segunda-feira, 9 de novembro de 2015

De Segunda

Seus olhos, turvos,
Encaram os meus,
Seus lábios, curvos,
De graça, quase ateus,
Não creem em nada,
Além do que são,
E como o são.

Eu me seguro,
Não penso no futuro,
Apenas estou enfadada,
Do que dizem pra eu ir,
Do que dizem preu sorrir,
De você não estar aqui,
Onde você foi?

Não deveria ter depois,
Eu sei, sempre foi assim,
Mas eu queria nós dois,
Ainda lhe quero em mim,
Dentro, fora, antes, agora,
Ligado, rindo, falando,
Simples e me encantando.

Contudo sumimos,
Eu encontrei uma maneira,
Olhar apenas o dia presente,
E é como se não tivesse vida,
Como se, após sua partida,
Ainda fosse segunda-feira.

O amor não deveria ser morrer,
O amor não deveria ser segunda,
O amor não era pra ser dor profunda,
O amor era pra enriquecer,
O nosso amor era eu e você,
Era de alegrar, de espairecer,
Era de dançar, de se manter.

Seus olhos, tão castanhos,
Encaram os meus,
Seus lábios, tão estranhos,
Distante, quase ateus,
Não dizem nada,
Exceto o que são,
Que não querem meu coração.

Às vezes queria lhe encontrar,
Porém não há palavras para chamar,
Hoje a noite chora, você nem desconfia,
O que nos resta agora, nem é nostalgia,
É um sentimento derradeiro,
Tão ou mais desnecessário,
Como uma segunda-feira em janeiro.

É, eu tive que desistir,
Aprendi a lhe deixar ir,
Entendi como voltar a sorrir,
E ainda estou aqui, porque sim,
Ainda busco o amor no fim.

O amor que virá não há de morrer,
O amor que virá não ficará na segunda,
O amor que virá já me inunda,
O amor que chega vai me enlouquecer,
Diferente do que havia entre eu e você,
Será de dançar, de se fazer valer,
Será de alegrar, e há de se manter.

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