quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Olhar

Olhares. Sim, começou com olhares. Não podia. Não devia. E ainda assim havia. Porque o olhar dela muito dizia. Porque o olhar dele muito queria. Porque a cada novo dia, os olhares tinham de ficar restritos apenas a simpatia.

Entre conversas paralelas, diretas e sem pé nem cabeça, os olhares não paravam de se cruzar. Era bom encarar, era bom imaginar o que ela estava pensando, talvez fosse o mesmo que ele, talvez apenas de sua companhia estivesse gostando. E ela gostava, da companhia, das palavras dele, das escritas e das ditas, todas pareciam tão bonitas, como se ele soubesse exatamente o que falar e onde tropeçar.

-Eu posso te falar algo estranho?

Como ela poderia dizer não a uma pergunta daquela? Por si só a curiosidade ansiava pela surpresa que iria ser, afinal, ele não parava de lhe surpreender.

-Eu me sinto meio tonto, é nosso primeiro encontro, mas é que parece que eu meio que já te conheço. Não sei explicar, não sei nem de onde veio esse meu pensar. É só que... Teu toque, teu cheiro, tua presença, parece que eu já conheço... Parece que tão natural pra mim.
Ela riu, como poderia não rir? Ele parecia hesitante, entre risos, beijos e toques vacilantes. Melhor calar com um beijo então. Leve, gentil, súbito, ardil e ele também riu.

O olhar, era aquele castanho, tão perto, tão certo, que fazia seus lábios tomarem a forma de um crescente luar. Sim, era o olhar, tão brilhante, meio apaixonante, que fazia ele gostar do que a vida estava a lhe brindar. Era uma noite de luar lá fora, mas os dois nem deram bola, já tinham o brilho do olhar, que encontraram entre o roçar de nariz com nariz, entre compartilhar a companhia com alguém que poderia, reciprocamente, os fazer tão feliz.

Nenhum comentário:

Postar um comentário