domingo, 25 de dezembro de 2011

A Desejar


Em algum lugar, intríseco, entre o palpitar de um coração e suspiro de uma alma, os sonhos começaram a se realizar. Aqueles sonhos de almoeda se tornaram particulares, restritos e contidos num sorriso; num olhar.

É lá que acordo, acima de uma estrela, inundado por serenidade, onde os problemas são voláteis, inodoros e indistinguíveis; onde tudo que me é caro se torna notável, só que toda minha atenção é focalizada para um baricentro definido pelo seu sorriso, sempre que estou com você.

A bem verdade é que todas as vezes que vejo os céus azuis e as nuvens brancas; o brilho do dia, eu percebo o quanto a felicidade pode estar contida em coisas pequenas, em coisas que preciso; no seu sorriso.

As cores da vida cada vez mais notáveis, a medida que um casal de estranhos na rua estão enamorados no seu próprio romance, e eu me pego numa nuance; desejando e anseiando para que você esteja ali comigo, para saciar a saudade, para mostrar a vida, ao amor e ao sol, o que é um romance de verdade.

Acho que por isso que toda vez que me pego solitário, observando uma estrela, deixo meus problemas evaporarem, deixo um sorriso inundar meu corpo, minha alma e minha mente; deixo você bater, entrar, arrombar e outorgar meu coração, deixo-me ser feliz, a desejar que você sempre esteja comigo, assim, simples assim, só comigo.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Melífluo


Sua presença sempre foi assim: melíflua. Nunca duvidei disso, pelo contrário, sempre me peguei querendo mais de ti, mais que talvez você nem soubesse ter para me dar; mas nunca importou, sempre preferi roubar a receber, e assim tudo aconteceu como havia de ser. Pelo menos é o que vivo sussurrando para mim mesmo.

A cada regougo que dava ao meu coração, percebia que a parte furtiva de mim era tão temerosa quanto um vulpino em debandada, e que a cada três onzenas eu precisava fugir, para me reencontrar, e não associar toda a minha deformidade sentimental a você.

Uma parte era só isso, é bem verdade. Essa era a parte boa, a parte altruísta, a parte que sempre me orgulhei de admitir; porém sempre existe uma segunda parte (às vezes são inúmeras partes), e comigo nunca foi diferente. A segunda parte sempre foi bem simples, é que eu sempre fui um pouco pérfido com você, comigo e com o Amor.

Eu sempre quis ser poeta, protagonista, malandro e apaixonante; e sempre aprendi que os melhores dessa rara espécie simplesmente sumiam vez ou outra, por motivo nenhum, que não para chamar a Saudade. Por que a Saudade para o Amor é o que você sempre foi pra mim, desde o inicio: melíflua, e em algum instância há de viciar a todos. Como as lembranças que tenho de você, rindo, gargalhando, dançando, cantarolando; continuam a me inundar de sorriso e outras sensações inefáveis.

Eu fiz saudade, criei saudade, plantei e colhi; mas nunca esperei senti-la também, mas essa última parte não cabe a mim, cabe apenas a você. E seu sorriso... Um lindo sorriso melífluo.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

À Bailarina Descalça


Sinto saudades; do sorriso, das palavras, do enigma, mas principalmente do vestido esvoaçando ao vento. De você sorrindo enquanto o sol inundava sua pele alva e seus cabelos carmim; mas o que mais me chamava atenção eram os pés descalços, bailando nos paralelepípedos, me encantando. Eram tardes auspiciosas, onde o amor era voluptuoso, e o tempo tempestuoso. Tudo me lembra a você;



Uma reprimenda pelo atrevimento,
Duas sobrancelhas erguidas pela discrepância,
Vários muxoxos pelo melindrar,

Tudo contido na tentativa de manter comigo para sempre aquela imagem.
De você, só você, Sorrindo, Soluçando, Enfeitiçando, Cantarolando.

Posso eternamente regular meu coração,
Ao dizer que você foi só um grande experimento,
Para minha obra, minha literatura, minha ciência,
Porém, decidi que chega de pseudo-núpcias,
Se há de haver amor, porque haveria de contermos os palpites, palpitantes?

Tudo permanece, as Flores, os Amores, os Sabores, a Voracidade, a Levianidade,
E principalmente você, Dançando, o mundo acabando, e você Dançando, Descalça, no meu Coração.

domingo, 11 de dezembro de 2011

Cara ou Coroa


Existem pessoas que ficam em pedaços, quando estão dormindo só numa longa noite; enquanto isso, outras pessoas se satisfazem com o silencio que tem só para si numa noite de pura paz. Ao mesmo tempo que alguns ficam sorrindo a tôa por receber uma flor, outros derramam lágrimas ao jogá-las num túmulo branco. E no meio de tudo isso, a única coisa que lhe resta a fazer é ser você mesmo.

Toda moeda tem duas faces: alguém arrisca tudo para amar de verdade numa viela e alguns fogem de seus sentimentos; qual foi covarde e qual foi corajoso? Racionais ou insanos? Separados ou juntos... Toda escolha tem uma alternativa oposta que lhe leva a um possível arrependimento.

E no fim, tudo que lhe resta é dizer a você mesmo que você escolheu o certo para si, independente do resultado, porque na verdade a vida nada mais é que uma batalha entre você e você mesmo. Tem gente que vai chamar isso de egoísmo, na verdade, essas pessoas só não tem coragem de auto-confrontar e decidir serem elas mesmas.

Logo, não adianta perder o sono durante a noite, repensando nas possibilidades, tudo não passa de uma moeda lançada ao ar: só pode ser cara ou coroa, mas qual das duas opções realmente será a escolhida pelo destino? É a mesma coisa com você, e seus amores. É a mesma coisa comigo, toda vez que lembro de você, e das possibilidades que o gelo poderia ter dito de derreter com você, pela neve, do inverno passar, e da primavera chegar palpitando.

domingo, 4 de dezembro de 2011

Pétalas


As pétalas caem,
As estações passam,
O nó se desfaz,
Amores se perdem,
Vícios são superados,
Sorrisos são esquecidos,
As vitrines são trocadas,
Destarte, o Tempo vem levar tudo.

Mas as palavras tem um poder que ninguém consegue explicar, e por isso as suas pétalas que deveriam murchar, foram guardadas num livro. Eu ainda tenho amores guardados assim; ainda tenho um pedaço de mim que é seu. E está bem guardado, com amor, suspiros, parenteses, letras e palpites.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Atrever


Um ódio após um cativar,
Vai te fazer sorrir,
Um preto e branco pode se colorir,
Se seu coração se abrir.
Um insosso pode ser saboroso,
Desde que você aceite bem,
Cada contradição,
Que aparecer em sua vida.
Se você viver o que tiver vontade,
Sem se preocupar com as dificuldades,
Tudo vai ser mais gostoso,
Então, porque tanta confusão,
Para se atrever?

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

De Protagonista A Coadjuvante


Tinha tanta coisa pra dizer; tanta coisa pra fazer; tantos planos; sonhos, e expectativas... Todos tão ultrapassados, errôneos e ingênuos; eram apenas miragens feitas por um coração que se acostumou a querer demais, e se entregar de menos. Cheio de manias de um Protagonista fanfarrão.

-Eu lamento por ter estragado tudo, por ter desaparecido assim, sem dar nenhuma explicação racional, sei lá, foi uma coisa tão...
-Deixa pra lá, eu já perdoei.
-É que eu perdi a cabeça quando soube do... Bem...

Era mentira. Não foi aquilo que me incomodara, foi apenas o fato que meu coração percebeu que nunca teve você; percebeu que não dá pra ter uma pessoa, apenas dá para acompanhá-la, e se um dia ela quiser ir, não há nada que se possa fazer, a não ser deixá-la partir.

-É eu lamento por isso. Lamento pela frieza, pelas piadinhas irônicas, por dar mole pros seus amigos, por tudo...
-Voce não fez por mal, estava magoada...
-É...
-E eu lamento muito mesmo por isso...

Durante muito tempo não lastimei, apenas achei que o melhor a ser feito era desaparecer... Era o que você merecia; meu plano perfeito para você aprender a me dar valor; mas eu estava errado mais uma vez, não estava?

-Sabe, às vezes eu ainda fico desejando abrir a porta de casa e lhe encontrar lá, bocejando com aquela camisola suja de tinta depois de terminar de maquilar minhas paredes com tantas cores estraordinárias... E ai eu percebo que está tudo tão normal... Tão arrumado...

Era disso que eu mais senti saudade. Dessa risada, da nossa risada em uníssono. De nós dois, juntos, compartilhando coisas: sentimentos, sorrisos, gargalhadas, segredos, sonhos...

-Eu estava com saudade da sua risada.

É errado tentar reviver aquilo que me fez feliz por tanto tempo? Eu realmente nunca me importei com o certo e o errado, mas agora, depois de roubar mais um beijo e sentir que a resposta é tão estranha quanto um gole de vodka numa terça-feira ensolarada de ressaca, eu consigo concluir que todo recomeço tem um fim, e vice-versa.

