terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Divagações de Tôp XVII - Pescador

Caminhando pelos mangues,
Mergulhando nos açudes,
Sempre pensativo,
Sigo como pescador de histórias.

Sou a reunião das memórias,
Daqueles que não tem voz,
Os que vivem sem viver,
Que nasceram pra morrer.

Os esquecidos pela sociedade,
Que são a ralé da cidade.
São eles que eu sou.

Não sei pra onde eu vou,
Só sigo vivendo,
E aos poucos aprendendo.
A cultura popular,
É que faz o meu o pensar.

Vivo sempre à deriva,
Sem me importar onde quer que eu viva,
Vou sempre ter uma ideia boa,
As complicações sempre tem saída.

Vejo todo dia reflexos no rio,
De um pobre coitado,
Que estava apaixonado,
E se iludiu acreditando na reciprocidade,
De um sentimento que não tem piedade.

Vivo a pescar todo dia num rio de escuridão,
Onde já não há esperança,
De resgatar nenhuma lembrança,
De felicidade do meu coração,
Que foi destruido por uma amorosa ilusão.

Pescador é assim mesmo,
Ninguém acredita nele.
Ninguém aceita nada dele.
Esse sou eu,
Mas um pescador da vida.

Queria poder ajudar meus irmãos,
Os que sofrem sem opção.
Eu sofro porque errei,
E nem ao menos tentei,
Concertar tais erros.

Já as pessoas que tento ajudar,
Eles não tem do que reclamar,
Tudo sempre foi assim,
Injusto... Sem futuro.

Já pra mim não.
Se hoje estou na escuro,
É porque deixei escapar o carmesim,
Deixei muxar o amor e a jasmim,
Por isso não sinto pena de mim.

Não quero auxilio de ninguém,
Só anseio que um outro alguém,
Entenda a dor dos nossos irmãos,
Que não tem oportunidade,
De vislumbrar a tal da felicidade.

Ajudem-nos, um ato de benevolência,
Não vai mudar sua vida em nada,
Mas irá mudar a vida deles,
Que nunca tiveram nada.

Quem sou eu?
Já fui poeta sonhador,
O palhaço chamado Pierrot,
Hoje sou só um iludido pecador.

Que chora por não pôr cor,
Na vida de quem realmente,
Sente a mais famigerada dor,
Aquela que não some,
O monstro chamado fome.

Bruno Tôp

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