segunda-feira, 29 de junho de 2015

Cobertores

Uma chuva tímida cai enquanto você vem correndo pro meu carro. Um sorriso esbaforido, um timbre singelo, um olhar tão perspicaz e que vontade tenho de lhe abraçar com força.

-Oi oi.
-Oi oi oi - repito sorridente. Um beijo rápido, não preciso me demorar, hoje temos um tempo só nosso, pra que possamos nos aproveitar bastante. Pena que, provavelmente o bastante não vá ser suficiente.

Assim que chegamos, uma cama quentinha nos aguarda, junto a um mar de cobertores pra gente se afogar; um filme a toa; sua companhia boa e o tempo rapidamente voa.
Dormimos. Acordamos juntos, papeamos sobre quaisquer assuntos, sempre num agarradinho tão bonzinho, sempre no melhor tipo de carinho.

O frio nos deixa mais colados e eu não resisto a vontade de mapear seu corpo com meus lábios.
Sua pele, de porcelana delicada, se arrepia às minhas mordiscadas;
Seus lábios doces como mel, hipnotizam-me mais que encarar um azulado céu;
Seus olhos castanhos, despertam em mim esse sentimento estranho, como uma gravidade que me faz querer encará-los o tempo todo;
Suas tantas formas de sorrir, fazem-me querer enumerá-las, filmá-las e fotografá-las, porque minha memória não é um lugar seguro o bastante, pra armazenar imagens tão delirantes.
Tem algo no jeito que o seu cabelo cai sobre o rosto que me transborda um bom gosto, mesmo quando pausamos um beijo pra ajeitá-los, principalmente quando fico tocando neles, só por acariciá-los. Adoro vê-la engatinhar pro meu peito, como se fosse um travesseiro, e encaixa perfeitamente bem. E ai eu me percebo bobo, mordo meu beiço, rindo comigo mesmo.
-Que foi? - algumas vezes você indaga.
-Nada, nada - eu sacudo a cabeça e lhe tomo mais um beijo. Um dos tantos tão bons. A gente se encara. Fica em silêncio, porque as vezes a falta de palavras diz tanta coisa mais, e nos brinda com essa paz, que você me traz. É incrível demais isso que a gente se faz. Eu tento pensar em palavras, mas elas me fogem, como toda e qualquer preocupação que eu tenha quando estou ao seu lado.
É que, já percebi faz tempo, o que há de especial na gente: temos essa ideia de aproveitar o momento, sem demora, até porque o agora, é a melhor hora; partilhamos dessa aura boa que só existe por sabermos que o presente é o melhor tempo de se viver, e assim vamos seguindo, aproveitando o que há de se aproveitar, em lembranças que gosto de pensar, que da minha mente não vou jamais apagar, porque elas são como os cobertores que podemos nos afogar: são excelentes de visitar quando a saudade ou o frio, vierem repentinamente a chegar.

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