-Nós acabamos mesmo não foi?

É o que seus olhos que me cativaram por tanto tempo dizem, é que nossos sorrisos tristes compartilham. Um beijo na bochecha, é tudo o que está na minha alçada antes de lhe dar um pequeno cafuné e partir.

Não mais para longe, não mais para fora da sua vida, apenas para o posto de um coadjuvante.

domingo, 9 de outubro de 2011

Alinhe


Um amor digno de um bom romance, era o que eu queria. Veja só, sempre gostei de acreditar que eu era meu próprio protagonista de uma grande obra literária, e foi ai que escolhi você para ser o meu par. Associei-lhe a um anjo, e indaguei a nós dois se aquilo tudo que acontecia entre nós dois era real.

Não queria que fosse um relacionamento qualquer, por isso chamei-o de amor impossível, que não se concretiza, imensurável, que não tinha motivo para desistir e estaria fadado a tragédia, tal igual os amores mais famosos da história; mas que estava ali, alinhado ao destino.

'Alinhe o nariz' - eu lhe disse sorrindo, observando seus olhos de uma cor tão apaixonante. Era tudo perfeito, seus olhos vistosos, suas bochechas exageradas, o sorriso contagiante, mas principalmente aquele pequenino nariz tão perfeito, que precisava de uma cicatriz minima perto do supercílio para deixar claro que você era real.

Você sorriu, e fez uma careta. 'Como vou alinhar meu nariz?'

'Basta encostá-lo no meu' eu cheguei mais perto deixando nossos olhos, lábios, corações e almas numa única sincronia. Alinhados e enlaçados por um nó. Era mais forte que nossa vontade, era o destino. Mas na minha cabeça, o meu protagonista deveria colecionar muitos romances, e aí eu decidi me fazer te perder, para entender o que deveria escrever.

E você se foi, deixando o arrependimento que meu personagem não deveria sentir. Foi ai que tudo se desalinhou; tentei reestruturar aquilo que fora perdido, mas o que recebi em troca foi seu coração covarde. Vai ver era pra ser assim, apenas a inspiração para o meu romance, afinal eu nunca ouvi falar de um amor que desalinha.

Então eu acordei, de um pesadelo no qual nosso relacionamento havia enferrujado. Porém foi só olhar para o lado para perceber que eu nunca havia lhe perdido; estava deitada adormecida ao meu lado, cheirando a alcaçuz, com suas madeixas brilhando a luz de um sol recém-despertado. Sorri e fiquei imaginando que insanidade fora aquela de cogitar uma possibilidade de te perder apenas para criar uma obra digna do nosso amor. Nunca precisei disso, afinal, a maior obra sobre o amor que poderia copilar, é a que sinto toda vez que encaro seus olhos de chocolate me enfeitiçando mais e mais.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Agora É a Sua Chance


'O olhar das garotas apaixonadas é sempre tão lindo.' Ele pensou enquanto observava os cabelos alaranjados dela balançarem contra o vento.

'Ele era apenas mais um garoto tímido e um pouco inseguro, mas nós fomos cativadas pelo jeito doce dele.' Ela sorriu ao perceber que os olhos castanhos dele estavam fixos nela.

-Segundo o que as revistas dizem sobre o amor "a atitulde é o mais importante", mas o eu acredito que tudo em excesso seja exagerado. - ele comentou consigo mesma num tom baixo, para que nenhuma das garotas que o acompanhavam, escutasse.

'Que bom seria se o coração das pessoas viesse com um manual de instruções, explicando como poderia ser conquistado por outra pessoa; mas como isso não existe eu fico insegura... E meus sentimentos por ele estão aumentando tanto, que mesmo que se derramem no oceano, eu poderei afirmar "irei achá-los novamente".' Ela se virou e percebeu que as duas amigas que os acompanhavam foram até uma vitrine olhar um vestido enquanto deixavam-nos a sós.

'Essa é a minha melhor chance, agora é a hora para deixar claro o que sinto. Não vou deixá-la escapar dessa vez!' Ele jurou para si mesmo se aproximando. Fazia quase seis meses que vinha se aproximando dela, e quando percebeu, já estava totalmente apaixonado pelas madeixas cor de cobre, pelas sardas que se espalhavam pelas maçãs do rosto e os ombros dela; por aquele belo sorriso com os caninos um pouco proeminentes... Ela era toda graciosa.

'Seria bom se ele falasse o que está pensando por trás dessa tempestade envolta nos seus olhos castanhos' Ela se aproximou mais, como se fosse casualmente.

-Seu cabelo fica parecendo que está em chamas quando estamos no sol - ele comentou tentando iniciar uma conversa legal.
-Seus olhos ficam da cor de amendoim no sol - ela respondeu e sentiu as bochechas queimarem de vergonha.

'Essa é a melhor chance! Agora é a hora! Não deixe ela escapar: apenas diga de uma vez o que você sente!' a consciência dele gritou com tanta força que ele involutariamente deu um passo adiante, deixando a boca dele a pouco centimetros do nariz dela.

'Você não quer se arrepender, certo? Então diga logo!' ela cerrou os punhos e se forçou a encará-lo.

-Eu acho que gosto de você - os dois disseram em uníssono. Sorriram, coraram e entreabriram os lábios para selar tudo num beijo, num só ritmo apaixonado. E pensaram 'pra sempre poderemos manter isso'. Percebendo que a chance para o amor acontece todo dia, a todo momento, em qualquer hora, minuto ou segundo; num lugar qualquer, independente da situação. O amor floresce sempre.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Parenteses, Virgulas, Interrogações e Reticencias.

Se o amor fosse de:

Um, era só.
Dois, eram juntos.
Três, eram em excesso.
Quatro não tinham tanta importancia.

O Um se suicidou, após não aguentar descobrir a si mesmo, queria fugir dos parenteses que impôs a si mesmo.

Os Dois se casaram, mas como o passar do tempo perceberam que dar sua eternidade para apenas uma pessoa, era demasiado monotono. Acabaram cheio de virgulas entre eles, onde só existia o 'eu' e não mais o 'nó' que os enlaçara com um 's', formando o 'nós'.

Os Três nunca chegavam a um consenso. Sempre havia alguém preterido, e várias rachaduras consecutivas derrubam qualquer barreira. Cada um partiu para um lado, com o coração divido, e com uma interrogação na alma.

Os Quatro nunca deram importancia ao que tinham entre si, sempre achando deviam dividir tudo, sem nunca ter nada para si, e assim acabaram em reticências nunca retomadas...

O Amor rejeitou aos fieis, o solitário, os egoístas e os altruístas. O amor apenas amou todos os tipos de uma vez só. E assim ele continuou a existir mesmo que tivesse dado errado em cada caso separado.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Lições de Cigana


Eu sou um chato,
Daqueles que não tolera falsidade,
Que não finge aceitar alguns fatos,
Só para manter o clima de boa amizade,
Um tipo de idiota que não consegue guardar a opinião.

Acho que por isso vivo querendo e admirando,
O jeito de ser de Mariana,
Uma linda moça de sorriso faceiro,
Pernas torneadas e uma voz de cigana.

Ela nunca fala mais do que deve,
Sempre se porta com uma aura bem leve,
Conquistando todos ao redor,
Esbanjando cortejos e concisão.

Quanto mais eu penso sobre o modo dela de viver,
Mais chego a conclusão que tenho tantas coisas a aprender,
Sorrir ao fechar meus lábios e aceitar,
O que a vida tiver para nos dar.

Mariana, uma cigana que perjúrias nunca profana,
Vivendo apenas no seu mundo sereno,
Sorrindo e encantando a todos com seus olhos morenos,
Você precisa me dar umas lições,
Para que minha vida pare de revelar decepções.

Eu queria realmente não me importar,
Ficar sem falar, me resguardar,
Sorrir sem me importar,
Então, por favor, me dê algumas instruções,
Para que possamos evitar novas confusões.

Ah, e se puder,
Lembra de ficar sempre por perto,
Mesmo que os outros digam que não sou politicamente correto,
Posso lhe garantir de todo o coração,
Que você será uma das únicas, que farei exceção,
E se preciso for lhe darei bem mais que uma mão.

Apenas porque tem vezes que eu percebo,
Que não é tão fácil ajudar a todos o tempo todo,
Então quando as pernas fraquejarem,
E os lábios praguejarem,
Pode contar com meus ouvidos e sussurros,
Juro que tudo ficará por aqui,
Num segredo de uma só pessoa.

Minha linda Mámá,
Que nada tem de ruim,
Transbordando caracteristicas boas,
E o mais novo deleite que apossou-se de mim.

domingo, 28 de agosto de 2011

Jogo de Azar (Amor)


Percebi que preciso de um lugar para me recuperar desse enfadado sonho à dois. Eu tenho essa certeza que estou lhe amando imensuravelmente, porém me transbordam incertezas sobre a reciprocidade dessa imensidão toda.

