quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Como As Estrelas


           -Olhe pras estrelas – Zooey apontou o céu quando ele voltou de sua cabine com lágrimas nos olhos, estivera falando com o pai no telefone. – conte vinte e uma estrelas e faça um desejo.
            Ele assentiu e fez o que ela mandou.
            -O que pediu?
            -Quer saber mesmo?
            -Não, tem que ser segredo – ela riu de si mesma – elas parecem brilhar pra você.
            -Elas brilham por tudo o que você me faz.
            Os dois se encararam e sorriram, partiram o pequeno bolo que ela conseguira comprar num supermercado que ficava a vinte minutos de caminhada de onde o barco estava. Tinha sido um bom esforço.
            -Vinte e um...
            -E você é idiota com quando tinha oito anos.
            Os olhos azuis que a encaram estavam serenos como a água do mar numa calmaria.
            -Você acha?
            -Não, só implicância... Você sabe...
            -É... – ele meneou a cabeça – acho que progredi tanto... E foi tudo graças a você.
            -Como assim?
            -Sei lá, você me ensinou que o desapego é bom, mas que aproveitar a companhia alheia é tão melhor.
            -Foi?
            -Foi, tudo de um jeito tão amarelo.
            -Amarelo? – ela não entendeu a última parte.
            -Tudo tão iluminado pelo sol... Sabe eu projetei sonhos e metas, e ultrapassei tudo com louvor...
            -Metido.
            -Por sua causa... – ele continuou como se ela não tivesse interrompido – você me é muito preciosa.
            -Eu sei, sou sua melhor amiga.
            -Uma amiga eterna – ele acrescentou – se você não viesse comigo pelo oceano, acho que levaria o oceano até você...
            -Você está soando confuso demais.
            -É o conhaque – ele sorriu abobalhado. Havia bebido quase um quarto de uma garrafa de conhaque que descobrira no cofre do veleiro, presente pai e da irmã – sua pele é amarela...
            -Agora está ficando vermelha de tanto sol – a garota replicou se aproximando – me dê esse copo.
            -Só se você me der isso – e a puxou para um beijo intenso, ela resistiu e depois se deixou levar.
            -Feliz aniversário – disse se afastando dele – agora precisa dormir.
            -Preciso?
            -Precisa...
            -Ok – ele se levantou obediente – mas saiba que são como as estrelas...
            -O que?
            -Seus olhos... Amarelos e brilhantes como as estrelas... Que me guiam, as minhas estrelas. – e com um sorriso débil ele foi até sua cabine.

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