sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Desejo

Ter me visto com alguém novo, depois de todo esse tempo, depois de tudo que você foi, depois de esperar tanto pelo retorno de nós dois, a quietude, a sobriedade, a falsa normalidade, me dói, como uma queimadura, como se, mesmo depois de tanto, ainda não estivesse pronta pra vivências futuras.

Se eu tivesse visto que nos seus olhos não havia futuro pra gente, não teria havido uma nova tentativa, sua última saída sequer teve um adeus, fiquei só, com arrependimentos meus que deveriam ser exclusivamente seus, causados apenas pelas juras que você nos prometeu.

A única promessa que mantenho hoje é não desistir, na verdade, não resistir, ao toque de outro alguém, quem sabe eu não encontro um ser de bem? Provavelmente não vou conseguir, já que eu mesma não consigo exalar alegria, simplesmente porque eu me importo demais.
Demasiada é a sensação de irritabilidade quando lembro que você poderia ter dito, senão em versos bonitos, a verdade sobre nós: não ia ser infinito. Mas você preferiu manter isso, como tantas outras coisas mais, em segredo e aí, quando o nó nosso se desfez, eu fiquei meio perdida, meio solitária, você poderia ter dito apenas que as coisas entre a gente não estavam sendo como você esperava.

Espero que você seja feliz, porque se eu lhe desejasse algo diferente, provavelmente iria atrair isso pra mim, então melhor ser assim. Desejo o melhor pra você, tal igual desejo o melhor pra mim, como já desejei uma infinidade de felicidade pra gente, e agora tenho de rezar pra que seja com pessoas diferentes.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Appeal

Os lábios, fortes, chamativos, quase vivos, clamados pelos meus, tão ateus, como se provocassem algo em mim, um fogo forte assim, que não dá pra descrever, que nem eu sei entender.

Antes que eu possa sequer assimilar o efeito que me fazem, ela os arqueia e entrega o sorriso, imperfeito, por trejeito, em algumas raras vezes, exibindo um lado tímido, um semblante sem jeito. Não é o mais lindo, mas um dos mais bem-vindos, divertem grande parte do meu ser com apenas um vislumbrar.

Deslumbrado eu fico, pelo olhar, tão rico, quase sempre, sorrindo, intimidando, todas as vezes me atraindo, me roubando. Dono de um poder que não consigo contabilizar e olha que eu sempre fui muito bom com números, contudo, enumerar o charme dela é algo que pareço não ser capaz. Ela é dona de um appeal que só ela parece ter: provoca, desfoca e evoca, algo aqui dentro que me desperta os melhores sentimentos, que me faz ser grato por estar ali, mesmo que só como expectador.
Mesmo sem ter expectativa, por saber que, racionalmente, não faz sentido tê-las, ainda assim, gosto de imaginar como seria um noite em que ela se deixasse levar pelos meus convites. Uma noite só em que eu não fosse o único a ultrapassar alguns limites. Entretanto, o fruto que sou, nem sei se ela sequer, algum dia, já provou, logo, resta apenas desejar mais da pele alva, dos cabelos negros, da dança morena, que ela exibe sempre que nos encontramos.

E eu encontro nela, a perspectiva que os sorrisos são sim, a parte mais atraente que alguém pode usar contra mim. Quem sabe, dia desses eu não degusto enfim, do sabor que já me causa tanto furor, do arfar dela, que me libertará dessa cela, em que me coloquei, desde que, pelo appeal dela me viciei.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Desdobrar

Estou cego? Sua mão se moveu pra longe da minha, e eu considero isso um sinal, ultrapassamos aquela linha? Sinto que a partir disso, você é um tudo, menos minha e, surpreendentemente, não estou mal com essa percepção. Isso não torna uma pessoa fria, isso não diminui minha esperança sobre o futuro, você sabe o quanto eu aprecio o que vivenciamos.

Viver é mudar a cada instante, então entre dobras causadas pelo tempo, melhor deixar desdobrar. Não deixarei o que é nosso cair na caixa do não-dito, mesmo que não seja tão bonito, mesmo que não sigamos pro infinito, acho melhor desdobrarmos o que sentimos, revelar o que não sentimos e aceitarmos o que tiver de ser.
Na minha cabeça, seremos sempre algo bom. Mácula, mágoa e rancor, disso eu não consigo dispor. É que aprendi, faz tempo, que carregar algo negativo nos torna menos vivos, então, não existe um bom motivo, para eu associar-lhe a qualquer pensamento ruim. Na minha mente, você me diz coisas que nunca disse e jamais dirá, por isso escolhi esquecer, pegar o bom e abandonar o resto. Logo, as ilusões ficarão velhas e serão sobrepostas pelas novas dobras que vida trouxer.

