sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Esvai

Já são três da manhã? Não lembro de nada depois do copo, sal e limão. Meu passo não é firme, tenho de me apoiar no corrimão, sei bem onde estou, mas não é exatamente onde gostaria de estar. Queria poder lhe ligar, mas, provavelmente, você está dormindo, ou pior, coisa que nem quero pensar, está por aí, sorrindo. Queria tanto o seu sorriso, seu abraço, você cheirando meu cangote, mordendo minha nuca, por que tenho de aprender a ficar sozinha novamente?

O novo deveria ser a solução, entretanto, não foi a escolha do meu coração; já sabemos quem você é e, apesar de não agir de má fé, não tem como fingirmos que vou acabar bem. É que eu sou dessas, sou de querer o além, logo tenho de admitir que estou com saudades, porém, com poucos resquícios de sobriedade, sei que estou melhor por aqui, só comigo mesma.

A mesmice do meu amanhã - ou devo chamar de hoje? - é o que me entristece, pois você não sabe, mas enquanto me esquece, eu fico entre edredons, olhando pro lugar onde você costumava a ficar deitado, quando eu lhe indaguei o porquê de você me querer ao seu lado; pensando o que posso fazer da minha vida... Não é culpa sua, eu que tenho essa ansiedade de alma sofrida, de não querer ficar só, de viver tentando me atar nos outros com um nó. Só que eu também sei quando não é pra ser e mesmo sendo tão bom cada momento com você, a gente não vai prevalecer.
Ainda é em você que eu penso; é o sabor do seu beijo que me norteia entre os outros gostos que vou provando; é a sua pegada que me eriça e são as noites que ficamos juntos - aquelas que tentamos em vão esgotar os mais randômicos assuntos, esses tantos que me ainda me fazem, infelizmente, se apegar a um acreditar que a nossa súbita sintonia não é, realmente, um sinal de destinada parceria - que fazem minha vontade de me arriscar passar.

Passeio em vão, com pensamentos que a lugar nenhum vão. Quero mudar a necessidade de lhe querer e é assim que vai ser, vou me esforçar pra ignorar suas mensagens, vai ver você some de vez, ou quem sabe vem com vontade de ficar. Não há muito o que pensar, só fica ou vai, transborda ou se esvai.

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