domingo, 9 de outubro de 2011

Alinhe


Um amor digno de um bom romance, era o que eu queria. Veja só, sempre gostei de acreditar que eu era meu próprio protagonista de uma grande obra literária, e foi ai que escolhi você para ser o meu par. Associei-lhe a um anjo, e indaguei a nós dois se aquilo tudo que acontecia entre nós dois era real.

Não queria que fosse um relacionamento qualquer, por isso chamei-o de amor impossível, que não se concretiza, imensurável, que não tinha motivo para desistir e estaria fadado a tragédia, tal igual os amores mais famosos da história; mas que estava ali, alinhado ao destino.

'Alinhe o nariz' - eu lhe disse sorrindo, observando seus olhos de uma cor tão apaixonante. Era tudo perfeito, seus olhos vistosos, suas bochechas exageradas, o sorriso contagiante, mas principalmente aquele pequenino nariz tão perfeito, que precisava de uma cicatriz minima perto do supercílio para deixar claro que você era real.

Você sorriu, e fez uma careta. 'Como vou alinhar meu nariz?'

'Basta encostá-lo no meu' eu cheguei mais perto deixando nossos olhos, lábios, corações e almas numa única sincronia. Alinhados e enlaçados por um nó. Era mais forte que nossa vontade, era o destino. Mas na minha cabeça, o meu protagonista deveria colecionar muitos romances, e aí eu decidi me fazer te perder, para entender o que deveria escrever.

E você se foi, deixando o arrependimento que meu personagem não deveria sentir. Foi ai que tudo se desalinhou; tentei reestruturar aquilo que fora perdido, mas o que recebi em troca foi seu coração covarde. Vai ver era pra ser assim, apenas a inspiração para o meu romance, afinal eu nunca ouvi falar de um amor que desalinha.

Então eu acordei, de um pesadelo no qual nosso relacionamento havia enferrujado. Porém foi só olhar para o lado para perceber que eu nunca havia lhe perdido; estava deitada adormecida ao meu lado, cheirando a alcaçuz, com suas madeixas brilhando a luz de um sol recém-despertado. Sorri e fiquei imaginando que insanidade fora aquela de cogitar uma possibilidade de te perder apenas para criar uma obra digna do nosso amor. Nunca precisei disso, afinal, a maior obra sobre o amor que poderia copilar, é a que sinto toda vez que encaro seus olhos de chocolate me enfeitiçando mais e mais.

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