segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Âncora

Eu te deixei ir porque isso me fez sorrir. Não é que não fosse sentir sua falta, não é que eu não gostasse de ti, é só que era o que eu precisava naquele momento. Eu te deixei ir porque eu não sou dono de ninguém e não podia ser responsável pela felicidade de ninguém, além da minha própria, e nem sabia se realmente sou capaz disso também.

Eu vivi muito da minha vida carregando o peso e o modelo de uma felicidade que não me apraz mais, logo estava fadado a me frustrar, e quando isso acontecia, eu já não era capaz de me fazer ou desfazer em formas de te fazer sorrir, assim eu afundava demais. Afundava por não estar feliz, afundava por não te fazer feliz, eu me sentia uma âncora.

Âncora que te prendia a algo cômodo que até bem te fazia, mas não era júbilo de alegria, era só um ponto regular de um maçante dia-a-dia. Se nossa história tivesse sido vivenciada apenas em meses, poderia ser contada como um conto de fadas, porém, a realidade era feita diariamente, e apesar de tentar, não era todo dia, que eu conseguia te escrever uma poesia.
A melhor lembrança que tenho é que nós construímos tudo juntos, mesmo discordando em tantos assuntos, erguemos um amor que parecia fadado a desmoronar, embora tenha durado até a inveja alheia colecionar. Sim a gente durou o bastante pra fazeres parte da minha história e vice-versa, o bastante pra, mesmo depois de tanto tempo, ter sonhos meus em que se fazes presente, e pra me fazer sentir saudades de conversar contigo sobre qualquer coisa.

As coisas quaisquer sempre foram nossa melhor parte e hoje, mesmo tão diferente, tão distante, eu torço pra que esteja tudo bem, pra que sempre superes tudo que te encare com desdém e vá ainda mais além. Sim foi amor, e se eternizou aqui dentro, mas hoje já não é mais meu centro, é apenas um bom aposento, que mantenho guardado, quase intacto, pra observar com carinho. Como uma âncora na parede lembra o mar, estás guardada no meu peito pra me lembra do meu primeiro amar.

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