terça-feira, 28 de setembro de 2010

Maria Crítica, Minha Cítrica

Toda recalcada
Detém uma língua bastante afiada;
Aprendeu a repelir qualquer aproximação,
Temendo a soma de mais um arranhão,
Numa alma cansada de ter a confiança machucada.

Se me recordo bem,
Na nossa primeira conversa,
O que prevaleceu foram opiniões diversas,
E ao final de farpas e olhares de nojo,
Restou um rancor consistente.

Sem sabermos, éramos (a ainda somos),
Opostos de signo e ascendentes,
Dos signos mais desconfiados, carentes e apaixonados:
Eu, câncer, não cedia minha concha,
Ela, capricórnio, apontava seu corno como uma lança,
Cada qual se protegia como podia,
E por isso acabamos batendo de frente,
Olhando para outro amarguradamente.

Já que tínhamos algo em comum,
Que não iríamos abrir mão de jeito nenhum,
O tempo foi o melhor remédio para mostrar,
Que nossa discordância,
Na verdade podia era uma grande semelhança.

Seu ascendente era meu signo, e vice-versa,
Talvez por isso, que a cada nova conversa,
Começávamos a nos dar tão bem.

Isso porque Maria Resende,
Tinha aquele seu tom crítico,
Que somado ao seu sorriso cítrico,
Azedo para quem não aprecia,
Refrescante para quem compreende,
Cada vez mais se tornou necessária no meu dia-a-dia.

Foi assim que cada vez mais,
Fui sendo cativado a entender o jeito ela sorria,
Um sorriso digno do nome Maria;
Daqueles tímidos e aprochegados;
Sem perceber, nós, que antes víamos no outro o oposto,
Descobrimos ter quase o mesmo gosto.

E eu que sempre quis ter uma Maria,
Pra chamar de ‘Minha Maria’,
Hoje tenho uma amiga,
Muito melhor que todas e qualquer outra Maria famosa.

A minha é de toda amorosa,
Uma amiga meio receosa, cítrica do seu jeito de ser,
Da formar como aprendi a amar e proteger;
Dona de um coração deveras raro de encontrar,
E mais ainda de não se apaixonar,
É uma amiga grande amiga pra todas as horas,
Uma das únicas que nunca vou deixar ir embora.

Bruno M. Tôp

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