Trago comigo, apenas duas situações: o cigarro que levo a boca, mesmo tendo prometido a mim mesmo que não mais iria fumar e a percepção que você não responderia quando eu lhe ligasse, apesar de eu estar pronto pra lhe dar tudo. O que os olhos não veem, o coração não sente, mas isso não significa que você não foi minha, o sentimento pode ter mudado, porém ele nunca morre, continua e continua, não desdobrado como eu gostaria, agora amarrotado, esquecido, num canto qualquer, das lembranças que meu peito teima em não esquecer.

domingo, 21 de fevereiro de 2016

Sentidos

Eu a conheci fora de mim. Era tão eu quanto não era, e quando dei por mim, já estava ali, de frente a ela, encarando, desejando.

Desejei seguir o som que ecoava, fechei os olhos e também todos meus outros sentidos, e naquele som me deixei flutuar. O controle quase mínimo que tinha do meu corpo se foi de vez, embarquei numa viagem que poucas vezes na vida experimentei. Percebi ali, que tudo o que eu tinha, daria a ela, só pra poder me manter naquele estado de espirito. Só pra continuar me perdendo.

Perdido, recuperei o mínimo controle que tinha de mim. Sabia que o momento era inapropriado, mas eu nunca esperei momentos certos pra fazer o errado. Fui até a frente do palco e, pra minha grata surpresa, ela parecia partilhar do mesmo transe que me impusera sem nem sequer me notar. Meus olhos que falhavam até então, voltaram ao funcionamento pleno e, como se impregnado por algum tipo de veneno, me vi hipnotizado pelas curvas que a dança dela, tímida, quase singela, me impuseram. Naquele instante eu era só visão, e meus olhos só captavam uma imagem: a dela, transpirando liberdade.

Decidi aí, me libertar através da voz que surgiu antes que eu pudesse controlar:

-Eu caso com você! - gritei sem nem notar o quão louco poderia soar. O quão perdido eu parecia estar. E a reação dela foi pro meu deleitar. Um sorriso, de educação, um olhar, confuso, com a minha nada sóbria entonação.
Entoei pra mim mesmo, que deveria ficar mais a esmo. Deixei meu paladar tomar conta. Liberei meus outros sentidos, pra com mais éter me associar. Foi aí que trocamos palavras poucas, provavelmente com vozes roucas. O riso dela era de diversão, o meu, quase tenho certeza, de excitação. Um nome, era tudo que precisava naquele tempo.

O tempo passou e trocamos várias palavras, ela sempre evasiva, porque, talvez, esse seja seu maior charme, tão puro, quase lasciva. E, sem perceber, a gente se reencontrava, sempre com sorrisos, repetindo o primeiro encontro: eu, na frente do seu palco, suspirando vontade, ela rindo, hesitando à minha sinceridade. Mais o que mais me agrada, são os encontros que temos após seu som parar, um abraço forte, e nos meus braços, consigo sentir um toque capaz de arrepiar. Como se meu tato fosse tudo que eu precisasse pra falar, que um pouco dela ainda preciso provar.

Prova essa, que, entre tantos desencontros encontrados, vou enxugando um pouco do gelo que ela constantemente impõe pra tantos outros que tentam alcançá-la. Fico apenas na esperança de ter mais sorte, vai que meu santo é forte e ela, um dia desses qualquer, se pega lembrando do cheiro que lhe dou, até porque adoro o aroma que ela emana, gosto principalmente do jeito dela de ser meio humana, um pouco profana. Gosto, excepcionalmente, de como ela sorri, de como ela faz eu me divertir, como ela, de uma forma única, foi capaz de conquistar todos meus sentidos e, ainda assim, eu lhe ser um fruto proibido.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Acender

Eu me sinto mais confortável da forma clássica: embaixo das cobertas, me escondendo. Pena que não posso usar essa tática quando se trata do que sinto por você. Pena que você não ouve o que eu falo pra mim, é difícil lidar com o que está acontecendo, pois eu nunca me senti desse jeito.

Talvez tenha sido esse seu jeito inédito, que demonstrou encanto pelas minhas palavras erradas, e agora, estou meio que perdida no escuro; queria tanto que você deixasse as coisas mais às claras, queria tanto que existisse um interruptor para que eu pudesse acender as luzes e assim conseguisse entender melhor a situação.
O irônico é que, situada ou não, talvez eu continuasse a me sentir tão transparente no ar, porque toda vez que você chega e comenta sobre minha aura lhe encantar, sinto que estou sumindo, desaparecendo na minha timidez que não dá pra controlar. Eu ainda quero me afogar nessa sensação que começa quando você me beija sem avisar, e quase chego a pedir pra que você me ensine, delicadamente, como voltar a respirar.

