quinta-feira, 27 de novembro de 2014

As Palavras Que Eu Gostaria de Dizer Todos os Dias (Ode Aos Meus Pais)

Sinceramente eu nunca entendi o motivo de eles fazerem tudo o que fazem por mim. Quantas vezes eles sacrificaram seu bem-estar apenas para maximizar o meu? Quantas vezes eles se dobraram e desdobraram pra realizar um reles capricho meu? Eu nunca entendi o real motivo de todo o empenho deles. Eu entenderia se fosse só o amor, mas o que me foge a compreensão é o que os motiva.

Sério, eles me amam desde que eu nasci, provavelmente, mas nunca tiveram motivo para fazê-lo. Eu nunca fui o mais bonito, atlético, esforçado, gentil ou inteligente – até tinha o raciocínio rápido, mas era uma sagacidade tênue que podia ser facilmente sobrepujada por qualquer um que você esperto o suficiente para perceber as falhas nas minhas histórias – e mesmo assim eles me amaram, admiraram e encorajaram como se eu fosse um alguém especial. Ah bem verdade é que eu nunca tive uma grande qualidade que me fizesse me destacar perante as outras crianças da minha idade, ou até dos meus irmãos – eu tinha o raciocínio rápido, mas eles eram mais esforçados, inteligentes e pareciam ter talento natural para varias habilidades que eu, aparentemente não tinha aptidão – então o que me restou foi usar aquilo que me ensinaram desde cedo a fazer: me comunicar. Eu não sei quando aprendi a falar, mas acredito convictamente que tenha sido o mais cedo possível que meu cérebro conseguiu raciocinar o suficiente para isso, afinal, eles sempre falaram muito; falaram tanto que eu senti necessidade e vontade de me comunicar, e aí desde cedo eu desenvolvi a minha grande qualidade que é saber falar. Com o tempo, eu aprendi a escrever e a expressar melhor meus pensamentos e meu raciocínio rápido, e assim, enquanto crescia, apesar de não ser destaque em nada, consegui me livrar de ser um Zé ninguém da vida. Eu tinha uma voz que se fazia ser ouvida e considerada desde cedo, e a partir dessa virtude eu construí meu caráter.

Entretanto, como eu, infelizmente tenho de confessar, eu tenho muitas falhas e, talvez, a maior delas seja eu ser ingrato: tanto que isso que escrevo hoje, eu já deveria ter dito antes, todos os dias da minha vida, por tudo que eles já fizeram por mim, mas eu não o fiz.  Minha cabeça funciona de uma maneira estranha, e assim, eu decidi falar isso hoje: agradecer por tudo que eles já fizeram por mim, desde os mimos mais banais como preparar meu jantar ou me trazer um copo d’água, até financiar e incentivar meus sonhos (mesmo quando eles não concordavam que era o melhor pra mim); então aqui vai: obrigado Pai por tudo, eu te amo. Obrigado Mãe, por tudo, também te amo.

Eu sei que todos os filhos na terra vão dizer que são gratos aos seus pais pelo que eles lhe deram e tudo o mais, porém eu não sou grato a vocês por isso exatamente; sou grato a vocês por quem eu sou – embora eu não saiba dizer se eu sou um alguém bom e digno de lhes dá orgulho, eu acredito que eu seja uma pessoa que não é um fracasso completo e que, na maioria do tempo eu até gosto bastante de mim mesmo, logo no geral o saldo é positivo quando faço uma auto-avaliação de quem eu sou – e por tudo que eu ainda vou ser. Os valores que vocês me passaram – mesmo aqueles que eu discordei, briguei e até ignorei – estão todos lapidados em quem eu sou e, muito provavelmente, serão aqueles que eu vou repassar pros meus filhos, se um dia eu for pai.

Vocês tiveram sucesso em me trazer ao mundo e me levar até aqui, onde estou hoje. Obviamente que vocês já poderiam ter me largado na jornada da vida, pois já me deram o suficiente pra eu trilhar meus próprios vôos e trilhas por mim mesmo, porém vocês são intrometidos e carentes demais para me deixar ir não é? E eu amo vocês por isso. Sei que na maior parte do tempo aparento odiar essa característica intrusa de vocês, mas a bem verdade é que, no fundo do meu ser, sou extremamente carente e não sei o que faria se não tivesse vocês como meus alicerces.

