segunda-feira, 30 de maio de 2011

80 weeks (Verão)

Foi fácil como respirar, viciante como se coçar. Terminou mais rápido do que a vontade poderia suportar. A Primavera se foi, em seu lugar se instalou um calor tão gostoso de aproveitar.

As palavras se perderam, os olhares diziam tudo. Só que as definições de tudo, nada e infinito não pareciam significar qualquer coisa perante aquela ponte que se instalou entre os dois olhares.

Isabel respirou fundo e se levantou. Daniel sorriu, e a seguiu. Eles até trocaram palavras, mas elas pareciam não ter significado algum para aqueles dois corações aturdidos que palpitavam descompasadamente, em suas respectivas carapaças.

O tempo passou, a intensidade aumentou. Eles sabiam que aquilo que consumaram era proibido, porém não conseguiam evitar um mal tão desejoso como aquele. O calor que ela sentia dos braços dele; a tranquilidade que ele sentia ao conversar com ela. Era o verão tornando todos os dias, melhores que os outros.

-Você não vai me querer, eu esou te avisando - ele comentou numa conversa qualquer, enquanto ela lhe afagava os cabelos, tentando fazê-lo sorrir.
-Por que não iria querer?
-Não sei, eu sou defeituoso; quebrado, um brinquedo torto - ele se levantou e a olhou nos olhos - e uma hora vou te machucar.
-Pois que você tente, tenho uma proteção muito forte para isso.
-É sério - ele alisou a bochecha dela com um indicador - eu queimo todos com o gelo que meu coração libera.
-Que eu derreta então. - os olhos dela o encararam firmemente - não vou ceder.
-Você...
-É, eu nunca vou deixá-lo ir.

Assim como a chuva passa, os dias cinzas dele se foram. E o sol voltou a brilhar para os dois. Foi só uma chuva de verão; foi o que ela disse para si mesma.

-Não mais - ela protestou quando ele lhe roubou um terceiro beijo.
-Só mais um - ele insistiu se aproximando.
-Não.
-Você é teimosa.
-Olha quem fala - ela se afastou sorrindo - hora de ir.
-Ok - ele a seguiu e quando chegaram a escada, aproveitou da sua altura avantajada, colocou-a em um degrau mais alto e ainda assim ficou meia cabeça acima dela.
-Me solta - ela alertou quando viu que os braços dele prendiam sua cintura.
-Só com um beijo.
-Não vou dar.
-Então eu roubo - e ele o fez.

A tenacidade que ela teve de tentar impedi-lo, se desfez no momento que a voracidade controlou sua língua, e todos seus sentidos. Ele só aproveitou, e se perdeu naquela imensidão de sensações distintas.

Só que o tempo nunca para de girar, e aos poucos, rotinas distintas começaram a afastá-los. Ela se manteve como estava, imutável. Às vezes conseguindo resistir a ele, às vezes cedendo. Só que ele não conseguiu o mesmo.

Um coração deformado, tem a infeliz tendencia de oscilar vez ou outra, e ela não acreditava que isso pudesse acontecer.

-Não dá mais. - ele concluiu após várias explicações confusas, após desculpas pífias e distorções de situações.
-Eu não sei porque você está fazendo isso - ela engoliu o amargo que se formava na garganta. Era tão ruim de sentir aquilo. Ela sempre esperou aquilo; mas era tão pior.
-Porque eu sou assim. Eu te avisei, lembra?
-Não precisa ser assim.
-Precisa. Não aguento mais. Eu sou o egoísta. Eu que te quero pra mim, sem aceitar que você não é um brinquedo, eu que...
-Dan.
-É melhor assim, Isabel.
-Não me chama assim...
-Não dá mais pra você ser a 'bel'. É sério. Eu me vou. Uma lástima. Mas me vou.

