quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Some

-Some.

O coração dela estava apertado por digitado aquilo. Por que o fizera então?
Porque estava indo tudo como um trem desgovernado.
Ele aparecera pra ela de forma tão súbita, com tanto tudo em tão pouco tempo, que a acertou em cheio e a tirou dos trilhos. Ela tentou correr, tentou se esconder, mas cada novo dia, significava um novo assunto iniciado e seu rosto era tomado por um riso escancarado. Não deveria ser tão fácil assim, foi o que ela jurou pra si mesma. Um beijo forte, um apertão e mesmo assim ele ainda mantinha aquele olhar abobalhado. Pelo menos parecia ter sido o suficiente para nocauteá-lo na noite passada. Mas não fora o suficiente agora que ela estava em casa, trocando mensagens com ele. Tinha que parar aqui. Tinha mesmo? Tinha. Então melhor mesmo ter enviado a mensagem. No dia seguinte ela nem lembraria de tudo aquilo mesmo.

Jogou o celular pra longe e se encobriu embaixo das cobertas. Respirou fundo. As músicas que ele mandara eram visitadas todo dia. Ela não sabia, mas sempre lembrava dele. Não percebera ainda, mas ele já fazia parte da sua rotina, desde o bom dia no raiar das manhãs, até as conversas bêbadas de sono nem um pouco sãs.

O sono veio rápido e por ser leve, com simplicidade foi quebrado quando o telefone tocou. Atendeu no automático. Era ele. Não queria ter atendido.

-Oi.
-Desce aí.
-Como assim?
-Só desce uai, estou aqui na frente.

Ela achou que tinha sido clara. Como foi que ele não entendeu? Deveria descer. Existia um motivo pra não descer? Descendo então.
Lá estava ele com um grande sorriso. Ela ficou confusa. Com o que tinha dito, com o que estava sentindo.
-Obrigado.
-Pelo quê?
-Por isso - e ele mostrou a ela a mensagem no celular.
-Mas eu pedi pra você...
-Somar - ele riu e a beijou - então aqui vai: somar nos beijos - e beijou cada centímetro que ela pensou ter no rosto - somar sorriso - e exibiu mais uma vez aquele sorrisão bobo - somar nos abraços - e a agarrou pela cintura, retirando-a do chão com uma facilidade que não deveria existir - somar nesses momentos bons da gente.
-Somar e ser diferente. - ela concordou divertida. Por que não estava surpresa com aquela interpretação? Ele sempre a surpreendia.
-Diferente é? Espero que seja um elogio.
-Shh... Não espera nada. - ela falou puxando-o pra perto, fazendo os olhos deles ficarem tão próximos um do outro que era capaz de ver o brilho dos seus refletidos nos dele.
-Não mesmo! Você tá certa de novo! Sem esperar, não gosto de aguardar... Gosto de viver o que é de hoje... O que é pra já.

Ela o beijou. Uma. Duas. Três. Cinquenta vezes, e quando parou, tratou de falar enquanto tentava gravar de forma permanente na sua memória aquele sorriso incrível.
-Já.

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