segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Dança

Dei o melhor de mim para perceber que era a trajetória que deveria ter sido aproveitada e não apenas o destino. Foi entre passos trôpegos, lúcidos e não-dançados que cruzei uma linha alcançada por poucos, talvez por isso chamam-me de louco, não me importo, o que tenho de torto, eu tenho de livre.
Sim livre, pra entender que esse estado de rendição em que me encontro, nada mais é do que o melhor ponto, entre a gentileza e o nervosismo de alguém que não tem certeza de nada, e que, ao mesmo tempo, não procura uma resposta acertada. Então sim, eu fechei os olhos, limpei o coração e cortei todas as cordas que me prendiam a pesos desnecessários. Eu segui em frente, aceitei o diferente e ainda aproveitei pra fugir da rotina, pra me fazer presente nos momentos de sol nascente e poente.

Hoje eu sou apenas um humano, não mais alguém que procura, muito menos alguém que usa os pés para caminhar, não, não, hoje eu sou alguém que usa os pés pra dançar. Foi aí, que você pisou no meu pé e eu ri disso.

-Olha, eu não sei dançar.
-Eu também não - você respondeu gargalhando. Sim, aquela que seria a primeira de tantas gargalhadas compartilhadas.
Entre tantos momentos partilhados, talvez sejam bom a gente tentar dançar junto. Sim, eu gostaria disso, porém por mais que seja um deleite lhe ter comigo, ainda sinto minhas mãos ficarem geladas entre os batuques do meu peito, tanto que é como se eu estivesse de joelhos, com o semblante todo vermelho, queimando todo o rosto, totalmente exposto, a esse seu sorriso que parece carregar a resposta pra tudo. Sim, é difícil me concentrar na dança, enquanto estou encarando seu olhar que vem de baixo pra cima, nas minhas ideias faz tantas rimas, e me põe de cima pra baixo.

Todo dia agradeço com respeito devido às virtudes que me trouxeram até aqui, sejam elas personificadas ou não; todo dia envio condolências, sempre que posso ou lembro, aos que me foram e ainda são bons, em cumprimentos de alma e palavras escritas que se tornar-se-ão romances. Sim, sou todo grato àqueles que me fizeram quem eu sou, e que me tornaram esse meu eu melhor. Por isso que o ponto atual é o de saciedade espiritual e assim sigo devotando desejos positivos pra todos que me fazem mais vivo, e não poderia ser diferente com você ou com o tanto que já consegui aprender no pouco que a gente se deixou viver.

É incerto? Sim, somos humanos. E a melhor parte disso é que podemos deixar essa resposta escondida, por perto, enquanto dançamos. Não precisamos saber essa informação pra agora. Não, melhor ir com calma.

Sei que às vezes assusta. Às vezes não é o que planejamos, mas é aí que reside a beleza das possibilidades, do inesperado, que esbarra na gente e rende sorrisos tão felizardos. Então, por favor, não se preocupe, não há de errado com seu sistema. Lembra do que eu lhe disse, logo do começo?

-Deus abençoa, quem tem aura boa.

Talvez seja isso. Seja Ele lhe sorrindo e dizendo que você está pronta pra dançar novamente. Uma possibilidade tranquila, nem pelo que foi, bem pelo que será, uma dança pelo que já é.

Assim, deixa eu esclarecer uma única certeza: não precisa ter pressa não, nossas gargalhadas compartilhadas já são nossa melhor canção, e a dança, bem, a nossa dança não tem de ser uma perfeição, tem apenas de ser o que já é, de ser capaz de alegrar coração.

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