E um dia, eu simplesmente acordei livre.
Os grilhões que me prendiam a você sumiram. A abstinência finalmente passou; a necessidade, vontade, anseio e desejo; simplesmente se esvairam.
Enquanto bocejava, sentia uma nostalgia estranha; era como se um peso tivesse sido tirado do meu peito; era um alívio e ao mesmo tempo, triste.
Sem perceber, enquanto escovava os dentes, duas lágrimas escorreram pelo meu rosto; um sorriso de compreensão se espalhou pelos meus lábios.
Fui até meu quarto, até a estante que havia escondido nossa foto, aquela boa e velha amassada foto, que foi molhada por lágrimas de alegria e tristeza, que foi amassada e restaurada, beijada e quase rasgada; a observei. Olhei seu sorriso, e nada. Nenhum arrepio, nenhuma saudade, apenas o nada. E eu a guardei novamente, lá no fundo de uma gaveta, para amores passados.
Parece que finalmente a minha decisão de desaparecer deu certo. Abri a cortina, vi algumas nuvens escondendo o sol; hoje vai chover, mas não importa, eu simplesmente estou livre de você.
Bruno M. Tôp
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