domingo, 27 de julho de 2008

A História de Desejo

Naquela outrora nova estrada
Agora enlameada e esburacada
Nasceu mais uma filha de eva
Essa abandonada pelas trevas.

Mais uma filha do sol e da terra
Que apesar de ter direito, nunca berra
Sempre calada, aceitando as dificuldades
Parecendo até deter uma certa imunidade
Porém só aumentava sua intíma sofridade

A vila não lhe deu um nome
Com esperanças que a fome
Levasse embora aquela garota magra
Cheia de uma beleza invejável
Mas que para os outros era uma praga
Porque notaram nela um mostro insasiável

Só que como as tríades do destino
Tecem tudo e todos a pente fino
Um dia eis que presenciou um acidente
Viu como era horrível o sangue a jorrar de gente
Mas estranhamente sentiu-se alegremente

Cambaleando, a filha de eva com a vista turva
Enojada pela cena viu naquela ingréme curva
Daquela estrada feia e odiosa
Uma visão um tanto quanto esplendorosa

Ali no meio dos destroços resultantes
Estava uma bolsinha com os famosos diamantes
E numa chamada da deusa Hera
Sentiu despertar em seu peito uma fera
A que por coincidente do destino manejo
Deu-lhe mais tarde o nome de Desejo

Desejo, ela que finalmente triunfou
Quando aquela estrada podre abandonou
E logo depois achou seu destinado filho de Adão
Um homem imponente chamado de Ambição

Pouco tempo depois geraram uma cria
Uma prole que com seus olhos viveria
E que ainda na tenra infância
Matou os pais com ousadia
Essa é história de Desejo
A mulher que num relampejo
Se tornou a mãe da criança chamada Ganância.

Bruno Tôp

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