E assim que ele desapareceu, ela sentiu tudo esfriar, e percebeu que algumas coisas caíam ao seu redor. Mas não tinha certeza do que realmente eram; As folhas flutuando no ar, avisando a todos da chegada do Outono, ou os pedaços do seu coração trincado, que caía junto com as lágrimas que prometera nunca mais derramar.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Jogos Vazios

Todo dia,
A mesma vontade,
De quebrar esse ciclo tedioso,
De ser protagonista de seu próprio romance.

Toda noite,
A mesma covardia,
De mudar o certo pelo duvidoso,
De se arriscar por algo que não está ao seu alcance.

Enquanto isso, a gravata aperta,
A alma permanece à espera,
De uma lixívia que possa mudar tudo.

Vivendo num mundo vazio,
Participando de jogos sem sentido.

Mesmo com todo o barulho da avenida movimentada,
Mesmo com tantos rostos desconhecidos,
Mesmo com a profusão sobre si mesmo,
Mesmo com o escárnio sobre a sociedade,
Ele voltou a levantar a cabeça, e quis dar um passo atrás.

Tentou chamar seu nome,
Mas você estava longe demais,
Repousada no seu ponto de saciedade,
Fingindo não sentir saudade,
Daquele furacão vicioso que impregnou seu coração.

É verdade que o diamante cortou seu peito,
Bem mais fundo do que você acreditou alguém ser capaz,
Mas agora que a ferida cicatrizou,
E ele não consegue mais lhe balançar,
Muito menos invadir seu abrigo,
Percebe como você está vivendo um mundo vazio?

Eu estou bem, um pouco entediado,
Mas nada como ele, que toda noite sente o frio,
De não ter mais seu sorriso consigo.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

80 weeks (Primavera)

Essa não é uma narrativa sobre um romance. É apenas um conto sobre egoísmo, sorrisos, beijos roubados e corações machucados. Dividida em quatro atos, assim como uma translação solar é dividida em quatro estações.

Tudo se deu inicio, quando ele começou a fitá-la num bar, em plena quinta-feira à tarde, onde ambos dividiam a mesa de amigos em comum.

Ela já havia reparado há muito nos olhares dele, mas não comentou nada, apenas se concentrou em devolver tais olhares.

-Não deveria beber isso. - foi a primeira vez que ele dirigiu sua voz rouca a ela, mesmo sem saber o nome dela.
-Por que não? - ela indagou em resposta, tentando se decidir se ele era ousado ou um idiota qualquer.
-É feio.
-Por que sou mulher?
-Justamente - os dois se encararam quando ele respondeu. Ela deu de ombros e virou sua pequena dose de cachaça. Involutariamente fez uma careta quando a água ardente lhe queimou a garganta. - eu avisei. - ele acrescentou num tom casual.

A tarde passou rápido, sem que eles conversassem, mas ela continuava a sentir os olhos castanhos dele sobre ela, e aquilo realmente a incomodava.

Sem saber porquê, ela acabou cumprimentando-o quando eles se viram. E depois disso eles passaram a conversar diariamente, sobre qualquer coisa. A intimidade prosperou, sem que eles tivessem tempo de colocar limites no que surgia.

Foi como se a primavera tivesse chegado para os dois. Para ele, foi como se toda a neve e gelo acumulados em seu coração finalmente começassem a derreter perante o sorriso dela. Para ela, foi como se pela primeira vez, seu coração florescesse, se enchendo de cores e sensações que ela jamais experimentara.

-Já percebeu as peculiaridades que nós temos?
-Como assim?
-Meu nome é Daniel, e o seu; Isabel. Os dois terminam com "el" e tem 6 letras, A primeira letra do seu nome é o 'I', a nona letra do alfabeto assim como meu aniversário é no dia 9 de fevereiro, e o seu no dia 4 correspondendo a letra inicial do meu nome que é a quarta letra do alfabeto. - ele pausou sorrindo - O "I" também é a terceira vogal, e o "D" a terceira consoante, ambos somos piscianos e...
-Você tem muito tempo ocioso pra pensar essas besteiras não tem? - ela o interrompeu censurando-o.
-Se você considera seus olhos com de âmbar como besteira, sim, eu tenho...
-Eles são verdes - Isabel retrucou.

