quarta-feira, 16 de julho de 2014

500 Days Of Bacon

Ela é meu Bacon e hoje fazem 500 dias em que, num domingo à noite, assistindo a 85ª cerimônia do Oscar e ao presenciar a divertida Jennifer Lawrence tropeçar na escadaria a caminho de ir buscar sua primeira estatueta, senti minhas mãos se encharcarem e minha garganta se fechar, senti um nervosismo que não dava pra controlar. Eu deveria estar confiante, a idéia que me veio à cabeça naquele momento não era uma novidade, vinha permeando minha mente a exatos 29 dias, desde que, no meio de um bloco de carnaval, eu encontrei aqu’Ela pessoa tão exuberante. Foi naquela noite que fiz um pequeno pedido simplório, um pedido tão igual ao que tantas pessoas já fizeram e devem estar fazendo nesse exato momento ao redor do mundo, mas que, diferente de todas essas pessoas, o meu pedido foi um marco na minha vida, um marco pra minha vida se tornar algo mais que só um viver por viver.

Naquela noite, 500 dias atrás, eu tive a coragem de pedir Ela em namoro e a resposta positiva seguida de uma rápida negativa divertida só pra me deixar ainda mais nervoso, vem nos fazendo tão feliz ao longo desse período de tempo que eu, mesmo me considerando um bom escritor, não sou capaz de exprimir em palavras. 500 dias de sensações indescritíveis, 500 dias que mudaram meu eu de uma forma que eu nunca esperei mudar.

A bem verdade é que quando eu penso em 500 dias, a primeira coisa que vem a minha mente é aquele filme maravilhoso com a Zooey Deschanel (Summer) e o Joseph Gordon-Levitt (Tom), em que ele, apesar de se considerar um cara comum, é feliz consigo mesmo, principalmente ao conquistar uma garota maravilhosa, que apesar de não acreditar no amor verdadeiro, parece gostar dele. Durante todo o filme, nas idas, vindas e loops cronológicos que o filme dá, senti que eu gostaria de ser o Tom e, principalmente, gostaria de encontrar uma Summer pra mim, isso até chegar aos 30 minutos finais do filme quando fica claro que ele não foi capaz de fazê-la se apaixonar por ela como ele se apaixonou por ela. Não a toa eu me inspirei nesse filme para escrever um dos meus romances preferidos (Imersa no Azul), mas essa é uma parte que quero contar depois. Ainda sobre o filme, eu sempre me senti meio que como o Tom, meio perdido na vida, a procura de um amor que tornasse tudo mais aprazível, e eu sei que dei o passo primordial para torná-lo real 500 dias atrás com um singelo pedido de namoro, e que aquela pessoa que estava na minha frente não era uma Summer e sim todas as quatro estações juntas num só ser; além disso, não foi coincidência descobrir, algum tempo mais tarde, que ela também adorava esse filme.

Sendo bem franco, os primeiros 100 dias foram bem fáceis, foi uma época em a novidade torna tudo agradável e existem tantas fronteiras a explorar que dificilmente se chega num impasse ou numa rota de choque; mas isso passou como tinha de passar e aproveitamos ao máximo possível, com uma sorte que até hoje me surpreende: nosso momento de vida era basicamente simétrico e se não bastasse morarmos a uma esquina do outro, ainda consegui um tipo de estágio que me propiciava encontrar com ela diariamente no ônibus a caminho de nossas casas. Conhecê-la foi bem interessante, ela tinha camadas e mais camadas que eu nunca tinha visto ninguém ter, exceto eu mesmo; mas ao mesmo tempo que éramos tão parecidos, nossas divergências eram extremamente polares.

No período entre o 100º até o 300º essas divergências se tornaram latentes e criaram algumas situações pontuais difíceis de contornar, porém éramos compromissados com nossa própria felicidade acima de tudo, conseguíamos ver que sozinhos podíamos sim ficar bem, mas que juntos estaríamos mais que bem e assim optamos por nunca cogitar em desistir. Superamos brigas e desentendimentos, nos adequamos aos poucos as expectativas e gostos um do outro, tentando sempre não abrir mão da essência que nos tornara quem nós éramos. Me atrevo a dizer que em alguns dias desse período nos sentimos perdidos com problemas exógenos, mas foi no conforto um do outro que pensamos em seguir em frente. Foi nessa época também que, graças a influencia dela, eu tomei coragem para me graduar e mais ainda, eu pude concluir meu sonho de ler, revisar e finalizar um livro de 500 pgs (11 romances interligados) que vinha escrevendo desde os 17 anos. Hoje, no 500º dia de namoro, sei que se não fosse Ela, não teria conseguido nada disso da forma como consegui, que a capacidade dela de me influenciar, me guiar e, acima de tudo, de me ensinar, me tornaram uma pessoa melhor.