Refletindo melhor sobre toda a nossa situação, acho que deve ser um pouco dificil de perceber os meus sentimentos. Existe alguém aí? O problema de pessoas tímidas como eu, é que simplesmente não conseguimos fundir coragem e audácia o suficiente para transmitir os nossos sentimentos; e acabamos imersos numa tortura diária chamada arrependimento por não tentarmos sermos felizes.

Enquanto o tempo passa, cada vez mais fica claro que estamos protagonizando um sonho cansativo. Existe algum lugar, o qual eu possa, realmente, pertencer? Essa cidade não parece nem um pouco atrativa essa noite, depois de uns drinques amargos e a solitária companhia de um copo de uísque. Por que é tão complicado confessar que estou apaixonado pela minha melhor amiga?

Sei que toda essa confusão é causada pela minha inépcia de lhe confessar tudo que meu peito vem gritando desde que lhe vi dançando pela primeira vez. Eu a vi girar, e os dados do amor foram lançados, num cassino que não tem vencedor, e o único espólio que você conseguiu foi meu coração palpitando, minha boca secando, as mãos suando, as palavras fugindo da minha voz.

O pior é que quanto mais eu me pego analisando você, recebo respostas em enigmas que você nunca revela, e as minhas suspeitas que deveria manter fora do meu coração, desejando saber a verdade a todo custo, fazem todo o âmago do meu ser se acovordar. Por que tem que ser assim? Por que temos que acabar como amores tristes e corações partidos?

Talvez você esteja certa, em manter esse ás escondido na manga. Guardando para si tudo que sente, talvez eu que esteja louco por cogitar mostrar minhas cartas na mesa, e perceber que tudo aquilo que esperava de você era só um blefe. Mas sabe de uma coisa, me cansei de noites incansáveis sem dormir, imaginando como seria se eu realmente vencesse esse jogo de azar.

Será que eu vou ganhar? Apenas o tempo dirá. Eu pelo menos vou saber que fui um jogador, e não apenas um expectador!

domingo, 14 de agosto de 2011

Eu Quero...


Hoje eu acordei percebendo que quero tantas coisas... E tudo que eu mais quero é você.

Eu quero ser o seu favorito, em todas as coisas que você imaginar, para que você pense que sou a sua razão de estar no mundo; Eu quero que meu sorriso seja o seu sorriso favorito; Quero que as maneiras como me visto sejam seu estilo favorito... Quero que você sinta o mesmo que sinto toda vez que beijo seu pescoço e sinto-me inundado pela alegria de lhe ver gargalhando de cócegas... Eu sei que às vezes você não consegue me entender, mas eu gostaria que você sempre Quisesse saber como eu sou.

Eu decidi que vou segurar sua mão quando você estiver chateada; que nunca vou esquecer o Seu olhar logo após nos beijarmos pela primeira vez. Me sinto felizardo por ter aquele troço estranho na orelha direita que você ama ficar cutucando, e eu adoro mais ainda, porque é só Seu, fica num lugar onde Só Você consegue chegar, logo depois de aninhar no peito, já que é o seu lugar secreto e preferido.

Basicamente, eu só Quero que Você me ame, que você precise de mim, que me entenda que quando eu disser que só quero Um sanduíche, na verdade eu quero Dois; Eu quero que sem mim seu coração enferreje, e que você passe todas as noites acordadas pensando num jeito de fazer com que você seja minha pra sempre (na verdade, não preciso querer essa última parte, pois nunca vou deixar você ficar sem mim); Eu quero ser a última coisa que você pense antes de Dormir.

Na verdade, o sono acabou de passar, e eu percebi que eu não preciso querer nada, pois você já sente tudo isso por mim não é verdade? Afinal, você é tudo de mais magnifico que eu já vi.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Colibri

Nós continuamos conversando,
Mas sinceramente,
Eu não tenho ideia do que está acontecendo,
Ainda somos amigos?
Existe uma magóa que você não admite,
E isso me incomoda bastante,
Como um colibri,
Pairando no ar.

Percebo que você está me evitando,
Mas sinceramente,
Não é de hoje que isso vem acontecendo,
Faz tempo que você não é mais a mesma comigo,
E nosso sorriso, você não mais permite,
Como se o que a gente já teve fosse irrelevante,
Algo que eu fechei assim que abri,
Que você nunca deixou respirar.

O problema é que sempre lhe vejo,
Sou fisgado pelo encanto do seu olhar,
Me pego saudoso do seu beijo...
Não sei mais o que esperar.

Só me resta esperar que esse desejo,
De alguma forma consiga me deixar,
Que o gosto voraz do seu beijo,
Minha memória consiga apagar.

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Carcará

As lágrimas quentes que escorreram em seu rosto me fizeram engolir em seco, e refletir sobre o que eu estava fazendo... Queria poder dizer que a culpa foi só minha, que eu fui egoísta o tempo todo, e que você sempre foi o namorado mais perfeito do mundo, mas não foi bem assim. Tive de morder minha língua para não mentir para você. Por mais que não lhe amasse, do jeito que amara no passado, eu ainda lhe queria bem... Bem o bastante para não proferir nenhuma palavra falsa.

Você se foi, revoltado, indignado e com um grande pesar no peito. Eu te vi arrancar com o carro, para longe da minha rua... Para talvez nunca mais voltar, e pela primeira vez me senti leve. Talvez eu finalmente estivesse sendo sincera comigo mesma. Voei pra longe, sem precisar do seu amor, que já não servia de nada para mim.

E só com a sinceridade libertando a maioria dos grilhões em que eu prendera meu coração, eu pude visualizar o que deu errado entre a gente. Eu era só uma menina quando você me conquistou, e você era o namorado mais perfeito que eu já sonhara em ter. Todas as serenatas, cartas, declarações, conversas, conselhos, abraços, discussões, carinhos, lições, afagos e silencio (nas horas que nada havia pra se dizer) que você me deu ficaram bem guardados num cantinho do meu coração que reservei só para você, para nunca mais apagar. E isso é tudo que posso lhe dar agora; um cantinho no meu coração, pois há muito tempo, não consigo lhe manter como rei légitimo do meu peito.

Dizem que tudo em excesso acaba sendo ruim. Parece que estavam certos, e nós não conseguimos perceber isso a tempo do nosso amor começar a se enferrujar. Eu mudei tanto, que nem me reconheço mais nas fotos que gosto tanto de olhar. Você não mudou nada, estagnou; se tornou uma fraca nuance do que costumava a ser. E foi aí que meu encanto por você se acabou, quando você decidiu não sonhar mais; quando você decidiu sonhar os meus sonhos.

Eu sei o quão lhe machuquei ao impedi-lo de seguir em frente, mas só agora, depois de errar por mim mesma, e de perceber os erros sozinha, sei que foi melhor assim, a última chance que você me deu, nunca teve uma chance de verdade de dar certo... Eu queria pedir desculpas pelas lágrimas que fiz seus olhos derramarem, mas eu não consigo... Não é egoísmo, é só que eu sei que se não fosse assim, eu nunca me despreenderia de você, e talvez agora você consiga se despreender de mim. Talvez você consiga fugir do meu coração, que vive caçando qualquer forma de carinho; vendo em você a presa mais fácil para saciar a vontade que ele tem por carinho.

-A gente não precisa seguir as 'regras' dos relacionamentos alheios, só nós dois sabemos o que vivemos, e por que o fazemos, então não vamos nos importar com rótulos... Se quisermos ficar juntos novamente, que seja assim então...
-Não mais, essa foi a última vez.

Foram suas últimas palavras pra mim, e eu lhe dei um sorriso triste, porque seu orgulho lhe impediu de mostrar a você que não existe regras para o que queremos. O Amor não tem regra. É como um Carcará. Pega, Mata e Come. Nunca passa fome, mesmo que tenha de ser cruel. Pois, mais cruel que usar seu coração, era deixar o meu aflito pela fome de carinho que ele teima em sentir de vez em quando.

Só espero que você nunca esqueça de mim, assim como eu nunca lhe esquecerei, e lhe agradeço por tudo, principalmente por ter me protegido no momento mais dificil da minha vida. Lhe agradeço por todo o amor que você me deu, e rezo para que você seja tão feliz quanto merece; quanto eu fui quando amei você.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

80 weeks (Inverno)

Tudo aconteceu como as palavras dele queriam que acontecesse. Mas essa não era a real vontade de Daniel. Lá no fundo ele fora ingenuo de acreditar que Isabel iria lhe impedir... Mas ela não o fez, acatou a decisão dele, deixou que os sentimentos velhos e sem manutenção, caíssem como folhas amareladas e sem vidas ao fim do Outono, com o frio que dominou o coração de ambos.

Ela não soube dizer quanto tempo ficaram sem trocar uma palavra... Quanto tempo o frio os deixou hibernando, só percebeu que já se iam chegando a oitenta semanas que ela o conhecia, ou pelo menos que achava que conhecia. E como em todo inverno, ela teve saudade do calor do Verão... Desejou saborear uma nova Primavera, mas sabia que aquilo eram só ilusões tolas que seu coração costumava a pregar sempre que dormia.

