriso timido, para os afortunados que conseguem vislumbrados, o principal culpado pelo meu interesse repentino pela sua pessoa; Um sorriso de deboche, sempre precedido por palavras xulas e caretas de uma tênue irritação, normalmente, gerada pela percepção equivocada de uma pessoa qualquer; Um sorriso gratuito, de felicidade por ter acontecido algo que já esperava, e assim, sem nem notar, se concretizou;  Um sorriso inconciente, que se forma nos labios quando um elogio, seja este bruto ou refinado, é destinado aos seus ouvidos; E o ultimo, um sorriso apaixonado, aquele que só é solto quando você lê algo que fazem os olhos brilharem, ou simplesmente, quando se termina um de seus beijos vorazes.

Enquanto colocava barreiras entre minhas verdades e mentiras, você ia avançando, às vezes me escapando, deixando eu roubar você; afanando território no peito alheio, aproveitando-se do meu jeito contagiante.
Não sei não, assim você acaba me conquistando... É realmente isso que você queria, um eu todo seu? Não sei não, assim eu acabo me entregando.

Depois de tudo que mostrei, ainda assim, você continuou por aí. Nem eu mesmo sei o que eu quero com isso, e mesmo assim você me quer, com toda essa confusão.

Realmente, naquele dia, você foi tudo, fez de mim um anjo. Guardou nossos segredos, no presente que fiz, esbanjou um sorriso cheio de certezas, seguidos por muxoxos divertidos... Não sei não, assim eu acabo me deixando ser roubado.
É tudo uma questão de escolhas; já percebi que você não vai me deixar ir, nunca. Então, deixa tudo assim mesmo, que tudo termina, no mais azulado céu.

Bruno M. Tôp