quarta-feira, 27 de maio de 2015

Amor Sem Palavras

Acordou. Olhou o dormir dela. Riu. A cortina estava fechada, queria abrir pra deixar o sol entrar, mas não queria acordá-la. Decidiu então apenas depositar um beijo na testa dela.

Ela abriu os olhos, viu os grandes olhos castanhos dele, ainda sujos de remela, se afastando na testa dela que haviam acabado de beijar. Riu. Já deveria ter enjoado daquilo, daquele mimo e carinho todo, daquele canceriano todo, mas não tinha.
Um roçar de lábios, uma mão a deslizar na pele nua dela. A excitação quase o fez querer tomá-la pra si, mas resistiu ao impulso e se encaminhou pro quarto ao lado. As paredes ainda exalavam o aroma de tinta recém-pintada. Tudo azul, como tinha de ser pra eles, a primeira semente chegaria a longínquos oito meses. Longínquos porque eles desejavam tanto aquilo há tanto tempo... Mas seria no tempo certo, ambos sabiam disso. Olhou o relógio na parede e viu que havia acordado cedo. Era bem isso que ela lhe fazia, sentir-se bem mesmo acordando cedo. Cantarolou uma música qualquer enquanto abria a geladeira. Não tinha muitas opções. Se a vida lhe dá limões, por que negar a limonada? Nem percebeu, mas estava dançando de uma forma atrapalhada.

Ela rolou na cama, agarrou o travesseiro dele, riu ao sentir o cheiro dele, da lembrança da noite passada, de todas as noites que tinham desde que haviam se unido. Espreguiçou-se e abriu a cortina. Tava azul lá fora, tinha de tá. Passou a mão pelo seu ventre. Riu. Sabia que era cedo demais pra sentir algo ali, mas só de saber que já estava se formando, que um de seus maiores sonhos estava se realizando... Não tinha como não sorrir.

Esbarrou nela no corredor. Riu. Abraçou-a e roçou seu cavanhaque no pescoço dela. Sentiu o arrepiar que se espalhava na pele nua dela até a nuca. O jeito indígena dela era lindo demais. Queria levá-la pra cama novamente, mas o dia já se fazia presente e eles tinham uma rotina. Deixou-a passar rindo daquilo que só eles achavam graça.

Entrou no banheiro rindo. Era fácil deixá-lo ouriçado. Sentou na privada. Bocejou, escovou os dentes e o chuveiro ligou. A água estava fria, teve de pular pra passar a agonia. Foi com um susto bom, que ouviu a porta do banheiro se abrir.

Não se arrependeu de entrar na água fria, o abraço dela de todo lhe aprazia. Beijos molhados, pele colada, um calor emanado. Entregaram-se a vontade.

Ainda ofegando ela saiu do banho. Ainda pingando ela passou pelo espelho. Olhou pra trás e lá estava ele com o pescoço vermelho, das mordidas que ela acabara de deixar. Riu e assustou-se ao ver a hora que o celular já marcava, pensara que eles haviam levantado cedo. Correu pra cozinha, logo depois de colocar uma calcinha, e para sua surpresa, a comida já estava na mesa.

Ele seguiu as pegadas de água que ela deixara pela casa, com uma estopa enxugando. Sorriu ao chegar na cozinha e receber uma piscada de agradecimento. Sanduíches de requeijão e suco de limão, ele pretendera fazer mais, porém o barulho do chuveiro ligado lhe levara a largar a preparação do desjejum.

Ela puxou a louça dele e tratou de lavar tudo, enquanto ele ia se trocar. Após uma rápida geral no cômodo, as vestes formais foi trajar. Uma conferida rápida no cabelo, arrumou um coque impecável, estava longo, talvez devesse cortar curto, como na época em que eles decidiram ficar juntos. Havia nostalgia em lembrar do seu cabelo curto.

Ele coçou a barba, já havia se trocado, e agora estava sentado na sala, aguardando-a para levá-la no trabalho e seguir pros seus próprios afazeres diários. Ela veio, toda engomada, como era próprio de uma bela advogada.

Seguiram elevador abaixo, entraram no carro e numa música de Chico sintonizaram. O trafego estava lento, mas pros dois, o que importava era o vento, que sobrava das janelas abertas. Chegaram ao primeiro destino, um roçar de lábios rápido, uma cumplicidade nos olhares que só havia entre dois que partilhavam de felicidade.

-Bom dia pra tu e cuidado - ele falou
-Aproveita teu dia, príncipe.

E no tudo que aconteceu naquela manhã, foram as únicas falas trocadas. Porque eles eram assim, dum Amor Sem Palavras.

Um comentário:

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