O arfar da minha respiração, ao fim dos seus beijos, é o mesmo de quem acabou de atravessar um oceano. Meu coração fica descompassado, loucamente alucinado, se chocando contra a gaiola de ossos que o prende no meu peito, urrando pra você sentir como eu me sinto também; tentando em vão refletir as imagens que meus olhos captam em você, tentando normalizar que todo esse sentimento que você exprime em palavras é recíproco por aqui também, que não restrição aqui dentro.

Só que minha boca se restringe num sorriso. Você diz adorar essa resposta, todavia, gostaria poder explicar toda a alegria, que você causa em mim. Queria mesmo acender as luzes pra você enxergar exatamente o que sinto sempre que estamos juntos.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Sensacional

Você é hipnotizante,
Poderia ser o inferno,
Com sabor de paraíso,
Seu toque magnetizante,
Me faz flutuar,
Deixe-me irradiar.

Mandaram-me ter cautela,
O normal era ter medo,
Algo em você é especial,
Sua aura tão bela,
Guarda algum segredo,
Além do bem e do mal.

Beije-me forte,
Infecte-me com seu amor,
Destrua-me com seu veneno,
Quebre minha sorte,
Teste meu pudor.

Você é sobrenatural,
Seu olhar parece eterno,
Poderoso como um sorriso,
Seu aroma é descomunal,
Me faz arrepiar,
Deixe-me aproveitar.

Sabia da sua beleza,
Mas tem algo a mais,
Que não está no exterior,
Um ar de realeza,
Que me rouba a paz,
Escondido no seu interior.

Beije-me com vontade,
Infecte-me com líbido,
Destrua meu mundo sereno,
Quebre minha saudade,
Teste o proibido.

Isso é transcendental,
Arde todo meu ser,
Afoga o meu querer,
Sufoca meu entender,
Enterra meu saber,
Faz-me um bem sensacional.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

Costume

Posso fazer muito melhor no primeiro encontro, do que você experimentou até então, não preciso nem me mudar, é que tem algo em mim que você dificilmente vai achar em outro lugar: essa minha vontade, que, com sorte vai virar costume, de querer lhe fazer brilhar.

Contudo, existe sim a possibilidade das estrelas não brilharem durante nossa primeira noite, na verdade, acho até justo, porque, sinceramente, como poderia prestar atenção no céu, quando tenho o seu olhar? Então, minha flor, está bem pra mim, desde que você esteja ali, desde que você dê uma chance de ficarmos afim, podemos dar tempo ao tempo, não precisamos do seu ontem, nem do meu amanhã, precisamos do agora, quando você achar que juntos, seremos presente.

Vou me sentir presenteado por cada detalhe seu que eu observar, e se há limites num primeiro papear, eu deixarei você cruzá-los, estou com essa sensação que você pode quebrar os meus limites, já que estrelas não se prendem a leis costumeiras.

Tenho esse único costume de gostar de buscar sorrisos o tempo todo, você já deve ter percebido isso, pelo tanto de vezes que se pegou corada ao me encontrar encarando seus risos e olhares que não paravam de brilhar. Se você me quer, diga-me, como o fez após nosso primeiro beijo, e não precisa nem ser com palavras, afinal, aonde você quer ir, não há necessidade de falar, eu já sei, se você quer tanto quanto eu, por que não irmos?
Iremos enfim pra onde for bom pra ambos, onde os costumes serão nada mais do que risos soltos, permitidos, sem pretensões, sem ilusões, sem associações. Apenas o que nos é bom. Seu riso, minha barba no seu pescoço, seu nariz no meu cangote, uns beijos roubados, olhares intrigados... Acho gosto disso tudo misturado, sem nada planejado além da sua companhia, um costume de alegria.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Despertar

Devia ser só um papear, só prosa jogada fora, só pro tempo passar, pra sociabilizar, mas o seu sorriso, desde o primeiro vislumbre meu, remexeu algo dentro de mim, como se há tempos eu não tivesse algo assim. Não é como se fosse novidade, vira e mexe a gente encontra gente que tem dessa qualidade, que é de sorrisos despertar.
Despertei de uma longa jornada acinzentada, como se seu riso fosse capaz de colorir muito mais do que eu poderia prever. E nas palavras trocadas, quis me fazer continuar por ali, porque sua presença, sua aura tão boa, me fazia tão bem. Pena eu não saber fazer como perdurar e logo me vi forçado a um beijo seu ter de roubar.