-Eu mereço bem mais que 100% - ela anunciou quando ele pausou um monologo.
-É?
-É.
-Por que?
-Porque sim, oras - ela insistiu sorrindo.
-Acho bem dificil... Nem eu tenho 100% de mim mesmo - ele confessou com um sorriso triste.
-Justamente, por isso eu mereço! - ela sabia que não havia sentido no que falava e por isso lhe deu um sorriso confiante.
Ele a tomou pelos braços.
-E eu mereço você - ele disse envolvendo-a num abraço apertado que só ele sabia dar. Beijando-a de um jeito que só ele sabia beijar. Lhe tirando todo o frio, lhe enchendo de calor.

Aquelas lembranças traziam frio. Um frio que Daniel nunca esperou sentir. Ele que era o homem que não se arrependia, agora sentia aquela ferida latejar o tempo todo. Tinha que fazer alguma coisa...

-Eu preciso de você - ele confessou quando completava-se a 80ª semana que se conheciam - preciso do seu sorriso, preciso do seu olhar, preciso da sua vontade de sonhar...
-Hmm - ela respondeu friamente. Sabia que tinha que se controlar. Mais do que jamais fizera. Não queria nunca mais mergulhar naquela imensidão de incertezas que tendiam a lhe machucar tão profundamente. Pelo menos era isso que sua racionalidade lhe dizia: ela não queria.
-Eu sei que o que fiz foi muito errado.
-É.
-E sei que não tem perdão.
-Não, eu já lhe perdoei - pelo menos era isso o que Isabel dissera a si mesma.
-Eu acho que o que fiz contigo foi só um reflexo do que fiz a mim mesmo...
-Como assim?
-Bem... Quando eu era criança, eu prometi a mim mesmo que iria ser quem eu quisesse. Que iria viver o que sonhasse. E olha quem eu sou... Você já parou pra pensar que talvez você seja uma pessoa que seu 'eu-criança' teria aversão?
-Daniel...
-É sério... Sei lá, é como se eu não tivesse motivos pra viver mais... Como se eu tivesse falhado em tudo...
-Não diz isso.
-Só estou falando a verdade...
-Olha, tenho que ir - ela estava dizendo a verdade. Precisava dormir. Mas então porque sentia um nó na garganta tão apertado?
-Vai, vai... Desculpa por tudo, mais uma vez...
-Eu já te perdoei.
-Mas eu não me perdoei - aquilo lhe fez sentir uma certa satisfação. Mas aquela satisfação era tão fria. E isso a fez mal. Tinha que fazer algo... Mesmo que ele não merecesse.
-Olha, para com isso ok? Por favor... Você é muito melhor do que a maioria, você sabe disso... - do contrário, por que então ela tinha se deixado roubar por ele? - você me fez acreditar nisso...
-Eu te comprar um produto defeituoso.
-Pode até ter sido... Mas eu comprei. E amei. Lá no fundo, ainda amo. Então fica bem.

E ela fugiu. E ele ficou cheio de sensações estranhas. Sorriu, e se lamentou. Alegria e arrependimento. E ele resolveu escrever sobre os dois. Tudo iria voltar como deveria ser... Só que nunca voltou.

Daniel e Isabel continuaram a se falar, porém cada vez menos... Sem mais vontade. Eles se amavam, e se amariam até o fim da vida, pelo amor impossível que haviam encontrado naquele relacionamento estranho; pela tragédia, pela comédia, pelo amor, pela amizade... Mas eles nunca ficaram juntos, porque foram covardes.

Ela foi covarde em nunca admitir para si mesma o que realmente sentia por ele. Ele foi covarde em nunca deixar que aquilo que sentia fosse livre o bastante para se concretizar. E sinceramente, o amor não existe para covardes.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Ululante

Sinto tanta falta do seu abraço; e percebo o quão triste sou, ao viver perdendo meus atalhos para fugas; o quão triste sou por ter perdido você.

Deveria ser uma coisa boa, pra vê se eu aprendo a me controlar; deveria... Mas não é.

Isso porque tem uma parte de mim (uma das tantas que ainda não conheço), que não tem rédeas; é uma zona do meu coração que não tem acesso a nenhum pingo de razão... Eu até já tentei mapeá-la, refletir... Mas a única coisa que consegui, foi ver meu coração ulular.

Por isso fico aqui, lhe vendo florescer, sem poder fugir de mim e me perder em você.

domingo, 5 de junho de 2011

80 weeks (Outono)

Com um pouco de dificuldade, ela conseguiu abrir os olhos. Estavam inchados, e relutaram em abrir. Quando conseguiu se arrastar até o espelho, viu que os cabelos estavam desgrenhados, e havia rímel borrada até sua bochecha; a cabeça ainda latejava e garganta queimava cheia de sede. Após um analgésico e um bom banho quente, ela percebeu que tudo que ocorrera na noite anterior não fora um sonho ruim...

Já fazia cerca de cinquenta semanas que vira pela primeira vez o sorriso de Daniel, e agora não sabia se iria vê-lo novamente. Ele se afastou dela assim como quando o Verão chega ao fim, com uma sensação fria inesperada, gelada; e que faz você querer se esconder debaixo do cobertor até o frio passar.

Isabel se escondeu por algumas semanas, mas logo não suportava mais a sua própria companhia, estava colhendo o que plantou, assim como os agricultores fazem no Outono. Ela sempre soubera o quão perigoso era o relacionamento que se enfiara, mas sempre tivera a tênue esperança que isso não fosse acontecer.

-Acho que o destino se atrasou em nos apresentar.
-Como assim?
-É, sei lá - Daniel riu tentando manter a garota no seu colo, mesmo que sem o consentimento dela. - se eu tivesse te conhecido dois meses antes, talvez eu fosse seu namorado agora.
-Será?
-Ou talvez não... - ele acrescentou - acho que o que a gente tem, só é tão intenso porque o destino se atrasou.
-Então isso foi bom ou ruim?
-Bom - ele sorriu e puxou-a pelo queixo para mais perto de si - ele pode ter se atrasado, mas pelo menos me trouxe você.

Daniel lembrou disso enquanto relia uma carta que Isabel lhe dera há tempos atrás. Era da época em que ela ainda namorava. Sentiu um nó na garganta, e discou o número dela, mas desistiu antes de completar a ligação.

Ele sentia um desconforto enorme. Tinha que conversar com ela.

-Eu queria só explicar. Eu realmente te amei, e realmente te quero muito bem, por isso estou me afastando de você.
-Isso não faz sentido nenhum - ela protestou sem saber como reagir. As lágrimas já haviam secado, assim como as folhas que haviam caído das árvores no jardim.
-Eu sei que não faz, por isso mesmo estou te dizendo. Eu sou assim frio, eu machuco as pessoas.
Ela não sabia o que responder, não havia o que dizer.
-E por isso estou indo embora, porque não dá mais pra continuar, não do jeito que tá. E acho que nada vai mudar, porque eu não deixo as coisas mudarem.
Ele se referia a sua insistencia de manter o relacionamento deles escondido.
-Se você quer assim - foi a única resposta que ela conseguiu dar.
-É o que eu quero. Que você seja feliz, longe de mim. Você merece alguém bem melhor que eu... E enquanto eu estiver na sua vida, tudo vai ser uma confusão.
-Ok então.

Ele ficou sem saber o que falar. Não esperava que ela acatasse ao que ele disesse sem um discussão. Mas ela mudara.
Isabel deitou a cabeça no travesseiro, e se sentiu forte. Sentiu também que seu peito não mais estava úmido pelas lágrimas que derramara nas últimas vinte semanas.
Agora estava tudo seco. E frio, como o Inverno que preenchera todo seu coração.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

80 weeks (Verão)

Foi fácil como respirar, viciante como se coçar. Terminou mais rápido do que a vontade poderia suportar. A Primavera se foi, em seu lugar se instalou um calor tão gostoso de aproveitar.

As palavras se perderam, os olhares diziam tudo. Só que as definições de tudo, nada e infinito não pareciam significar qualquer coisa perante aquela ponte que se instalou entre os dois olhares.

Isabel respirou fundo e se levantou. Daniel sorriu, e a seguiu. Eles até trocaram palavras, mas elas pareciam não ter significado algum para aqueles dois corações aturdidos que palpitavam descompasadamente, em suas respectivas carapaças.

O tempo passou, a intensidade aumentou. Eles sabiam que aquilo que consumaram era proibido, porém não conseguiam evitar um mal tão desejoso como aquele. O calor que ela sentia dos braços dele; a tranquilidade que ele sentia ao conversar com ela. Era o verão tornando todos os dias, melhores que os outros.

-Você não vai me querer, eu esou te avisando - ele comentou numa conversa qualquer, enquanto ela lhe afagava os cabelos, tentando fazê-lo sorrir.
-Por que não iria querer?
-Não sei, eu sou defeituoso; quebrado, um brinquedo torto - ele se levantou e a olhou nos olhos - e uma hora vou te machucar.
-Pois que você tente, tenho uma proteção muito forte para isso.
-É sério - ele alisou a bochecha dela com um indicador - eu queimo todos com o gelo que meu coração libera.
-Que eu derreta então. - os olhos dela o encararam firmemente - não vou ceder.
-Você...
-É, eu nunca vou deixá-lo ir.

