Juro que não sei definir o que é. São os olhos. Sim, provavelmente, é o olhar que me deixa de ressaca. Anuviado, confuso, perdido e, ainda assim, com a sensação que vale a pena não controlar-me por inteiro.
Tenho apreço pelas palavras soltas que trocamos só por papear. Ela tem umas perspectivas diferentes, que não estou acostumado a encontrar. Escuta mais do que fala e seu corpo diz muito mais que suas palavras.
-Me fala mais, então - ela parece gostar da minha opinião.
-Não há muito mais o que falar não, teus olhos são verdes.
-Oxe, então eu posso relaxar só por causa da cor do meu olhar?
-Basicamente isso, porque eles remetem ao mar.
-Eu amo o mar!
-Você até o tem no seu nome...
-Exatamente!
Foi aí que notei que resistir se tornou um ato vão e não é surpresa que minha vontade seja tão. Principalmente quando ela, não sei dizer se por querer ou não, morde os lábios enquanto me encara sem se intimidar. Transbordo são, sabendo que posso me afogar naqueles olhos a esverdear, mas não consigo deixar esse gosto que tenho pelo mar; gosto de imensidão e há tanto naquele olhar.
Engraçado é que, na primeira vez que bati os olhos nela, não vi todo esse mar.
Na segunda, surgiu um interesse inapto que sempre nasce por sorrisos. Os dela são tão bem-vindos, não tem como não os achar lindos; sempre que ela os oferece, também me pego rindo. Foi natural, sem bem ou mal, roubar uns beijos, quando aquela noite chegou ao final.
Enfim pude perceber que ela é além do que, normalmente, espero encontrar. É o seu agir oblíquo; é o sorriso cigano; ela é o mar de ressaca, que numa onda súbita consegue me inspirar, que some na areia antes de eu lhe alcançar, que deixa rastros pra eu seguir, um convite inesperado pra mergulhar. Ela é de inspirar e que bom que eu pude lhe encontrar,
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