segunda-feira, 18 de abril de 2016

Dia de Temer

Não só porque hoje é uma segunda-feira ímpar, mas hoje é dia de temer. Deixo bem claro que é válido, principalmente para reflexão, pois, sinceramente, só refletindo é que dá pra tentar entender o que está acontecendo com a gente. Ah e sim, o título desse texto é um trocadilho, porque como tudo que será exposto aqui, um trocadilho é um convite ao pensamento.

Penso que hoje é dia de temer, não o futuro do Brasil, porque esse já está em xeque há muito, sim o futuro dos brasileiros. Veja bem, hoje temos uma polarização, que, se fosse em outrora, poderia ser linda, porque seria erradicação da alienação, todavia, hoje, nada mais é a intolerância e o ódio se manifestando através de discursos apoderados. Temos claramente dois times e crentes diferentes: os vermelhos e os canarinhos. Existem vários rótulos e características pra descrevê-los, considero todas preconceituosas, já que no meio de ambos os grupos, existem representantes dos rótulos dos outros, engraçado, não? Os que usam a estrela como símbolo, acusam ser golpe, quando, na verdade, é apenas uma manobra da nossa pífia constituição. Desculpa, mas não é golpe. Golpe é quando a constituição para de funcionar. Se há algo a reclamar é de como nossa constituição não parece se valer funcionar pro que ela pareceu ser elaborada pra ditar. Aos paneleiros tenho de avisar: não há luta contra a corrupção. Até porque não se pode erradicar uma característica cultural de um país. Erradicar a corrupção é uma utopia como a acabar com o futebol ou a nossa principal religião. E sim, estou envolvendo os três temas que não se "deve" colocar em discussão, porque sim, a ideia disso aqui é levantar questionamentos que não se faz há bastante tempo.
Se você chegou nesse trecho do texto, quer dizer que, minimamente, não faz parte da corrente do ódio. Existe um motivo pra que eu não tenha opinião decidida: não há unanimidade nessa situação. Me situo apenas como um individuo que tenta entender toda a informação que recebe e, na maioria das vezes, questiono a opinião do discurso. Desde que o Brasil (felizmente) começou a conversar sobre política, fiz questão de sempre propagar minha omissão de opinião, exceto para aqueles que a solicitaram de bom coração. Não é que eu não tivesse opinião, é só que eu, raramente, me senti à vontade em combater ódio com argumentos. Entendia (e ainda entendo) que estamos vivendo um momento interessante da nossa formação política: a transição da alienação política (iniciada nos anos 90 do século passado) para a ignorância. Não é aula de história, não é sequer relato da minha memória, é apenas conclusão óbvia. Hoje, somos ignorantes e isso não é de todo ruim. Um exemplo disso é o fato do país solicitar (não importa que parcela da sua população) dois processos de impeachment em 7 eleições. Se levar em conta as reeleições, é como se a cada 3 presidentes, um os brasileiros não soubessem eleger. É ignorância sim. E aqui, tenho de definir que ser ignorante não é de todo ruim, é apenas admitir a capacidade de aprender, porém, por aqui, ser ignorante soa como algo bastante negativo.

Negar essa situação é que seria maléfico. O que nos falta é educação. E não, não estou falando do ensino que recebemos pra passar em provas. Esse ensino é até interessante, mas, raramente, nos serve de alguma coisa além do que vivenciamos nas escolas. Precisamos nos educar e, para isso, é preciso buscar conhecimento. Não aquele que nos é fornecido a todo momento. Ser passivo é aceitar o que é imposto sem motivo e, por consequência, acatar as decisões de quem quiser ser ativo. Atualmente, a grande maioria dos brasileiros é passivo politicamente, elege um dos candidatos que tem chance, porque não dá pra jogar fora seu voto, certo? Discordo veementemente. Meu voto é nulo e não sinto que estou jogando ele fora. Não vou votar no menos ruim porque tenho medo do que o pior possa fazer com nosso agora. Votarei apenas num candidato que mereça minha confiança e isso vale, não só pro executivo, como pro legislativo também. Até ontem evitava falar meu voto, porque se ele é secreto, porque preciso divulgá-lo? Não é por medo, é por ter certeza que poucos entenderão minha escolhas e menos ainda não me atacarão com indignação.