Assim como a chuva passa, os dias cinzas dele se foram. E o sol voltou a brilhar para os dois. Foi só uma chuva de verão; foi o que ela disse para si mesma.

-Não mais - ela protestou quando ele lhe roubou um terceiro beijo.
-Só mais um - ele insistiu se aproximando.
-Não.
-Você é teimosa.
-Olha quem fala - ela se afastou sorrindo - hora de ir.
-Ok - ele a seguiu e quando chegaram a escada, aproveitou da sua altura avantajada, colocou-a em um degrau mais alto e ainda assim ficou meia cabeça acima dela.
-Me solta - ela alertou quando viu que os braços dele prendiam sua cintura.
-Só com um beijo.
-Não vou dar.
-Então eu roubo - e ele o fez.

A tenacidade que ela teve de tentar impedi-lo, se desfez no momento que a voracidade controlou sua língua, e todos seus sentidos. Ele só aproveitou, e se perdeu naquela imensidão de sensações distintas.

Só que o tempo nunca para de girar, e aos poucos, rotinas distintas começaram a afastá-los. Ela se manteve como estava, imutável. Às vezes conseguindo resistir a ele, às vezes cedendo. Só que ele não conseguiu o mesmo.

Um coração deformado, tem a infeliz tendencia de oscilar vez ou outra, e ela não acreditava que isso pudesse acontecer.

-Não dá mais. - ele concluiu após várias explicações confusas, após desculpas pífias e distorções de situações.
-Eu não sei porque você está fazendo isso - ela engoliu o amargo que se formava na garganta. Era tão ruim de sentir aquilo. Ela sempre esperou aquilo; mas era tão pior.
-Porque eu sou assim. Eu te avisei, lembra?
-Não precisa ser assim.
-Precisa. Não aguento mais. Eu sou o egoísta. Eu que te quero pra mim, sem aceitar que você não é um brinquedo, eu que...
-Dan.
-É melhor assim, Isabel.
-Não me chama assim...
-Não dá mais pra você ser a 'bel'. É sério. Eu me vou. Uma lástima. Mas me vou.

E assim que ele desapareceu, ela sentiu tudo esfriar, e percebeu que algumas coisas caíam ao seu redor. Mas não tinha certeza do que realmente eram; As folhas flutuando no ar, avisando a todos da chegada do Outono, ou os pedaços do seu coração trincado, que caía junto com as lágrimas que prometera nunca mais derramar.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Jogos Vazios

Todo dia,
A mesma vontade,
De quebrar esse ciclo tedioso,
De ser protagonista de seu próprio romance.

Toda noite,
A mesma covardia,
De mudar o certo pelo duvidoso,
De se arriscar por algo que não está ao seu alcance.

Enquanto isso, a gravata aperta,
A alma permanece à espera,
De uma lixívia que possa mudar tudo.

Vivendo num mundo vazio,
Participando de jogos sem sentido.

Mesmo com todo o barulho da avenida movimentada,
Mesmo com tantos rostos desconhecidos,
Mesmo com a profusão sobre si mesmo,
Mesmo com o escárnio sobre a sociedade,
Ele voltou a levantar a cabeça, e quis dar um passo atrás.

Tentou chamar seu nome,
Mas você estava longe demais,
Repousada no seu ponto de saciedade,
Fingindo não sentir saudade,
Daquele furacão vicioso que impregnou seu coração.

É verdade que o diamante cortou seu peito,
Bem mais fundo do que você acreditou alguém ser capaz,
Mas agora que a ferida cicatrizou,
E ele não consegue mais lhe balançar,
Muito menos invadir seu abrigo,
Percebe como você está vivendo um mundo vazio?

Eu estou bem, um pouco entediado,
Mas nada como ele, que toda noite sente o frio,
De não ter mais seu sorriso consigo.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

80 weeks (Primavera)

Essa não é uma narrativa sobre um romance. É apenas um conto sobre egoísmo, sorrisos, beijos roubados e corações machucados. Dividida em quatro atos, assim como uma translação solar é dividida em quatro estações.

Tudo se deu inicio, quando ele começou a fitá-la num bar, em plena quinta-feira à tarde, onde ambos dividiam a mesa de amigos em comum.

Ela já havia reparado há muito nos olhares dele, mas não comentou nada, apenas se concentrou em devolver tais olhares.

-Não deveria beber isso. - foi a primeira vez que ele dirigiu sua voz rouca a ela, mesmo sem saber o nome dela.
-Por que não? - ela indagou em resposta, tentando se decidir se ele era ousado ou um idiota qualquer.
-É feio.
-Por que sou mulher?
-Justamente - os dois se encararam quando ele respondeu. Ela deu de ombros e virou sua pequena dose de cachaça. Involutariamente fez uma careta quando a água ardente lhe queimou a garganta. - eu avisei. - ele acrescentou num tom casual.

A tarde passou rápido, sem que eles conversassem, mas ela continuava a sentir os olhos castanhos dele sobre ela, e aquilo realmente a incomodava.

Sem saber porquê, ela acabou cumprimentando-o quando eles se viram. E depois disso eles passaram a conversar diariamente, sobre qualquer coisa. A intimidade prosperou, sem que eles tivessem tempo de colocar limites no que surgia.

Foi como se a primavera tivesse chegado para os dois. Para ele, foi como se toda a neve e gelo acumulados em seu coração finalmente começassem a derreter perante o sorriso dela. Para ela, foi como se pela primeira vez, seu coração florescesse, se enchendo de cores e sensações que ela jamais experimentara.

-Já percebeu as peculiaridades que nós temos?
-Como assim?
-Meu nome é Daniel, e o seu; Isabel. Os dois terminam com "el" e tem 6 letras, A primeira letra do seu nome é o 'I', a nona letra do alfabeto assim como meu aniversário é no dia 9 de fevereiro, e o seu no dia 4 correspondendo a letra inicial do meu nome que é a quarta letra do alfabeto. - ele pausou sorrindo - O "I" também é a terceira vogal, e o "D" a terceira consoante, ambos somos piscianos e...
-Você tem muito tempo ocioso pra pensar essas besteiras não tem? - ela o interrompeu censurando-o.
-Se você considera seus olhos com de âmbar como besteira, sim, eu tenho...
-Eles são verdes - Isabel retrucou.

Era sempre assim. Daniel falava o tempo todo, e ela ouvia e sorria. Os dois viviam escrevendo sobre eles dois, embora não admitissem um ao outro sobre aquilo. Em poucos meses, parecia que se conheciam a anos. Só havia um porém: ela já pertencia a um outro alguém.

E o romance ia fluindo, como a primavera. Os dois aproveitavam o clima, e descobriam um no outro, coisas cada vez mais agradáveis. Ele a incentivou a não ter vergonha daquilo que escrevia e como ela escrevia, e isso o fazia sorrir como jamais sorrira. Se pegava abobalhado relendo o mesmo texto, inúmeras vezes.

Daniel via em Isabel, um vício inexplicável. Ele bem sabia que não devia flertar com ela, mas não resistia. Era como se ela tivesse sido moldada para ele. Como se o destino tivesse se atrasado em apresentá-los. Os cabelos claros dela, que contornavam seu rosto em forma de coração agraciado por dois olhos de um verde mais claro que a cor do mar, lhe faziam sorrir até as bochechas doerem. E ele a queria pra si, como nunca quisera nada antes.

-O que há de errado se você quer?
-Não é certo e pronto - ela finalizou pela enésima vez aquela conversa.

Só que ultimamente as coisas estavam fugindo do controle dela. E ele já notara isso.

Para Isabel, aquele jovem moreno de olhos castanhos e sorriso galante, era bastante atraente, mas não era isso que a fazia ficar balançada. Eram sempre as palavras. Algumas Palavras. Que a confundiam para esclarecer. Ele sempre sabia as palavras certas, que a surpreendiam, que lhe  arrancavam sorrisos, e nunca se tornava repetitivo.

Segundo ela mesma, era como um livro que parecia estar sendo escrito, e que cada vez mais se aproximava de um clímax melhor e mais intenso. Só que ela não sabia o que ele sentia, e receosa como era, preferia guardar para si tudo aquilo que sentia.

-Você quer - ele afirmou num sussurro preso em seu sorriso.

Quando os olhos dos dois se encontraram, ela não sabia o que sentia. Se era amor, ou vontade. E finalmente, ela cedeu, talvez pela curiosidade, talvez pela insistência.

Já passava da vigésima semana que eles se conheciam quando ele finalmente lhe roubou os lábios, numa tarde quente demais para a primavera. E ela soube, no âmago do seu peito, que a primavera se acabara, e aquele calor que sentia só podia significar uma coisa: O Verão havia chegado.

domingo, 15 de maio de 2011

Dois Anos (Amor, Amor, Amor)

Estava fazendo um balanço de tudo que aconteceu na minha vida nos últimos dois anos, e por incrível que pareça só consigo pensar uma coisa: que minha vida passou a ter graça depois que te coloquei nela. Isso é exagero? Talvez fosse se meu dia não melhorasse totalmente toda vez que escuto um ‘eu te amo’.