Era sempre assim. Daniel falava o tempo todo, e ela ouvia e sorria. Os dois viviam escrevendo sobre eles dois, embora não admitissem um ao outro sobre aquilo. Em poucos meses, parecia que se conheciam a anos. Só havia um porém: ela já pertencia a um outro alguém.

E o romance ia fluindo, como a primavera. Os dois aproveitavam o clima, e descobriam um no outro, coisas cada vez mais agradáveis. Ele a incentivou a não ter vergonha daquilo que escrevia e como ela escrevia, e isso o fazia sorrir como jamais sorrira. Se pegava abobalhado relendo o mesmo texto, inúmeras vezes.

Daniel via em Isabel, um vício inexplicável. Ele bem sabia que não devia flertar com ela, mas não resistia. Era como se ela tivesse sido moldada para ele. Como se o destino tivesse se atrasado em apresentá-los. Os cabelos claros dela, que contornavam seu rosto em forma de coração agraciado por dois olhos de um verde mais claro que a cor do mar, lhe faziam sorrir até as bochechas doerem. E ele a queria pra si, como nunca quisera nada antes.

-O que há de errado se você quer?
-Não é certo e pronto - ela finalizou pela enésima vez aquela conversa.

Só que ultimamente as coisas estavam fugindo do controle dela. E ele já notara isso.

Para Isabel, aquele jovem moreno de olhos castanhos e sorriso galante, era bastante atraente, mas não era isso que a fazia ficar balançada. Eram sempre as palavras. Algumas Palavras. Que a confundiam para esclarecer. Ele sempre sabia as palavras certas, que a surpreendiam, que lhe  arrancavam sorrisos, e nunca se tornava repetitivo.

Segundo ela mesma, era como um livro que parecia estar sendo escrito, e que cada vez mais se aproximava de um clímax melhor e mais intenso. Só que ela não sabia o que ele sentia, e receosa como era, preferia guardar para si tudo aquilo que sentia.

-Você quer - ele afirmou num sussurro preso em seu sorriso.

Quando os olhos dos dois se encontraram, ela não sabia o que sentia. Se era amor, ou vontade. E finalmente, ela cedeu, talvez pela curiosidade, talvez pela insistência.

Já passava da vigésima semana que eles se conheciam quando ele finalmente lhe roubou os lábios, numa tarde quente demais para a primavera. E ela soube, no âmago do seu peito, que a primavera se acabara, e aquele calor que sentia só podia significar uma coisa: O Verão havia chegado.

domingo, 15 de maio de 2011

Dois Anos (Amor, Amor, Amor)

Estava fazendo um balanço de tudo que aconteceu na minha vida nos últimos dois anos, e por incrível que pareça só consigo pensar uma coisa: que minha vida passou a ter graça depois que te coloquei nela. Isso é exagero? Talvez fosse se meu dia não melhorasse totalmente toda vez que escuto um ‘eu te amo’.

Nos momentos mais estranhos, em que eu estou pensando a toa, eu acabo sendo levado a pensar em chocolate e calor. É que eu me lembro dos seus olhos e do seu beijo. Quando eu deito minha cabeça no travesseiro eu penso em futuro, em família, e muito mais muito amor.

Você já pensou no quanto tudo mudou em dois anos. Quem diria que dois anos à frente eu estaria tão responsável, tão menos irredutível, tão mais sorridente, tão menos egoísta, tão... Feliz. É, em dois anos muita coisa mudou. Nós tivemos tudo para dar errado, e mesmo assim continuamos a dar mais certo do que tudo que eu conheço. Simplesmente porque somos chatos demais para desistir, e acabamos conseguindo que tudo desse certo não é?

