-Oi oi.
-Oi oi oi - repito sorridente. Um beijo rápido, não preciso me demorar, hoje temos um tempo só nosso, pra que possamos nos aproveitar bastante. Pena que, provavelmente o bastante não vá ser suficiente.
Assim que chegamos, uma cama quentinha nos aguarda, junto a um mar de cobertores pra gente se afogar; um filme a toa; sua companhia boa e o tempo rapidamente voa.
Dormimos. Acordamos juntos, papeamos sobre quaisquer assuntos, sempre num agarradinho tão bonzinho, sempre no melhor tipo de carinho.
Sua pele, de porcelana delicada, se arrepia às minhas mordiscadas;
Seus lábios doces como mel, hipnotizam-me mais que encarar um azulado céu;
Seus olhos castanhos, despertam em mim esse sentimento estranho, como uma gravidade que me faz querer encará-los o tempo todo;
Suas tantas formas de sorrir, fazem-me querer enumerá-las, filmá-las e fotografá-las, porque minha memória não é um lugar seguro o bastante, pra armazenar imagens tão delirantes.
Tem algo no jeito que o seu cabelo cai sobre o rosto que me transborda um bom gosto, mesmo quando pausamos um beijo pra ajeitá-los, principalmente quando fico tocando neles, só por acariciá-los. Adoro vê-la engatinhar pro meu peito, como se fosse um travesseiro, e encaixa perfeitamente bem. E ai eu me percebo bobo, mordo meu beiço, rindo comigo mesmo.
-Que foi? - algumas vezes você indaga.
-Nada, nada - eu sacudo a cabeça e lhe tomo mais um beijo. Um dos tantos tão bons. A gente se encara. Fica em silêncio, porque as vezes a falta de palavras diz tanta coisa mais, e nos brinda com essa paz, que você me traz. É incrível demais isso que a gente se faz. Eu tento pensar em palavras, mas elas me fogem, como toda e qualquer preocupação que eu tenha quando estou ao seu lado.
É que, já percebi faz tempo, o que há de especial na gente: temos essa ideia de aproveitar o momento, sem demora, até porque o agora, é a melhor hora; partilhamos dessa aura boa que só existe por sabermos que o presente é o melhor tempo de se viver, e assim vamos seguindo, aproveitando o que há de se aproveitar, em lembranças que gosto de pensar, que da minha mente não vou jamais apagar, porque elas são como os cobertores que podemos nos afogar: são excelentes de visitar quando a saudade ou o frio, vierem repentinamente a chegar.