Nos momentos mais estranhos, em que eu estou pensando a toa, eu acabo sendo levado a pensar em chocolate e calor. É que eu me lembro dos seus olhos e do seu beijo. Quando eu deito minha cabeça no travesseiro eu penso em futuro, em família, e muito mais muito amor.

Você já pensou no quanto tudo mudou em dois anos. Quem diria que dois anos à frente eu estaria tão responsável, tão menos irredutível, tão mais sorridente, tão menos egoísta, tão... Feliz. É, em dois anos muita coisa mudou. Nós tivemos tudo para dar errado, e mesmo assim continuamos a dar mais certo do que tudo que eu conheço. Simplesmente porque somos chatos demais para desistir, e acabamos conseguindo que tudo desse certo não é?

Pois é, já são dois anos de muita coisa acontecendo. E eu só tenho a te agradecer. Pelo seu amor, pelo seu carinho. Pelas brigas também. Por tudo. Porque você simplesmente me faz um bem imensurável. Faz-me querer ser uma boa pessoa, só para te fazer feliz. Faz-me acreditar que a vida é mesmo algo bom de viver.

Pensando melhor, quando eu olho para esses dois anos, só consigo ter memórias boas de tudo que a gente vivenciou. Porque você sempre esteve ao meu lado, mesmo sem querer em algumas ocasiões.

Você já pensou no que o futuro reserva para o nosso amor? Nós poderemos estar agarradinhos num cinema qualquer, sem estarmos enjoados daquelas comédias românticas que só nos fazem ter certeza que nosso amor é muito melhor que aqueles que são produzidos em hollywood. E quando sairmos para esticar as pernas pelas ruas, o sol vai brilhar em você, e em mim; seus olhos vão ficar mais achocolatados ainda, e vamos sorrir, apenas por existirmos um ao lado do outro.

Posso ver como tudo vai acontecer em cada detalhe. Eu vou te roubar um beijo, e você vai protestar, mas vai esquecer rapidamente, porque vou te mostrar uma nuvem com um formato de um avião. Vai haver sol e nuvens brancas em todos nossos dias, porque eu estarei contando minhas piadas idiotas, e você estará gargalhando delas como sempre.

Nós também vamos nos lembrar quando costumávamos a discutir por causa que eu roubei um pedaço do seu sanduíche, e sorrir bastante, pois era isso que nos divertia naquela época. Vamos poder ficar até tarde na varanda, numa noite quente bebendo vinho, nos divertindo, e bebendo. Só rindo. Isso porque nesses dois últimos anos aprendemos a apreciar a companhia um do outro mais do que qualquer coisa. E na nossa cabeça só vai ficar ecoando uma palavra: Amor, Amor, Amor.

Pode ser meio fantasioso, mas é tudo o que vem na minha mente quando olho pro seu sorriso; Que o futuro que nos aguarda é tão melhor do que o presente que temos agora; E olha que é impossível superar a felicidade que sinto agora.

Acabei de lembrar, quando eu te ver da próxima vez eu vou dizer "Eu nunca fui tão feliz quanto estou agora", e você vai sorrir e responder "É, eu nunca pensei que poderia ser tão feliz quanto eu sou quando estou com você" Tudo vai ser Amor. Carinho e chamego. Algumas brigas, e beliscões. Beijos e mordidas. Mas principalmente amor. Por toda a eternidade.

E quando os meus dias cinzas chegarem, você vai estar lá para me animar, dizer que é besteira minha e me mandar sorrir e te beijar; como fez nos últimos dois anos. Quem sabe até, você consiga finalmente extingui-los da minha vida. Não sei se você  notou, mas eles são tão raros ultimamente, isso porque dois anos atrás minha vida era cinza, agora só alguns dias perdidos são assim. Tal igual eu vou estar aqui o tempo todo para te dar dengo, me apaixonar mais ainda pelo se risinho de tão apaixonado, e pelo seu bico cheio de mimo. É, do passado ao futuro vai ser só Amor, Amor,, Amor.

Infelizmente, tenho que te dizer que pode ser também, que daqui a dois anos, a gente nem se encontre mais. Pode ser que a gente nem se conheça mais. A gente pode não se dar bem. Talvez a gente só se estranhe e se perca. Mas independente do caminho que tomemos, sempre vai existir amor. Aonde você for, vai ter amor. Todo esse amor que eu carrego por você.

Hmm. Sinceramente, do jeito que sou insistente, duvido que você algum dia consiga fugir desse meu amor todo. Então esquece essa possibilidade de não existir pra mim. Pois te quero muito mais que o infinito anseia por um fim. Então que esses dois anos sejam ínfimos em comparação a eternidade que quero passar junto com você.

Lembre-se do que meu ‘eu te amo carrega’ e sorria, porque nossos dois anos transbordam de Amor, Amor, Amor.

domingo, 24 de abril de 2011

Sobrepõe

Uma saudade bem espaçosa, perseguindo os padrões, de uma rotina de desencontros, fazendo das fotos, uma fuga especial, é aí onde nosso amor se sobrepõe.

Ninguém é tão agraciado quanto nós dois, nós não estamos no fim, mas já superamos o tão famoso 'felizes para sempre', e eu sei disso porque toda vez que você exibe um sorriso, o meu próprio sorriso o sobrepõe. É, eu tenho certeza, ninguém é tão sortudo quanto nós somos.

Quando você me liga, e me diz como você se sente, eu fico imaginando como e quando você se enraizou tão longe, sem eu nem mesmo notar. Como e quando, meu coração deixou de ser meu, para ser seu?

Você já deve ter percebido, mas eu não costumava a estar habituado a isso, e sem nem perceber, discutia só por discutir, porque a paz que seu olhar me inundava, era tão inédita... Só que não há nada de mal nisso, eu apenas nunca estive tão feliz.

E agora, eu tenho essa sensação de que se eu demonstrar exageradamente o bastante, você vai sorrir de volta pra mim, o sorriso tão intenso (e envergonhado) que só tem para mim, o sorriso pelo qual eu me apaixono todo dia. É, eu tenho certeza que ninguém sobrepõe a beleza do seu sorriso nesse mundo.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Chocolate Das Estrelas

Bem, as estrelas, que sempre estarão no céu, podem até ser ofuscadas pelas nuvens, mas pense bem, elas sempre estão lá. Brilhando.

Acho que sou muito feliz, por esse brilho. E agora, que meu pés seguem para onde a bússola do meu coração aponta, qualquer solavanco poderia me deixar perdido, e vai ser nessas horas, que vou olhar para as estrelas; Esperando que elas me guiem.

E as estrelas sempre estão no seu olhar, brilhando para mim. Como uma noite fria de outono, em que seus suspiros me arrepiam.
Enquanto estou preso aos solavancos do ônibus, fico sorrindo lembrando de como amo seu cabelo; que do arrumado, passa ao despenteado, mantendo um cheiro tão intenso. De como só de pensar no seu sorriso, minhas bochechas já começam a doer, porque eu não consigo diminuir meu próprio sorriso. Eu amo cada partezinha, aquela cicatriz no seu nariz; e o jeito como seus pés ficam tronchos quando você está de pé, envergonhada. Como seu rabo de cavalo a faz falar como uma pirralha; como seu amor é tão puro e brilhante.

Isso sim me faz feliz.

Amo o jeito como você percebe a verdade em todas as minhas farsas, me deixando sem palavras. Em como você ainda se delicia com minha velhas-inéditas cantadas. Porque você se hipnotiza com minhas palavras, mas conhece cada falha que minha voz enuncia; Porque você confia no meu coração, e elimina qualquer disfarce que ele tente te projetar.

É isso sim, é o que me faz feliz.

Agora, só agora, eu percebo que não há mais necessidade de congelar meu coração. Não há necessidade de mantê-lo guardado, porque ele já é todo seu. Desde que numa tarde quente de outono, você me disse que ia valer a pena.

Ah, seus olhos de chocolate brilham bem mais que qualquer estrela.

domingo, 17 de abril de 2011

Além-das-nuvens

Essa é uma mensagem para qualquer um, que tenha um coração vivo, pulsante no peito, machucado ou não, recuperado ou não. Essa é uma mensagem para quem não quer sair da cama, quer se agarrar aos cobertores e as lágrimas, tentando entender como aquele sentimento tão intenso acabou assim, em olhos marejados e gosto salgado nos lábios.

Essa é a última mensagem que escrevo, pensando em você. A última vez que permito sorrir, lembrando do seu sorriso.

Acho que já passou a hora de deixar essa lembranças para trás, deixar o vento levar para longe as promessas não cumpridas, as possibilidades esquecidas. Vou deixar que as nuvens venham, e lavem tudo. Deixar que o céu chore de tristeza por esse amor perdido. Eu bem sei o quão dificil é isso, mas existe um futuro além-das-nuvens.