Eu nunca disse isso, porque nunca quis soar piegas ou deixar que esse elogio lhes subisse a cabeça, mas eu considero vocês pessoas maravilhosas e sensacionais. Vocês são, acima de tudo, vencedores de uma jornada tão complexa e cheia de percalços que eu nem consigo começar a citar cada parte que eu admiro. Vocês apanharam, choraram, pensaram em desistir, sorriram, triunfaram, se amarguraram e suaram de uma forma que eu não me imagino conseguir, e tudo isso apenas pra fazer bem a mim e aos meus irmãos – esse é mais um dos tantos motivos dos quais eu sou tão grato a vocês, e que, por consequência me faz amar e admirar tanto vocês – e nos dar um exemplo de como a gente deveria viver nossa vida. Então, deixa eu repetir mais uma vez: vocês são phoda – com PH mesmo de PhD, que é o titulo de Doutor em inglês – vocês são muito mais que eu acho que eu deveria merecer, são muito mais do que acham que são, e cada um é uma pessoa incrível que eu vou admirar como heróis pro resto da vida. Vocês são meu exemplo de vencedores e minha meta.

Acho que eu consigo falar isso hoje, porque cheguei numa idade que a admiração por vocês se tornou mais que amor e já transborda amizade. Sei que sou fechado e omito os detalhes da minha vida, numa tentativa vã de não exibir pra vocês todas as falhas que acho que cometo o tempo todo. É vergonhoso admitir isso, mas muitas vezes eu penso que deveria ser um filho melhor pra vocês, então me desculpem por isso: por não ser melhor do que sou e por me sentir culpado disso – sei que isso deve ser chato de ouvir do filho que vocês investiram tanto.

As palavras que decidi escrever aqui vieram de súbito, sem nenhum motivo aparente, apenas como uma ideia de agradecer a vocês. Agora que penso, acho que combina com o dia de hoje, que é dia de ações de graças. Então deixe que seja: hoje eu estou agradecendo a vocês por tudo: pela minha vida, pela minha personalidade, pelas minhas conquistas, pelas minhas falhas, pelos meus vícios, pelas minhas virtudes, pela minha história, pelo meu futuro e pelo meu presente. Vocês são muito mais do que eu desejo ter e ser como pais e se, um dia, quando eu for pai, torço pra que consiga realizar, pelo menos, metade do que vocês realizaram por mim, porque aí saberei que fui um excelente pai.

Espero – por mim mesmo, porque tenho um orgulho próprio voraz a saciar – que eu ainda dê muitos motivos para sorrirem, que eu alcance todo o sucesso do mundo que vocês desejam pra mim – sei que não é pouco, nem mensurável – e que eu possa dividir os espólios dessas façanhas. O que eu mais quero é dar resultados a todo o investimento que vocês tiveram em mim, e, apesar de não gostar de que vocês criem expectativas sobre mim, pretendo superá-las em muito; pretendo ser uma pessoa digna – mais do que já sou – de ser chamado de filho por vocês.

Por último, gostaria que vocês não se sentissem culpados por nada que tenha dado errado na minha vida e na dos meus irmãos: por mais atenciosos e incríveis pais que vocês foram, a verdade é que vocês são humanos e não podem ser oniscientes e onipresentes. Acho que essa é a verdade que nenhum pai gosta de aceitar: seus filhos estão sujeitos a provações que só cabem a eles, e nada que os pais façam pode interferir nisso.


Assim, eu encerro essa declaração estranha com as três palavras mais importantes do vocabulário humano e que, desde cedo, vocês souberam me ensinar o que significavam e a quem rogá-las, – Tenho Ótimos Pais, e esse é o motivo de ter tatuado T Ô P no braço. HAHA, brincadeira – as três palavras são: Eu Amo Vocês.
À Antonio Carlos Alves de Moura e Christiane de Melo Moura, meus pais, meus heróis, meus ídolos, minha meta, meus alicerces, mecenas, apoiadores, investidores e inspiração.

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