sábado, 18 de julho de 2015

Sustenta

-Tu tem um sorriso bom.
-É?
-É, desses que o azul vem com.
-Azul?
-É, tipo o do mar... Eu sempre fui desses que adora a sensação o mar.
-Mas de onde veio isso? De mim pro mar?
-Não sei, é a sensação que seu sorriso associou na minha mente.

O olhar dela era perdido, aturdido. Ele era diferente, de um ar divertido, quase como se já soubesse que, às vezes, ela tinha vontade de um papo bom, leve, que nada se deve, só se faz acontecer... Até parecia que ele já sabia o que era pra se dizer.

-Eu também gosto do azul.
-Por causa do mar?
-Também, mas é mais por causa do chão.
-Chão?
-É.
-Mas o chão não é azul.
-Não, chão é azul não.
-Então...
Agora o olhar dele era o divertido, todo surpreendido. Ela era interessante, de uma aura querida, provavelmente já sabendo que, raramente, ele deixava uma reticência sem um entediamento em construção... Como se de alguma forma, ela arquitetasse a forma de lhe passar alguma informação.

-Pra entender você só tem que olhar as coisas de um jeito diferente...
-E?
-E aí você percebe que é o Céu quem sustenta o chão.
-O Azul do céu?
-Exatamente esse.
-Sim, sim, o Azul dos risos, tipo do seu sorriso.

E eles riram.
Riram.
Porque mesmo sem falar, eles pareciam partilhar duma peculiar conclusão: é de riso que se faz a vida azul. É de riso que se faz a vida céu. É de riso que se sustenta o chão. É de riso que se sustenta coração. Basta olhar diferente, ter fé e aura boa, que Deus abençoa, o riso, o céu, o chão e coração.

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