Me pego olhando o céu com meus óculos escuros, tentando não exibir a janela da minha alma, não enquanto não consertar tudo que foi bagunçado pelo seu sorriso. E percebo que não estou preocupado, apenas nostálgico. Esse não é o fim; Só finalmente percebi, que não podemos continuar assim. Não do jeito que eu quis. Não do jeito que você deixou acontecer. Eu sei o quão difícil vai ser; Por isso, essa é a última mensagem que escrevo sobre nós; É a última vez que me permito fraquejar.

As nuvens já estão indo embora. A chuva está estiando. O arco-íris está surgindo. Tudo estará limpo e sereno em breve.

E eu vou me empenhar ao máximo para sorrir, pois hoje, amanhã, ou depois, o céu sempre será azul; Por trás, bem no além-das-nuvens que possam vir a eclipsá-lo, sempre será azul. É, o céu de amanhã será azul, e a luz que ele transbordará vai me guiar como um sonho. Bem no meu coração, no recinto que você cativou, guardo esse céu azul, que eternamente me guiará, como seu sorriso por muito tempo já o fez.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Enferrujar-se-ia

-Você é responsável pelo que cativa. – foram minhas palavras mais covardes, ao seu pé do ouvido – eu me apaixonei por você. Pelo seu jeito de sorrir, pelo seu jeito de contar uma história, e pelos trejeitos efusivos que você demonstra pra qualquer um. Mais, acima de tudo, me apaixonei pelo seu abraço, que me traz sensações oscilantes entre o que é certo e o que é errado; entre a possibilidade e o arrependimento...
-Eu... – você tentou balbuciar algo em resposta, mas foi calada pelo encontro dos nossos olhares.
-Só quero um beijo para saber o que estou perdendo. – e sem esperar por resposta, meus lábios lhe roubaram qualquer reação.

Eu sabia que ia ser assim. Desde o momento que te quis. É egoísmo demais querer ter para si uma pessoa que ama? Acho que sim, quando seu coração já não lhe pertence mais.
Provavelmente, acontecerá conosco o que acontece com todos os amores. O tempo passa, a onda quebra contra o cais, a maré vira, a maresia voa. Tudo enferruja.

-Chega... – você suspirou finalmente se livrando do beijo como um alguém que volta a respirar depois de quase se afogar. Entretanto, sua expressão não era de alivio, era de dor. Uma expressão de agonia por ter parado algo que muito provavelmente estava sendo avassalador.
-Eu...
-Não precisa dizer nada – seus olhos fugiam dos meus, assim como seu corpo recuava. Havia muita confusão naquele momento.

Esse jogo de flerte e cantadas que começamos só podia dar nisso. Sem nenhum vencedor, apenas perdedores. Eu nunca ouvi falar de ninguém que jogou com o amor e venceu; acho que essa é minha sina. Tenho de confessar que não sou tão perdedor, pois, pelo menos uma parte do meu coração continuará feliz por não deixar de pertencer a ela.
Talvez essa seja a verdadeira resposta não? Você vai perder independente da estratégia que definir. Não peço desculpas, pois não me arrependo do que fiz. Só lamento por ser um só, e não poder ser tão seu, quanto deveria ser, e o quanto você quis ser minha; por não poder ser para você, nada mais que um amor de possibilidades. Um amor, que não se transformar em algo áureo.

-Tem certeza? – falei tentando reverter palavras que não voltariam mais, que lhe arranharam e rasgaram em locais que eu nunca mais poderia reparar ou curar.
-Tenho. Está tudo bem – não sei se você lembra, mas eu conhecia (e ainda conheço) cada um dos seus sete tipos de sorrir. E aquele que você me exibiu naquele momento era sorriso falso, que não transparece nada além de uma magoa fria.
-Então tudo bem – eu lhe retribui com meu sorriso opaco, aquele que você chamou de uma tristeza cinza em outros tempos, mas que não conseguiu ou não quis reparar nessa última vez. Sabíamos, ambos, que essa despedida não terminará em reticências.

O tempo passou mais uma vez. Só que dessa vez, sem viradas na maré. Apenas a constante maresia corroendo nosso amor. E se foi. Nosso amor enferrujar-se-ia.
Ainda lamento pelo que foi, pelo que não foi e pelo que poderia ser, guardando, acima de tudo essa despedida. Um algo melhor do que as nuances de um amor oxidado; caindo aos pedaços.

Bruno M. Tôp

quarta-feira, 2 de março de 2011

Mundo Paralelo (Tequila)

Tenho que confessar, que às vezes nem eu gosto da minha forma de ser. Logo, sem dar explicação, desapareço, e nem eu entendo muito bem porquê. Volto a me esconder, a procura do que já achei há muito. Perto de mim, dentro da minha estrada, eu carrego as miragens, que minha imaginação cria; todas só tem um fator comum: você.

Toda vez que volto, trago uma lábia toda romantica, não para que você me perdoe, apenas para que você se apaixone mais ainda, é a minha única vontade, ter você cada vez mais, enebriada pelo meu jeito de ser.

Chega mais um entardecer, e eu decido partir mais uma vez. Só que dessa vez, eu saio com palavras gentis, e você esbanja um sorriso; demonstrando que juntando tudo, eu lhe faço muito bem, apesar de saudade constante; só de me ter por perto, você sente um recomeço.

Eu confesso, quero vcê com tequila. Para queimar a garganta, e esquecer qualquer problema ao meu redor. Quero teu sorriso como um sol, pairando no azul, brilhando vermelho, iluminando seus olhos.

Sei bem que não podemos ficar juntos; mais por causa de mim, do que por qualquer coisa. Simplesmente porque quero você agora, e depois, não o tempo todo, subindo e descendo; queimando, ardendo, me embriagando.

Posso também lhe confessar, que nunca acreditei na felicidade; porém, em alguns momentos; poucos momentos que estou com você, seu sorriso se parece com ela; mas talvez seja a pura casualidade, de um eu embriago pela sua presença. Quero você, vindo e voltando, como a maré sobe e desce, como a tontura da tequila me toma e me deixa.

Sonhei com um mundo paralelo, onde você era o sol; onde lhe dava direito a um amor comum. Mas eu acordei, e senti inveja do sonho, uma inveja besta, pois lá eu tinha você o tempo todo. Abanei a cabeça, e deixei pra lá, não é bom viver embriagado.



Chupei um limão, lhe encontrei, coloquei um pouco de sal na língua e decidi: Lhe quero por perto, mesmo não sendo toda minha. Só por perto, pois com você, sinto que recomeço a sorrir.

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Dose Forte (Reencontro)

E teve um fim. Como nós achamos que nunca ia ter. Teve fim. Por mais que eu tenha mentido pra mim, pra você, e para nós que seria 'pra sempre', teve um fim. E eu me fui; fugi de você, de mim, de nós; do Nó.

Segui em frente. Não sei se ainda fugindo, sem olhar pra trás, ou apenas tropeçando, porque a vida simplesmente não para. E eu não parei, e me lembrei, do quanto tu me fizesse sorrir. Fiquei confuso; carreguei uma culpa no peito, não resisti, cedi a abstinencia, voltei a flertar com uma nuance do que nós já fomos um para o outro.

Foi confuso. Não vou negar. A garganta secou, os lábios sorriram, mas ao fim, só consegui dizer "obrigado", por todos os sorrisos que você me ensinou a ostentar.

E aí, tomei um chá de tempo; esperando que o reencontro, não precisasse vir. Até que, vi seu habitat, senti o peito descompassar; fiquei nervoso, olhei ao redor, mas as orbes âmbar não estavam lá;



Suspirei. Não sei se foi de alivio, ou de frustração. E percebi, que meu desejo tinha se realizado, eu não tive o temido reencontro; e no lugar recebi uma dose forte de saudade.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Princesa Bêbada

Em algum lugar do caminho,
Eu tropecei em você,
E você foi me mostrando algo bem interessante.

Em algum lugar do seu caminho,
Você transformou inocencia em rancor,
Um pouquinho mais no futuro,
Seu rancor virou precaução.

Foi nesse ponto,
Que subi no seu trem, chamado coração,
Ofereci um pouco de uísque, e uma casinha,
Suas lágrimas se tornaram minhas,
As minhas se tornaram suas, e na dor,
Nós achamos risadas.

Com sorriso de princesa, trejeitos de bêbado,
Você foi cativando,
E pra nós dois, cativar é bem importante.

Seguindo sua vida a galopes,
A precaução virou alopração,
E com um incentivo destilado,
Mais tarde já era insanidade.

Foi ai, que apreciei sua amizade,
Você Marina Lopes,
Pode seguir seus trilhos,
Que os grilhões que cativas em seu peito,
Não lhe deixarão tão facilmente.
E se mesmo assim fizerem,
É só seguir em frente, como sempre fez.

Isso porque,
Mais que todo mundo,
Quando chega sua vez,
Você sabe aproveitar cada segundo,
Sabe sorrir, pelo que te faz bem,
E fugir do que te faz mal.