Indignado fico com o ódio propagado pelas ideologias que nada tem de política. Os vermelhos vestem essa cor por se sentir minoria e pessoas que olham pelas causas sociais, concordo que fazem isso mais que os outros, mas isso não os torna justiceiros legais. Os canarinhos clamam por um país melhor, mais justo, que basta de roubalheira, quando, na verdade, são aqueles que são coniventes com a maior parte dessa má brincadeira.

Sinto que estão brincando, ou não sabem do que falam, quando escuto dizer que é um golpe. Desculpem-me, vermelhos, mas não é. A nossa constituição que deveria ter sido feita pra trazer a voz do povo de forma representativa para a câmara de forma a criar leis e legitimar a voz das ruas, nada mais é que uma fachada, pois nos últimos vinte anos, quem mais tem legislado o país é o executivo e o judiciário (através de decretos e súmulas vinculantes, respectivamente). Nossa constituição é uma concha de retalho, se você protesta contra o golpe, você, na verdade, deveria protestar contra uma constituição tão pífia e, isso sim, seria um golpe. Entende a contradição?

Contradito também o discurso canário, quando eles cospem palavras que é pelo melhor da nação, erradicar a corrupção. A nossa cultura nacional (infelizmente) foi construída alicerçada na ideia de ganhar do próximo. Contudo, não é questão de produzir mais que ele e sim de tirar o que é dele. Daí nasceu o histórico malandro, o famoso jeitinho brasileiro e o atual zueiro. Somos assim porque mais de dois terços da nossa população se originou contra sua vontade e o poder nunca esteve preocupado em ajudá-los.

Ajuda-me, aqui, nessa altura do texto, definir constituição: é o ato consciente de tomar uma atitude, previamente entendida como incorreta, para beneficio próprio. Lamento em dizer, mas você é corrupto. Quer testar? Você já atravessou fora da faixa de pedestres? Corrupto. Entende a contradição? E não adianta dizer que isso não faz mal a ninguém não, é corrupção. Enquanto não fomos educados a não tentar nos beneficiarmos do bem comum, continuaremos pensando só no um e não no todos. É nossa cultura, não dá pra erradicar (vale citar que em vários países, nem se cogita atravessar fora da faixa, só em caso fortuito e isso não é considerado benefício próprio).

Sentindo que, minimamente, desconstruí os dois grandes argumentos do ódio propagados ultimamente, finalmente, posso definir o objetivo desse texto: o que você pode fazer pra mudar nossa contexto? Parece ser bem louco, porém, agora você pode começar fazendo bem pouco: estude. Há quem vá dizer que irá fazê-lo, contudo, não o fará, porque em mais uma das falhas da nossa formação cultural, acreditamos, intrinsecamente, que os estudos são cansativos e não glorificam, principalmente em áreas que pouco nos irma melhorar. Pra quê, então, estudar politica? Simples, pra saber em quem votar. Pra não temer mais o dia que irá chegar. Estudem sobre seus candidatos, os planos de governo dele, quem sabe assim, não precisemos mais protestar contra aqueles que elegemos.

Se você leu tudo que explanei, primeiro obrigado pela paciência e por último, espero, sinceramente, que sirva de reflexão. Se você for pra rua, não carregue discurso de ódio não, chega disso, todos, mesmo que em óticas bem dispares, queremos o melhor pra nação.

2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Gostei do texto !!
    Tenho em mente o seguinte quando não sei de algo pergunto a quem entendi , sobre economia questiono quem é da área , Movimento políticos converso com quem estar ao meu alcance e possa me ajudar a esclarecer algumas dúvidas .Também tenho receio de dar minha opinião , mais como meu amigo me disse uma vez , não podemos ficar em cima do muro , no caso da política questionar de que lado da ideologia política você mais se identifica . Quando venho debater sobre algo é porque já passou do limite da passividade .
    Gosto de ouvir opiniões contrárias .
    Sales , Redebanorte.

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