Pois é, já são dois anos de muita coisa acontecendo. E eu só tenho a te agradecer. Pelo seu amor, pelo seu carinho. Pelas brigas também. Por tudo. Porque você simplesmente me faz um bem imensurável. Faz-me querer ser uma boa pessoa, só para te fazer feliz. Faz-me acreditar que a vida é mesmo algo bom de viver.

Pensando melhor, quando eu olho para esses dois anos, só consigo ter memórias boas de tudo que a gente vivenciou. Porque você sempre esteve ao meu lado, mesmo sem querer em algumas ocasiões.

Você já pensou no que o futuro reserva para o nosso amor? Nós poderemos estar agarradinhos num cinema qualquer, sem estarmos enjoados daquelas comédias românticas que só nos fazem ter certeza que nosso amor é muito melhor que aqueles que são produzidos em hollywood. E quando sairmos para esticar as pernas pelas ruas, o sol vai brilhar em você, e em mim; seus olhos vão ficar mais achocolatados ainda, e vamos sorrir, apenas por existirmos um ao lado do outro.

Posso ver como tudo vai acontecer em cada detalhe. Eu vou te roubar um beijo, e você vai protestar, mas vai esquecer rapidamente, porque vou te mostrar uma nuvem com um formato de um avião. Vai haver sol e nuvens brancas em todos nossos dias, porque eu estarei contando minhas piadas idiotas, e você estará gargalhando delas como sempre.

Nós também vamos nos lembrar quando costumávamos a discutir por causa que eu roubei um pedaço do seu sanduíche, e sorrir bastante, pois era isso que nos divertia naquela época. Vamos poder ficar até tarde na varanda, numa noite quente bebendo vinho, nos divertindo, e bebendo. Só rindo. Isso porque nesses dois últimos anos aprendemos a apreciar a companhia um do outro mais do que qualquer coisa. E na nossa cabeça só vai ficar ecoando uma palavra: Amor, Amor, Amor.

Pode ser meio fantasioso, mas é tudo o que vem na minha mente quando olho pro seu sorriso; Que o futuro que nos aguarda é tão melhor do que o presente que temos agora; E olha que é impossível superar a felicidade que sinto agora.

Acabei de lembrar, quando eu te ver da próxima vez eu vou dizer "Eu nunca fui tão feliz quanto estou agora", e você vai sorrir e responder "É, eu nunca pensei que poderia ser tão feliz quanto eu sou quando estou com você" Tudo vai ser Amor. Carinho e chamego. Algumas brigas, e beliscões. Beijos e mordidas. Mas principalmente amor. Por toda a eternidade.

E quando os meus dias cinzas chegarem, você vai estar lá para me animar, dizer que é besteira minha e me mandar sorrir e te beijar; como fez nos últimos dois anos. Quem sabe até, você consiga finalmente extingui-los da minha vida. Não sei se você  notou, mas eles são tão raros ultimamente, isso porque dois anos atrás minha vida era cinza, agora só alguns dias perdidos são assim. Tal igual eu vou estar aqui o tempo todo para te dar dengo, me apaixonar mais ainda pelo se risinho de tão apaixonado, e pelo seu bico cheio de mimo. É, do passado ao futuro vai ser só Amor, Amor,, Amor.

Infelizmente, tenho que te dizer que pode ser também, que daqui a dois anos, a gente nem se encontre mais. Pode ser que a gente nem se conheça mais. A gente pode não se dar bem. Talvez a gente só se estranhe e se perca. Mas independente do caminho que tomemos, sempre vai existir amor. Aonde você for, vai ter amor. Todo esse amor que eu carrego por você.

Hmm. Sinceramente, do jeito que sou insistente, duvido que você algum dia consiga fugir desse meu amor todo. Então esquece essa possibilidade de não existir pra mim. Pois te quero muito mais que o infinito anseia por um fim. Então que esses dois anos sejam ínfimos em comparação a eternidade que quero passar junto com você.

Lembre-se do que meu ‘eu te amo carrega’ e sorria, porque nossos dois anos transbordam de Amor, Amor, Amor.