Se você está certa ou errada,
Isso cabe ao esquecimento,
Daquele que você escolher como perfeito pra você.

Daquele que vai trocar a alopração pela emoção,
Em algum lugar do caminho, a emoção virará amor,
E isso, tenho certeza que vai apagar qualquer dor.

Só tome conta daquilo que cativou,
Pois, com isso criasse laços,
E esses laços se tornam grilhões.

Porém, tome cuidado, às vezes dê um temp no tom aloprado,
Pois o essencial é invisível para os olhos,
E, assim, despedidas, acabam passando despercebidas.

Bruno M. Tôp

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Quatro Letras, Três Palavras, Duas Pessoas, Uma Definição.

Sempre estive a procura, talvez por ser inocente demais, talvez por ser carente demais; eu realmente não sei o motivo principal dessa vontade toda existir em mim; a vontade de ter um Amor, mas não um amor qualquer, um Amor com A maiúsculo, daqueles muito mais empolgante que o da novela das 8, muito mais feliz que o romance-tragédia vencedor de 11 oscar’s... Um Amor pra dizer que vivi nesse mundo sabe? Talvez essa seja uma das raízes do desejo, quando era criança li que um homem precisa fazer três coisas na vida: “Achar um amor, plantar uma árvore e escrever um livro”... É, acho que é isso mesmo; ou talvez foi só destino ter te achado, gosto das duas alternativas.

Eu pelejei muito, até te achar, e até confesso, que antes de ti, já havia encontrado um sentimento forte o bastante para eu achar que era amor, mas não foi amor de verdade; não, foi uma obsessão. Um Romance de criança, que cativou meu coração recém-destruído. E só agora, só depois de te conhecer, te ter, te perder, achar que te tinha, achar que não te tinha, e finalmente te ter de verdade, e aí sim, eu entendi o que realmente significava essa palavra de quatro letras, e tantas definições...

Seu sorriso foi algo muito peculiar, que se impregnou no lóbulo esquerdo do meu cérebro, devastando memórias mais importantes, e menos galantes. Me apaixonei por ele, e mais tarde, o tempo veio me dizer, que estava amando a portadora desse sorriso tão... Sem definição, já que o infinito não se define.

Cata-vento, Sol, Dengo, Feiticeira. Você renasceu em tantas definições diferentes aos meus olhos e lábios, que a infinidade de sensações que você trouxe a minha vida, tornou meus orbes límpidos o bastante para ver que até chegar a você, minha trajetória foi de um preto-e-branco tão entediante quanto os classificados de obituário.

Enquanto sua nuca emanava um perfume digno de luar, fui aceitando que já tinha sido vencido, derrotado, e cá estava acorrentado, ao seu jeito, cheio de camadas, que me fascinava cada vez mais, como se o tear do destino estivesse me mostrando o melhor livro que eu jamais acabaria de ler, caso fugisse como sempre fugi. Não, com você eu segui em frente, me arrisquei, e decidi que se havia um tipo de mulher para mim, esse tipo era você.

Como já te repeti tantas vezes, é impossível explicar de verdade o que é o amor, é como uma fotografia de uma fogueira, você sabe que é uma lareira acesa, mas não chega nem a 10% da sensação de ver uma de verdade; de sentir o calor, o aconchego. Bem, essa comparação, sendo tão boa, ainda assim não demonstra a verdadeira distancia das minhas belas palavras quando tento explicar o que sinto por ti, é algo imensurável.

Eu li tantos romances, criei tantos personagens; a maioria baseados em mim, tentando imaginar como seria, quando eu encontrasse um amor de verdade, e todos eles, não passam de fantasmas velados, quase sem nenhuma semelhança quando comparado ao que achei em você.

O jeito como você dança, me abraça, me toca; me enfeitiça, e me faz pensar que eu finalmente posso ser eu mesmo, que na verdade, eu posso ser o que eu quiser, porque te tenho comigo; porque conquistei algo que é meu, só meu. E como egoísta que sou, só quero você pra mim, sem mais.

Pra você, guardei toda essa vontade, e um pouco mais. Guardei a esperança, de ter em você um ponto de felicidade indefinível, e como tudo que a vida me deu, você não foi aquilo que eu esperava, foi muito mais. Muito de um mais, que nem o infinito chega a beirar nele.

Pode parecer mentira, mas eu guardei isso tudo pra ti, não sou idiota ao ponto de afirmar que sabia que seria para ti, da pra entender? Eu guardei bem, para uma pessoa especial, mas não sabia que existiria uma pessoa na minha vida que tornaria isso que guardei real. Ficou confuso né? Acho que toda vez que tento falar sobre essa palavra de quatro letras, me atrapalho todo. Foi tentando te explicar, e sempre achando que a explicação era fraca demais para o que eu sentia, acabei por perceber, que explicação nenhuma isso requer. Como Nando Reis diz em sua música “Se o coração bater forte e arder, No fogo o gelo vai queimar”; e queimou. Todo o gelo acumulado por anos de atrofia sensitiva derreteu ao resplandecer do seu sorriso. Esse mesmo sorriso, que tem uma grandeza muito maior que a dais infinitas constelações que contemplamos durante a noite; tem um brilho muito mais áureo que o da Lua, na noite mais linda e romântica; tem muito mais calor que o sol pode transmitir no dia mais quente. E sempre me pego, sem aviso, admirando-o, achando, por mais estranho que pareça, uma parte nova, que me faz te amar cada vez mais.

A cada mudança no ciclo da lua, tento de novo e de novo, percorrer todo teu corpo, para decorar cada sinal, imperfeição, cicatriz, cílio, cravo, ou qualquer outro detalhe, insignificante para os outros, que me façam poder ter certeza que guardei todo o seu ser na minha memória. Mas é impossível, pois em todos os poucos segundos tentando te fotografar com os olhos, me perco admirando um detalhe tão normal, e que pra mim é perfeito, por mais idiota que isso possa parecer. E você pergunta ‘o que é você tava olhando?’ e eu respondo ‘Você’. É tão difícil de entender, que quando o assunto é você, existe muito mais que dê pra me saciar?

O Tempo às vezes passa tão rápido, e às vezes tão devagar, que pensando na teoria física, entendi que quando o assunto é o nosso amor, o tempo deixa de ser constante, ele se torna uma variável, totalmente dependente do nosso amor, assim como todas as minhas ações. Por isso eu sei que é amor; que o que sinto, vejo, inalo, presencio, abraço, acaricio e tenho tomando todo meu ser é a definição mais exata para a palavra Amor. Assim como me sinto eriçar cada célula do meu corpo quando meus lábios beijam tua pela, quando sinto o contato teu em mim, quando deixamos de ser dois, quando nos tornamos um só; quando somos mais que Deuses, quando tornamos o amor simples, quando tiramos o ‘s’ do nós, e assim ficamos só o ‘nó’, juntos. E por mais breve que esse momento seja, é mais eterno que mil nascimento de estrelas, que um milhão de arco-íris percorrendo o céu.

Eu sempre soube que você tinha o manual de instruções pra me ter, e só agora entendo porque você o tem, é porque você nasceu para ser minha, e eu para ser seu, e nós para sermos um nó, sem mais, sem menos. Sem precisar explicar, apenas amar. Pois gelo nenhum sobrará, enquanto o sol lhe iluminar.

Só há Um jeito de dizer, o que une nós Dois, em Três palavras, que define essa palavra de Quatro letras: Eu te amo. E isso, será pra sempre.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Um Beijo Súbito

Tropeçando desajeitado,
Carregamento pensamentos complexados,
Na rua principal,
Palco da sua primeira aparição,
Do dia que seu sorriso brilhou no meio da multidão.

Um beijo súbito,
Você pôde ler minha mente.

Eu nunca desisti de alcançar aquele sonho,
Mas você me fez apagá-lo, da memória,
Até que, de repente, foi embora.

Os bons tempos se misturaram as boas lembranças,
E eu me perdi, procurando seus olhos na caixa de fotografias,
Nos versos que você cantou para mim.

O homem de coração honesto,
Simplesmente desapareceu,
A alma obstinada, foi substituída,
A convicção da alegria, foi destruída.

Você pôde ler minha mente,
E assim, sem me avisar, voltou,
Com aquele mesmo beijo súbito,
Fazendo meu peito brilhar,
Com fantasmas que já deveriam ter sido exorcizados.

Os solavancos que meu estomâgo deu,
O arrepio que meu corpo percorreu,
Era algo muito anormal.

Um beijo súbito,
E eu não me importei, porque você não se importou.

Percebi a grande verdade,
Eu não brilho, se você não brilhar,
Se você desaparecer mais uma vez,
A escuridão voltará a me apossar.

Os sonhos passados, não são nada perto do seu abraço,
Toda a vida que conheci, não pode ser chamada de vida,
Você coloriu tudo, transformando a minha história, no mais tedioso cinza.

Um beijo súbito,
E você tem todo meu eu, só pra você.

Bruno M. Tôp