terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Divagações de Tôp XIII - Ressaca da Vida

Descobri que sou um poeta de ressaca,
Que não precisa nem do martelo nem da estaca,
Eu consigo esculpir com as mãos nuas,
Consigo esculpir poemas de qualquer jeito,
Desde que eu tenha sentimento no peito,
Assim como o mar ama a lua.

Sempre prometo que vou mudar,
Que vou deixar a ressaca passar,
Mas quem disse que ela vai embora?
Ela fica dentro de mim a toda hora.

Não adianta fazer nada,
Essa ressaca é de alma apaixonada,
Não passa assim tão depressa,
Ela só acaba depois que a gente se confessa.

Não tentem entender se você nunca amou,
Essa ressaca é só para quem já se apaixonou,
E para quem já se sentiu inseguro,
Para quem não sabia se o amor tinha futuro.

Não tente ser algo que você não é...
O amor desmascara a pessoa da cabeça ao pé.
Esse sentimento é o mais doloroso,
Mas também é o mais gostoso.

Impossível viver sem tentar o amor,
É o mesmo que um cozinheiro não tentar o sabor.
Um pintor não experimentar da cor,
Um jardineiro não plantar flor...

Aprendi que o destino é irreversível,
E que tudo que acontece é previsível,
Mas não por isso deixa de ser surpreendente,
O jeito como o fluxo muda de repente,
E de uma hora pra outra o sorridente,
Encontra uma tristeza a sua frente.

Bruno Tôp

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