A partir do 300º dia, chegamos num fase adversa: de altos e baixos extremos. Já nos conhecíamos muito bem afinal, conhecíamos os trejeitos, as manias, defeitos, vícios e virtudes um do outro e já havíamos aprendido a lidar com a maior parte deles, por isso quando a felicidade acontecia, era plena, mas quando uma discordância se acendia, era como se nossa relação se envenenasse. Tivemos dias de cabos de aço e de fios de nylon, nos ligando um ao outro, e mais uma vez, optamos por ficar juntos, porque era o mais sensato, porque era o mais confiável, porque a grande verdade é que não conseguimos olhar um pro outro e deixar de lado a possibilidade do futuro que vínhamos planejando desde o primeiro dia que nos conhecemos. Esses dias tão extremos nos fizeram mais íntimos e mais próximos e acredito que a partir daí passamos a entender quem era um a outro realmente, como ainda não tínhamos antes. Essa ligação que despertou aí, eu nunca tive com mais ninguém, e até hoje me deixa com um frio na barriga, por tudo que já vivenciei na vida, mas que estranhamente, n’Ela eu sei que posso confiar e que vai ser diferente.

Quando o 350º dia chegou, nossos votos já haviam sido renovados e desde então estamos nessa fase tão deliciosa de aproveitar o máximo possível cada tênue momento que conseguimos ter juntos por ser um escape das nossas rotinas pessoais tão atarefadas. Ela é minha fuga, meu aconchego e meu sonho; e acredito ser exatamente o mesmo pra Ela. Passamos pelo dia 400 sem nem mesmo nos recordarmos das datas de mês, passamos a aproveitar cada dia como se fosse único, isso quando não estávamos abusados com a rotina e nem mesmo a companhia um do outro parecia resolver. Chegamos num ponto engraçado de relacionamento que vejo raríssimos casais chegarem: o da intimidade continua e auxiliadora, aquela situação em que nada pode ajudar, mas a presença de um único ser pode trazer um auxilio... Ela se tornou um ponto lúcido em tantas dúvidas existenciais... Ela é muito mais do que eu achei que poderia achar na vida ou merecer. A influencia dela transborda pra todos os aspectos da minha vida: o social, o esportivo, o sonhador... Sem ela, não me vejo tendo metade do foco que tenho, hoje, nos meus projetos pessoais e por isso sou tão grato a ela... Por ela ser, acima de tudo, a melhor parceira que eu poderia querer. Poderia descrever por vários parágrafos e linhas todo o apoio que ela me dá desde nos livros, filmes, séries e exposições culturais que consumimos juntos, no incentivo que ela me dá em cada projeto louco que invento de me empenhar, mas acho que isso seria chover no molhado, seria tentar açucarar um bolo que já é tão deliciosamente doce. Eu a amo, principalmente, pelo que ela é, mas não posso negar que a amo ainda mais, por tudo que ela me traz e faz!

Hoje fazem 500 dias que eu tive a melhor idéia da minha vida. Hoje fazem 500 dias que estou com ela. Poderia enumerar dia a dia do que aconteceu, ou pelo menos as 72 semanas, se minha memória não for tão boa. Temos fotos, lembranças e muito mais que nos fazem recordar desses momentos felizes. Tivemos brigas e desavenças sim, como todos dois seres humanos tem em qualquer nível de relacionamento e convívio tem, mais acima de tudo tivemos felicidade. Eu, depois de 21 anos (idade que tinha ao conhecê-La), percebi o que era ser feliz e sei que junto d’Ela posso realizar meus três sonhos de plantar uma árvore, ter um filho e escrever um livro (esse já fiz, graças a Ela); sei que Ela é aquela essência que tantos artistas buscam na minha vida e por isso sou tão feliz, por ter esses 500 dias com Ela. E que venham mais... Muito mais. Muito mais dias cheios de Bacon! Obrigado Bê, pelos 500 dias mais felizes da minha vida.

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