Como todo roubo, não sei se podia, não sei se devia, mas eu queria, e como queria. Porque, de alguma forma, eu já sabia, que assim que fizesse seu olhar se perder, algo em você eu iria despertar. Tinha esperanças que fosse algo equivalente ao que já estava dentro de mim, e pelo riso que você me deu em resposta, aparentemente eu consegui, e isso me encheu de graça.

Engraçado é que, passado aquele momento, fiquei com esse estranho sentimento, que preciso lhe reencontrar, porque o despertar não foi o bastante, o sorriso radiante que eu vi não foi o suficiente, e agora, gosto da ideia de lhe colocar no meu presente. Sim, essa é uma ideia boa, você sendo meu presente, você, seu olhar capaz de me hipnotizar e seu sorriso que, só de lembrar, faz eu me arrepiar.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Queimar

Um calor intenso,
Você me derrete,
Em cada beijo nosso,
Que se repete,
Apaga o que penso,
Leva tudo que posso.

Não era o que você queria,
Mas terá de esperar,
Pelo que virá,
Vai valer cada dia,
Do seu aguardar.

Será tão quente,
Tanto como o fogo,
Você vai voar,
De tão ardente,
Num beijar, no arfar,
Esse é o nosso jogo.

Você não devia,
Ter pensado tanto,
Naquele ponto,
Eu estava pronto,
Não tinha nenhum canto,
Pra onde você iria.

Gosto do seu hesitar,
Me fez lhe desejar,
Com sinceridade,
Quicá voracidade,
E você é especial,
Com esse riso sensual.

Agora voltamos o que tinha,
Então não perca o que há,
Fomos feitos pra queimar,
Você será minha,
Tanto quanto serei seu,
Não ficará sozinha,
Pois somos o furto de Prometeu.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Peito Rima

Que meu peito rima, não é novidade pra ninguém, é algo que me faz bem, que me faz ser esse louco alguém, de risos soltos, de frevo todo. Por ter um batucado assim no coração, eu já procurei alguém que se derrame, também já esperei alguém leve, entretanto, foi você que não fazia plano, que foi a melhor parte do meu último ano. Gosto da nossa história à dois.

Nós dois, dos tipos tão diferentes, nos juntamos pra ver no que dava, era pra ser um beijo de uma noite só, como diz aquela música que você disse ser sua, sem saber, até então, que era uma das duas, da minha banda favorita, que eu achava tão bonita, que ansiava encontrar uma alguém pra atribuir; pra dedicar.

Dediquei tantos risos e, por consequência direta, boas recordações eclodiram por inteiro. Na época, não quis assumir um fato: de que, por você, criei sentimentos, porque aquilo não era o que eu desejava naquele momento. Você pregava algo parecido, então não tinha problema manter escondido, o tal do sentimento que não nos faria sentido. Todavia, hoje, sabemos que não me sai muito bem, a gente cultivou tanto em mim quanto em você, tanto foi que fomos até além. E quando nos demos conta, já tínhamos ultrapassado aquela relação que só deveria ser uma ponta.
Pontuamos assim, que era melhor pôr um fim, mesmo nunca tendo sido explicito, você afirmou que era muito mais por mim, que seu caso era por não conseguir deixar de lado o passado, que não era pra eu me sentir culpado. Eu nunca me senti. É que eu sei, e sabia, o que eu quero, o que eu queria, e você meio que me libertou de algo que, minha última vivência à dois, infelizmente, me impedia.

Cancelado o impedimento, seguimos em frente, com nossos jeitos diferentes e, no reencontro, fiquei feliz por lhe ver, mas triste por um só ponto: o tal sentimento que outrora por você eu nutria, tinha se esvaído, e agora, pra quem é que minha mente iria, naqueles loucos pensamentos de todo dia, que eu tinha sempre que deitava a cabeça no travesseiro e não dormia? Sinto falta disso, sabe? De lembrar de você e suspirar por não poder mais lhe provar.

Sei que provavelmente é porque eu meio que nunca vivi muito tempo sem me apaixonar, e agora, desde que por você deixou de me ser tão inspiradora, sinto que deveria estar lamentando, só que eu nem tenho tempo fazê-lo, mesmo que eu quisesse, afinal, o fim do sentimento não é de todo mal, já chegou o carnaval e eu vou ladeira abaixo; vou frevo acima, porque não importa se isso no meu peito rima, pois sempre foi me perdendo que melhor eu me acho.