quarta-feira, 15 de março de 2017

Valente

Eu quero alguma liberdade,
Num mundo tão líquido,
Porque egoísmo é maldade?
Sempre tentam me rotular,
Porém sou seco no úmido,
Sou um paradoxo de irritar.

Gosto de pensar que sou valente,
Pois se esbanjo premissas diferentes,
É porque vivo apenas no presente.

Cada dia, uma nova dor de cabeça,
Cada envolvimento, um coração partido,
Pode soar falta de sentimentos,
Mas construir amor peça por peça,
Me soa como tempo perdido.

Sou velho demais pra aceitar,
Sou novo demais pra aguentar,
E meu afeto, ele vem e vai,
Meu interesse se planta e se esvai.

Pois os males que já fiz tanto,
Me fazem cogitar tatuar no peito:
"Eu tenho alma, mas não sou santo",
Quem sabe isso não dá um jeito,
De eu magoar menos pessoas?

A verdade é: não quero mudar meu nó,
Já tenho bem amarrada minha convicção,
As coisas são como já são,
Mesmo achando que vou ficar só,
Não sinto que isso é perder não.

Nenhum comentário:

Postar um comentário